Domingo, 22 de dezembro de 2024

Postado às 09h30 | 06 Mai 2024 | redação Ufersa avalia uso de extrato de própolis no controle da acidose em ruminantes

Crédito da foto: Eduardo Mendonça/Assecom/Ufersa Professor Dorgival Morais expõe extrato da própolis verde utilidade na pesquisa

Uma pesquisa com ovinos está sendo desenvolvida pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), com a finalidade de diminuir os efeitos da acidose, doença que acomete os animais ruminantes em confinamento. A pesquisa consiste na substituição do antibiótico Salinomicina por um aditivo natural a base de extrato de própolis verde, extraído da jurema preta, planta nativa da caatinga.

O trabalho vem sendo realizado pelo Núcleo de Ensino e Pesquisa de Pequenos Ruminantes, do Centro de Ciências Agrárias (Nepper/CCA), com a pesquisa da doutoranda Natália Ingrid de Souto da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. A doutoranda explica que a salinomicina é o antibiótico comercialmente utilizado no combate da acidose em ruminantes e o estudo realizado na Ufersa visa à substituição do antibiótico (químico) por um aditivo fitogênico (natural), oriundo da resina que as abelhas coletam dos brotos da jurema preta.

“Essa substância tem função antimicrobiana”, explica a pesquisadora. Natália acrescentando que o trabalho compara os resultados dos tratamentos obtidos com a utilização dos dois aditivos (extrato de própolis ou Salinomicina) e sem nenhum deles. “Obtendo um resultado semelhante ou até melhor, vamos conseguir reduzir a utilização de antibióticos na alimentação dos animais ruminantes, o que é bastante positivo uma vez que os antibióticos podem acarretar resistência microbiana, o que não é bem visto pela saúde única (humana e animal)”, frisa a doutoranda.

O estudo vai verificar se o aditivo natural tem a mesma capacidade de reduzir alguns distúrbios metabólicos verificados em animais quando confinados. A acidose é causada pela substituição da alimentação dos animais que ao entrar em confinamento para engorda e ganho de peso passam a consumir grãos, o que acarreta mais fermentação aumentando a quantidade de bactérias no estômago dos animais e provocando a acidose. “Buscamos uma alternativa para a substituição do uso de antibióticos”, ratifica Natália.

Ao todo, 21 animais estão sendo submetidos ao tratamento, distribuídos em três grupos com cada um, com 7 animais.  No grupo 1, os animais são alimentados com a dieta padrão do confinamento; no grupo 2, dieta padrão do confinamento acrescida do antibiótico Salinomicina e, no grupo 3, dieta padrão do confinamento acrescida de extrato de própolis. Os animais são alimentados duas vezes ao dia com uma dieta rica em grãos. Os animais são pesados a cada 14 dias com o acompanhamento do comportamento digestivo e coleta de sangue para analisar o nível de acidose. O trabalho foi iniciado em fevereiro e tem previsão de conclusão dentro de dois meses.

Ao todo, a pesquisa envolve 21 ovinos confinados distribuídos em grupos de 7 animais/Foto: Assecom

A pesquisa de doutoramento é coordenada pelo professor Dorgival Morais de Lima Júnior, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA), da Ufersa, que almeja resultados satisfatórios. “Quando desenhamos uma pesquisa trabalhamos com uma hipótese e, vamos testá-la. É isso que estamos fazendo. Essa pesquisa é importante para responder algumas perguntas que são importantes para os criadores do semiárido nordestino”, justificou o professor.

Outro ponto levantado pelo professor Dorgival Júnior é encontrar alternativas não convencionais, no caso o extrato de própolis, integrando outras cadeias produtivas,  como a ovinocultura e a apicultura. “Vamos ter um produto gerado na apicultura que poderá ser aplicado na ovinocultura. Essa integração é de extrema importância, principalmente, para os agricultores que desenvolvem suas atividades em sistemas semiáridos que dependem da diversidade para continuar existindo”, pontua o professor.

Equipe do Nepper sob a coordenação do professor Dorgival Júnior/Foto: Assecom

NEPPER 

Atualmente, o Núcleo de Ensino e Pesquisa de Pequenos Ruminantes, do Centro de Ciências Agrárias da Ufersa envolve 21 estudantes, entre discentes de graduação em zootecnia, iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado. Para o professor Dorgival Júnior é espaço essencial para o aperfeiçoamento dos discentes formados pela Universidade.

“Aqui, além da prática, se aprende a convivência num ambiente de pesquisa e capacitação. É neste ambiente que a Universidade cumpre o seu papel que é formar recursos humanos para pesquisar e aplicar metodologia científica”, afirma o professor.

Dorgival Júnior ressalta ainda a função social do Nepper, principalmente, para os ovinocultores e caprinocultores da região. “Um espaço que gera ciência e valida novas tecnologias para os pequenos produtores”, concluiu.

Fonte: Ufersa

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