Por Edinaldo Moreno / Jornal de Fato
A Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) recebeu mais uma patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPE) pela invenção desenvolvida por pesquisadores da instituição. A carta de outorga veio pela proposta de um tijolo ecológico desenvolvido a partir de resíduos da construção civil.
A estudante de Ciência e Tecnologia Walknelly de Freitas Rêgo apresentou a solução. Ela mora em Apodi e faz CeT no campus de Caraúbas e explicou que via em casa o seu pai desenvolver um protótipo de tijolo construído do reaproveitamento de materiais como papelão, o pó de serraria, água e gesso.
“Meu pai mais de 20 anos atrás trabalhava na construção da barragem de Santa Cruz. Ele trabalhava como auxiliar de eletricista e via diretamente a questão da quebradeira de tijolo para poder colocar os conduítes, caixa de energia. Pensando nisso e em questão da sustentabilidade de utilizar os recicláveis pensou no modelo do projeto do tijolo”, iniciou Walknelly.
“Com os anos ele foi produzindo esse tijolo em casa e tentando patrocinadores para apoiar a ideia para fazer testes e nunca tinha conseguido esse reconhecimento, mas entrei em CeT (Ciência e Tecnologia) e resolvi utilizar o tijolo como meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso)”, completou.
A ideia que surgiu inicialmente na casa de Walknelly, foi aprimorada no seu TCC e depois expandida a fim de ser patenteada. Uma trajetória que ela comemora com orgulho. “Utilizando o projeto para o meu TCC de CeT, juntamente com as minhas orientadoras Rose e Rejane, conseguimos dar ao projeto a comprovação de eficácia que necessitava e, com tudo isso, em contato com o professor Fabrício, conseguimos patentear o projeto pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). Entregar essa carta de patente para o meu pai foi surreal de bom, pois vi a emoção dele e percebi o entusiasmo voltando”.
A ideia foi desenvolvida na universidade sob a orientação de pesquisa das professoras Rosilda Sousa Santos e Rejane Ramos Dantas. Com a patente, a nova utilidade dada a esses insumos, que antes seriam descartados, gera possibilidades de um tijolo mais barato e de fácil manuseio.
De acordo com a professora Rosilda, o projeto se destaca pela inovação e contribuição à sociedade. “Ele promove a sustentabilidade na construção civil ao reduzir resíduos e custos, enquanto acelera os processos de construção e oferece soluções práticas como a incorporação de espaços para instalações elétricas”, diz ela.
Como é feito o tijolo ecológico
A estudante de CeT Walknelly Rêgo explica que o tijolo ecológico é feito de pó de serraria, papelão, água e gesso. Ela destaca que até o momento só produziu o material de forma caseira.
Ela destaca que o molde foi construído por Walkey Rêgo, pai de Walknelly. “Ele fez o tamanho, que é justamente o tamanho do tijolo de oito furos, o convencional utilizado nas construções civis”. E continua: “A gente faz a mistura, tritura o papelão no liquidificador mesmo, realmente caseiro o processo”, ressaltou a apodiense.
A aluna de CeT disse que levou o tijolo ecológico para fazer testes de tração e compressão na Universidade de Campina Grande, na Paraíba. “Lá a gente teve a comprovação da eficiência do tijolo que foi utilizado no meu TCC”, finalizou.
Estudante procura patrocinadores para projeto do tijolo ecológico
A estudante de Ciência e Tecnologia Walknelly contou à reportagem do JORNAL DE FATO que no momento está procurando empresas que tenham interesse em apoiar o projeto do tijolo ecológico.
“Estamos agora nesse momento conversando sobre isso e formando uma apresentação do tijolo para tentarmos patrocinadores, empresas que tenham interesse em colocar o projeto para frente”, disse.
A aluna da Ufersa ressaltou ainda que com a patente pretende evoluir o projeto. “Eu pretendo evoluir mais e mais e fazer o meu TCC da área de engenharia, que estou entrando na área de engenharia de produção e dando mais e mais visibilidade para ele e também eficiência”, salienta.
“Cada vez que vou aprimorando, cada vez mais vou fazendo mais testes. A gente pretende colocar para frente, principalmente porque atualmente a gente tem se ligado mais e mais com a questão da sustentabilidade ambiental para cuidar do nosso meio ambiente”, concluiu.
De acordo com o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPE), a patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.
Com este direito, o inventor ou o detentor da patente tem o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar produto objeto de sua patente e/ ou processo ou produto obtido diretamente por processo por ele patenteado. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente.
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