Por Edinaldo Moreno - Jornal de Fato
Levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e publicado pelo UOL nesta semana mostra que Mossoró está entre os 100 municípios brasileiros que não recebem chuva há pelo menos 70 dias, ou seja, mais de dois meses, sendo que mais de 40 cidades estão em período de seca há mais de cinco meses.
De acordo com INMET, Mossoró completou na última sexta-feira (20) o total de 78 dias consecutivos em 2024 sem o registro de chuva. O número deixa Mossoró como o município do Rio Grande do Norte há mais tempo sem precipitações registradas no período.
Outras duas cidades potiguares, segundo as estações meteorológicas localizadas no estado, estão com registros de alta no número de dias sem chuva. Caicó completou na última sexta-feira 73 dias consecutivos sem chuvas. Já Apodi vem na sequência, com 53 dias sem o registro de chuvas.
A publicação destaca que a combinação de altas temperaturas e baixa umidade provoca o tempo seco que tem agravado nas últimas semanas em diversas partes do país e impede que a chuva chegue a centenas de cidades brasileiras.
“Esse período do ano, principalmente entre os meses de setembro até novembro, é comum não chover aqui no Nordeste. Tanto litoral como interior do estado chove muito pouco. A média nessa época do ano gira em torno de 5 a 10 milímetros. Isso é insuficiente para mudar o cenário”, disse à reportagem do JORNAL DE FATO o chefe da unidade de Meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot.
Ele acrescenta que neste ano está sendo observado que praticamente todos os municípios, tanto no litoral como no interior, não estão ocorrendo chuvas, mesmo aquelas precipitações fracas que deveriam ocorrer neste período do ano.
“Agosto foi muito seco e setembro está se comportando da mesma forma, a não ser alguns municípios aqui do Litoral Leste, na região da grande Natal, que tem acontecido chuvas, mas chuvas com valores variando entre um milímetro e meio a dois milímetros, sem muito significado na questão de volume”, explica.
FALTA DE CHUVA
Gilmar Bristot informa ainda que a falta de chuva é devido a não existir sistemas meteorológicos que atuam no Nordeste durante esse período do ano.
“Os sistemas meteorológicos que atuam aqui no estado são a zona de convergência, entre o período de fevereiro e maio, e os sistemas leste, que atuam na faixa leste e agreste no período de abril até agosto. Nesse período de setembro até novembro temos a intensificação do Centro de Alta Pressão do Atlântico Sul fazendo com que os ventos cheguem com mais intensidade aqui no Nordeste, dificultando assim a formação de chuvas. A tendência é continuar esse comportamento. No primeiro semestre, período mais úmido e o segundo semestre, um período mais seco”.
Outro problema destacado pelo chefe da unidade de Meteorologia da Emparn nesta época do ano é a baixa umidade relativa do ar registrada, sobretudo, no interior potiguar. Ela pode ficar abaixo de 20%.
“Essa época do ano que não chove, e dependendo das condições climáticas, como comportamento dos oceanos, temos alguns fatores mais intensificados, como a questão da baixa umidade relativa do ar que atinge praticamente todos os municípios do interior do estado, mantendo uma umidade em torno de 40% em alguns momentos do dia. Em algumas localidades essa umidade pode ficar abaixo de 20%, como já aconteceu na região do Alto Oeste”.
Minas Gerais concentra o maior número de municípios sem chuva
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) destaca que entre as cerca de 410 estações meteorológicas automáticas da rede do órgão, aproximadamente, 20 % dessas (85) estão há mais de 100 dias consecutivos sem chuva. Dessas, mais de 55 estão há mais de 140 dias sem chuva. Com destaque para os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso, Bahia e Piauí.
Minas Gerais concentra o maior número de cidades que sofrem com a falta de precipitação, segundo o levantamento publicado pelo UOL. De acordo com a publicação, são oito dos dez municípios há mais tempo sem chuvas. Entre as capitais, Belo Horizonte lidera a lista.
O portal nacional ressalta ainda que cidade há mais tempo sem chuva deve permanecer seca. O município mineiro de Pompéu não tem previsão de chuva até o começo da próxima semana, segundo o Inmet. A cidade estava há 169 dias consecutivos sem chuva.
Segundo o Inmet, Belo Horizonte não deve receber chuva até pelo menos a próxima segunda-feira (23), quando deve atingir a máxima de 33ºC. Já Brasília tinha previsão de névoa seca. Com máxima de 33ºC para este domingo (22). A capital registrará mínima entre 18 e 19ºC entre o fim desta semana e o começo da semana que vem.
Emparn já analisa condições de chuva para o próximo período chuvoso
A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) já está analisando as condições de chuva para o próximo período chuvoso. A informação é do chefe da unidade de meteorologia, Gilmar Bristot.
O período chuvoso ocorre, climatologicamente, nos meses de verão e outono. Por outro lado, na faixa leste, o período chuvoso ocorre nos meses de outono e inverno. De acordo com o INMET, apenas no fim do ano (a partir de dezembro) e no inicio de 2025 deverá ter início o próximo período chuvoso no inteiro do Rio Grande do Norte.
Gilmar Bristot destaca que normalmente ocorrem algumas chuvas começando no fim do mês de dezembro, o que é classificada como “pré-estação chuvosa”, que atingem os meses de dezembro a fevereiro.
“Essas chuvas de pré-estação são ocasionadas por sistemas meteorológicos transientes, como resto das frentes frias, sistema de brisa, que atua mais na faixa litorânea, e também os vórtices ciclônicos de ar superior, que são configurações ciclônicas e trazem umidade tanto da Amazônia como das frentes frias e causam instabilidade neste período”.
Gilmar Britot lembra que esses sistemas são de curta duração e com difícil previsibilidade. “A gente não consegue identificar numa previsão climática se teremos atuação ou não desses sistemas meteorológicos no Nordeste no período de dezembro a fevereiro. Tem que acompanhar a previsão semanalmente”, frisou o chefe da unidade ressaltando que por esse motivo não se observar uma previsão de retorno das chuvas na região.
O chefe da unidade de meteorologia traz uma boa notícia. “A boa notícia é que nós vamos iniciar 2025 com o Fenômeno La Niña. Até onde o Fenômeno vai atuar e influenciar nas chuvas aqui no Nordeste no próximo ano a gente ainda não tem uma certeza exatamente por conta do Oceano Atlântico. Ele interfere de forma direta nas chuvas aqui do Nordeste”, salientou.
RANKING ONDE ESTÁ HÁ MAIS TEMPO SEM CHOVER (Até a última quinta-feira, 19)
Pompéu (MG), 169 dias sem chuva
Montalvânia (MG), 167
Januária (MG), 166
Montes Claros (MG), 166
Araguaçu (TO), 163
Arinos (MG), 163
Mocambinho (MG) 162
Pires Do Rio (GO), 162
São Romão (MG), 162
Dores Do Indaiá (MG), 160
Posse (GO), 160
Unaí (MG), 160
Cristalina (GO), 159
Paracatu (MG), 159
Águas Emendadas (DF), 158
Uberaba (MG), 158
Nova Maringá (MT), 157
Paranoá (DF), 157
Alto Paraíso De Goiás (GO), 155
Buritis (MG), 155
Cassilândia (MS), 155
Jataí (GO), 154
Belo Horizonte, 153
Caiapônia (GO), 153
Catalão (GO), 153
Cuiabá, 153
Florestal (MG), 153
Mateiros (TO), 153
Mineiros (GO), 153
Ouro Branco (MG), 153
Patrocínio (MG), 153
Sete Lagoas (MG), 153
Formosa (GO), 152
Gilbués (PI), 152
Nova Xavantina (MT), 152
Taguatinga (TO), 152
Uberlândia (MG), 152
Água Boa (MT), 151
Goiás (Goiás Velho - GO), 151
Querência (MT), 150
Sorriso (MT), 150
Brasília, 149
Ibirité (MG), 149
Ipameri (GO), 149
Pirenópolis (GO), 149
Barra (BA), 147
Goiânia, 147
Rio Verde (GO), 146
Tangará Da Serra (MT), 146
Formoso Do Araguaia (TO), 145
Irecê (BA), 145
São Miguel Do Araguaia (GO), 145
Gurupi (TO), 144
Paranã (TO), 144
Barreiras (BA), 143
Goianésia (GO), 141
Luiz Eduardo Magalhães (BA), 141
Porangatu (GO), 140
Sinop (MT), 138
João Pinheiro (MG), 135
Almas (TO), 134
Pirapora (MG), 133
Alvorada Do Gurguéia (PI), 127
Peixe (TO), 127
Alto Parnaíba (MA), 126
Lagoa Da Confusão (TO), 124
Padre Ricardo Remetter (MT), 124
Diamantino (MT), 123
Palmas, 122
Rosário Oeste (MT), 122
Corrente (PI), 121
Porto Nacional (TO), 121
Campina Verde (MG), 118
Araxá (MG), 115
Crateús (CE), 115
Divinópolis (MG), 115
Formiga (MG), 115
Lavras (MG), 115
São João Del Rei (MG), 115
Ariranha (SP), 114
Costa Rica (MS), 114
Lins (SP), 114
Passos (MG), 113
Oeiras (PI), 95
Santana Do Araguaia (PA), 94
Guanhães (MG), 88
Araçuaí (MG), 87
Epitaciolândia (AC), 81
Mossoró (RN), 77
Buriticupu (MA), 73
Caxias (MA), 73
Chapadinha (MA), 73
Dom Eliseu (PA), 73
Grajaú (MA), 73
Paragominas (PA), 73
Piripiri (PI), 73
Preguiças (MA), 73
São Gonçalo (PB), 73
Seridó (Caicó, RN), 72
Canto Do Buriti (PI), 70
Fonte: UOL, com dados do INMET
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