NATHAN FIGUEIREDO - Especial para o Jornal de Fato
Em 22 de outubro, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) acolheu uma delegação internacional de pesquisadores, dando início a uma nova fase do projeto de Residência Tecnológica para a mecanização da agricultura familiar em Apodi. A iniciativa, realizada em parceria entre Brasil e China, é liderada pela Uern e pelo Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), com o apoio da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) e do Governo do Estado, e traz perspectivas de desenvolvimento em inovações e intercâmbio acadêmico.
O projeto, iniciado com a instalação de máquinas em propriedades da região de Apodi, busca melhorar a produtividade e a qualidade de vida dos pequenos agricultores locais. De acordo com o professor Francisco de Lima Júnior, da Uern, os próximos passos incluem o desenvolvimento do plano de trabalho específico para cada pesquisador estrangeiro.
“Eles vão acompanhar toda a utilização das máquinas, fazer o levantamento e o registro da produtividade e propor inovações no monitoramento das máquinas. Essa é a parte do trabalho que eu vou acompanhar e onde poderei contribuir”, afirmou o docente, que participou da Summer School 2024 na China Agricultural University, em Pequim, no início do projeto. Vinícius Claudino, outro professor da Uern, está lá neste momento, desenvolvendo pesquisas.
Além dos três pesquisadores já em Apodi – Ni Xindong (China), Mateen Muhammad (Tailândia) e Tola Abraham Arebe (África) – outros dois chineses estão programados para chegar em dezembro. Lima Júnior explica que a dupla enfrentou dificuldades com documentação e passaportes, mas agora está confirmada para se juntar à equipe em breve.
O projeto contempla ainda a possibilidade de enviar estudantes brasileiros para dar continuidade aos estudos na China, tanto no nível de mestrado quanto de doutorado. A perspectiva é que alunos formados em graduação ou mestrado na Uern possam aprofundar a formação na China, fortalecendo a cooperação entre os países. Um estagiário do projeto já manifestou interesse em participar do intercâmbio, e a equipe está viabilizando essa oportunidade.
Lima Júnior também ressaltou que ele e outros professores devem retornar à China para acompanhar a consolidação dos resultados da pesquisa, com a possibilidade de atuação como professores visitantes seniores, o que pode resultar em estadias de um a três meses. “Há essa perspectiva para todos os professores vinculados ao projeto, não apenas eu e o professor Vinícius, mas também colegas da Ufersa e do IFRN”, completou.
Resultados iniciais e impacto na comunidade
Ivone Brilhante, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Apodi, destacou os avanços visíveis na produtividade e na redução de trabalho graças às máquinas instaladas. “Essas máquinas se adaptam perfeitamente às nossas áreas pequenas. O que antes levava o dia inteiro agora é feito em poucas horas”, relatou. A melhoria representa, para muitos agricultores, uma mudança significativa na qualidade de vida e no tempo dedicado ao trabalho.
O professor Hugo Manso, do IFRN, destacou a importância do intercâmbio promovido pelo projeto, que une conhecimento e tecnologia de diferentes culturas. “Estamos diante de um intercâmbio profundo, com estudantes estrangeiros vivendo a realidade do agricultor local. Essa junção de conhecimento entre dois países enriquece o aprendizado e fortalece a cooperação acadêmica e técnica”, declarou.
Ellany Gurgel, Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação da UERN, também ressaltou a relevância da iniciativa para o estado. “Essa é uma ação que fortalece nossas instituições de ensino e oferece uma temática extremamente relevante para o Rio Grande do Norte, que é a agricultura familiar”.
Com novos intercâmbios e avanços previstos para os próximos meses, o projeto de mecanização da agricultura familiar segue promovendo o desenvolvimento rural e consolidando a cooperação internacional, especialmente no Rio Grande do Norte.
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