NATHAN FIGUEIREDO - Especial para o Jornal de Fato
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) apresenta em 2024 uma programação repleta de atividades para celebrar o Mês da Consciência Negra. Com uma agenda que se estende durante todo o mês de novembro, o evento tem como foco a valorização da cultura, resistência e legado do povo negro. Entre as principais atrações culturais está o show do Triângulo Vermelho, que homenageará Milton Nascimento com releituras de suas obras na Praça do Teatro Lauro Monte Filho.
O professor Tobias Arruda, do curso de Jornalismo da Uern e um dos organizadores da programação, destaca que a proposta busca dar visibilidade a elementos políticos de debate e formação, além de ampliar o alcance das atividades. “Nós temos pessoas quilombolas fornecendo oficinas, capoeiristas, e uma rede de afetos e saberes que ultrapassam o círculo acadêmico. A consciência negra tem esse papel político de lutar por direitos ainda obstaculizados. Nosso objetivo é amplificar as ações e diversificar os espaços e os multiplicadores de conhecimento”, afirmou Tobias, que também é chefe do Setor de Relações Étnico-raciais da Universidade.
A programação do Novembro Negro da Universidade foi cuidadosamente estruturada para exibir a riqueza e a diversidade da cultura afro-brasileira. Além de abordar o racismo, o evento prioriza evidenciar o poder e a beleza da cultura negra. Tobias ressalta: “Nossa programação vai além do racismo; queremos mostrar a amplitude e o poder da cultura negra com atividades que incluem mesas-redondas, oficinas, cultos aos orixás, apresentações de música, dança, performances”.
Entre as atividades destacadas, estão as oficinas voltadas para tradições afro-brasileiras, como a confecção de bonecas Abayomi e música negra, sempre com um olhar para o afrofuturismo e para a reinterpretação de tradições em um contexto atual. Para Tobias, essas oficinas e atividades representam mais do que uma homenagem ao passado; elas são um convite ao futuro: “Tradição afro-brasileira também é futuro, é afrofuturismo. Não queremos congelar ou folclorizar tradições; buscamos conectá-las com novas perspectivas”.
Para a reitora Cicília Maia, o evento representa um momento de integração e reflexão, com a participação de diversos setores da Uern, projetos de extensão e da comunidade. “Será um mês repleto de celebrações e reflexões. Ressaltamos também a parceria com o Banco do Nordeste Cultural Mossoró. Muito importante unirmos forças para debater e refletir sobre as lutas e conquistas do povo negro”, afirmou.
A programação, organizada pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DIAAD), é uma oportunidade para ampliar o reconhecimento das culturas e histórias negras. “A iniciativa busca, além de incentivar o reconhecimento e a valorização do povo negro, suas lutas, sua história e sua cultura, também somar, numa ação conjunta e coletiva, os debates e reflexões sobre essa importante pauta para nossa sociedade”, pontuou a professora Eliane Anselmo, titular da DIAAD.
Formação crítica e parceria cultural
Outro destaque é a oficina de Jornalismo Investigativo, organizada em parceria com o Instituto Rei de Fala e grupos jornalísticos como Alma Preta. A proposta inclui o uso de ferramentas de busca e um manual antirracista voltado à formação acadêmica dos alunos de Jornalismo. “Nossa parceria com o Banco do Nordeste Cultural Mossoró foi fundamental para proporcionar acesso gratuito a uma programação diversa e inclusiva. Acreditamos que essa parceria será duradoura e fortalecerá a circulação cultural no Rio Grande do Norte”, pontua Tobias.
A programação abrange ainda mesas-redondas, cultos religiosos, batalhas de rima e performances artísticas, com a expectativa de atrair um público diversificado, composto pela comunidade acadêmica e pela população de Mossoró. Há atrações culturais gratuitas e abertas ao público, em uma programação que reflete a força e a diversidade das tradições afro-brasileiras.
Para Tobias, as celebrações são uma oportunidade de transformar olhares e fortalecer parcerias. “Para os organizadores, a estabilização do Centro Cultural do Banco do Nordeste em Mossoró será um marco para a cultura no estado, promovendo uma agenda constante de atividades. Nosso desejo é que essa parceria dure muitos anos e renda muitos frutos, fortalecendo ainda mais as ações culturais na região”, disse Tobias.
Com uma agenda diversa, o Novembro Negro da Uern se consolida como um espaço de reflexão, celebração e valorização da cultura negra, reforçando a importância da educação e da cultura como ferramentas de transformação social.
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