Quarta-Feira, 22 de janeiro de 2025

Postado às 09h15 | 21 Jan 2025 | redação Aumento do número de doações faz crescer transplante de órgãos no RN

Crédito da foto: Jornal de Fato - arquivo Captação de órgãos no Hospital Regional Tarcísio Maia, em Mossoró

Por Amina Costa - Repórter do Jornal de Fato

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem o maior programa público de transplante do mundo, no qual cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos. Os pacientes transplantados recebem assistência integral e gratuita, que inclui desde exames preparatórios até o acompanhamento pós-operatório e fornecimento de medicamentos.

Ser o maior programa público de transplante do mundo tem como consequência o trabalho de conscientização sobre a doação de órgãos que é feito antes mesmo do diagnóstico de morte encefálica do paciente. Conforme os dados apresentados nesta segunda-feira, 20, pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), o RN registrou um aumento de 45% no número de transplantes de órgãos em 2024, acompanhado por um crescimento significativo nas doações.

Os bons resultados foram atribuídos ao trabalho integrado da Organização de Procura de Órgãos (OPO) e das Comissões Intra-hospitalares para Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). As CIHDOTTs são formadas por profissionais de saúde, que desempenham um papel crucial na organização dos processos e protocolos que viabilizam as doações.

Em Mossoró, o Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) conta com uma CIHDOTT, que entrou em funcionamento em 2016 e, desde então, já realizou 54 captações (até dezembro de 2024). Tathiane Paloschi Assunção, enfermeira da Comissão que atua no HRTM, explica que o trabalho realizado pelos profissionais que atuam na Comissão inicia antes mesmo do diagnóstico de morte encefálica.

“A Cihdott é uma comissão formada por profissionais de multiespecialidades que realiza busca ativa, diariamente, nas unidades de tratamento intensivo por pacientes acometidos de lesão cerebral irreversível. Desse modo, quando se há suspeita de uma Morte Encefálica (ME), nós auxiliamos a equipe médica na realização do protocolo de ME, que vai dar o diagnóstico e, assim, realizamos a entrevista com os familiares em busca da doação”, disse, Tathiane Paloschi Assunção.

A enfermeira informou também que, quando a família aceita realizar a doação, a Cihdott também fica responsável por organizar e planejar, junto com a Central Estadual e a OPO, a logística para a realização da captação de órgãos. “A equipe de captadores sempre vem de Natal ou de outro estado e realiza a captação dos órgãos compatíveis para assim serem enviados ao receptor no seu destino final”, explicou.

De acordo com as informações repassadas pela enfermeira, no ano de 2024, foram realizadas 4 doações efetivas, cujas captações ocorreram no HRTM. Na ocasião, foram captados 8 rins, 4 fígados e 4 córneas. No ano de 2023, esse número foi um pouco maior, sendo 6 doações efetivas, das quais, foram captados 3 corações, 12 rins, 5 fígados e 12 córneas.

“As doações efetivas são aquelas que a família fez a doação e realmente teve a captação. Porque existem casos em que as famílias são solidárias e dão o sim para a doação, mas não há compatibilidade com os pacientes da fila de espera, ou então o paciente doador já possui idade avançada. Há também casos de os exames estarem bons e quando é realizada a cirurgia, no momento de abrir e retirar o órgão, encontrar um órgão que não está em boas condições. Aí os médicos definem que não vai haver captação e ela se torna uma captação não efetiva”, explicou a enfermeira Tathiane Paloschi Assunção.

Ao longo do ano foram realizados 419 transplantes no Rio Grande do Norte

O Rio Grande do Norte registrou um aumento de 45% no número de transplantes de órgãos em 2024. Dados da Central de Transplantes do RN, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), apontam que em 2024 o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou 419 transplantes, sendo 194 de córneas, 165 de medula óssea, 57 de rins e três transplantes cardíacos. Foram registradas também 36 doações de múltiplos órgãos e 133 doações de córneas.

Esses números superam os resultados de 2023, quando foram realizados 289 transplantes, sendo 132 de córneas, 107 de medula, 44 de rins, quatro transplantes cardíacos e dois de pele, além de 28 doações de múltiplos órgãos e tecidos.

Apesar do avanço, a fila de espera por transplantes ainda é uma realidade. Atualmente, 641 pessoas aguardam um transplante de córnea, 379 esperam por um rim e 22 necessitam de um transplante de medula. No momento, não há pacientes aguardando transplantes cardíacos no estado.

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