Levantamento elaborado pelo Sebrae do Rio Grande do Norte destaca os 10 principais exportadores com óleos de petróleo, frutas frescas e algodão (não cardado, não penteado) e tecidos de algodão, com destaque para a produção na região de Mossoró
Por Edinaldo Moreno - Repórter do Jornal de Fato
De 2015 a 2024, a Balança Comercial do Rio Grande do Norte registrou um aumento de mais de 630%. O estudo, com base nos dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, foi elaborado pelo Serviço Brasileiro de Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RN) e publicado recentemente.
O documento apresenta uma análise e um detalhamento do histórico de exportações e importações dos últimos dez anos, revelando, entre outros pontos, um salto no saldo de U$70.239,153 em 2015 para U$518.989.905 em 2024, representando um incremento de 638,89%.
O levantamento mostra que, de forma contínua, as exportações mantiveram uma tendência de alta ao longo dos anos de 2015 a 2024 com algumas oscilações. A gerente da Unidade Gestão Estratégica, Alinne Dantas, destaca o crescimento entre os anos de 2023 e 2024, impulsionados pelo crescimento de fuel oil.
“Destaco o crescimento significativo entre 2023 e 2024, quando houve um salto de 42,55%, passando de US$ 781 milhões para US$ 1,113 bilhão. Esse avanço foi impulsionado principalmente pelo crescimento de 118% nas exportações de fuel oil, que têm apresentado aumento contínuo desde 2018, quando o valor exportado era de US$ 9 milhões, alcançando US$ 558 milhões em 2024”, Alinne Dantas, gerente da UGE”.
EXPORTAÇÕES
Nos últimos 10 anos, 70% das exportações do RN estiveram concentradas em apenas seis países: Países Baixos (Holanda), com 18% do total exportado nesse período; Singapura, com 17%; Estados Unidos, com 16%; Reino Unido e Espanha, ambos com 8%; e Ilhas Virgens (Americanas), com 4%.
O balanço divulgado pelo Sebrae aponta ainda que os três principais países de destino das exportações são Países Baixos – Holanda (U$904.507.632), Singapura (U$851.280.273) e Estados Unidos (U$823.783.308). O item mais exportado para a Holanda foi o melão, que somou US$ 331.911.389, representando 17,28% do total exportado para os Países Baixos. Esses números indicam que há uma diversificação nos produtos exportados para esse mercado, não se concentrando exclusivamente em um único item, embora tenha sido o maior produto exportado.
“Uma das interpretações da análise, no que se refere aos óleos de petróleo, revela que o RN desempenha predominantemente o papel de intermediador. As exportações desse produto apresentam uma diferença positiva significativa de US$ 38,7 milhões e 67,9 milhões de quilogramas líquidos entre os valores atribuídos à UF e aos municípios. Isso indica que empresas domiciliadas no RN estão intermediando exportações de produtos que podem ter origem fora do estado”, explicou Alinne.
Óleos de petróleo (US$ 1.481.675.424 - 29%), melões frescos (US$ 969.149.925 - 19%), melancia fresca (US$ 320.484.571 - 6%) e sal marinho (US$ 232.454.002 - 5%) são os produtos que respondem por 58% da balança comercial do RN no acumulado do período.
IMPORTAÇÕES
A análise registra ainda que o RN possui como principais países importadores a China (U$1.054.735.829), Argentina (U$465.011.481) e Estados Unidos (U$461.843.301) no período de 2015-2024.
Em 2024, a China (U$260.457.644) seguiu liderando as importações para o Estado, sendo o principal produto células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis, seguida pelos Estados Unidos (U$76.271.315) e Suíça (U$44.161.328).
Nos últimos 10 anos, a China foi o principal parceiro comercial do estado, respondendo por 33% do valor total importado nesse período. Outros parceiros relevantes foram a Argentina e os Estados Unidos, ambos com 14% de participação, seguidos pela Espanha (7%), Países Baixos (Holanda) (4%) e Alemanha (3%).
Em 2024, os principais parceiros comerciais permaneceram os mesmos, mas houve a inclusão da Suíça, que se destacou na importação de “Outras gasolinas, exceto para aviação”, produto que começou a ser importado em 2023. A Suíça respondeu por 72,02% desse item, consolidando sua posição como um novo mercado relevante.
Da China, o principal produto importado foi "Células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis", com um acumulado de US$ 427,57 milhões, representando 40,54% das importações feitas pelo País. Em 2024, o padrão se manteve, com o mesmo item liderando as compras e mantendo sua participação percentual, evidenciando a crescente demanda por tecnologias de energia renovável.
Já da Argentina, “Outros trigos e misturas de trigo com centeio, exceto para semeadura” foram o destaque, representando 72,34% do total importado pela Argentina nos últimos 10 anos, reforçando a posição estratégica do país como fornecedor de insumos agrícolas essenciais.
Esses dados revelam uma forte dependência de produtos específicos, como células fotovoltaicas e trigo, o que pode representar riscos econômicos caso ocorram interrupções comerciais com esses parceiros.
Mossoró está entre os principais exportadores do RN
O levantamento elaborado pelo Sebrae do Rio Grande do Norte destaca os 10 principais exportadores com óleos de petróleo, frutas frescas e algodão (não cardado, não penteado) e tecidos de algodão.
De acordo com o estudo, Guamaré lidera o ranking de exportação, com participação de 66,43%. Mossoró vem logo na sequência com percentual de 11,87%. Fecham o top cinco de principais exportadores Natal (4,66%), Baraúna (2,42%) e Pendências (1,90%).
Nos últimos três anos, o Porto de Natal desempenhou um papel fundamental na logística das exportações do Rio Grande do Norte, sendo responsável por 70% do total escoado por via marítima no estado em 2024.
Entre os principais produtos escoados pelo Porto de Natal estão os óleos de petróleo e o gasóleo (óleo diesel), que juntos representaram quase 80% do volume exportado.
Além disso, o terminal potiguar transportou cerca de 1,81% de frutas frescas – o escoamento das frutas produzidas no estado é especialmente realizado pelo porto de Fortaleza.
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