Por Amina Costa - Repórter do Jornal de Fato
Insulina de ação ultrarrápida, a Novorapid é essencial para o tratamento das pessoas com diabetes, já que seus efeitos começam a ser sentidos entre 10 e 20 minutos após a aplicação. Hoje, a maioria das pessoas com diabetes faz o tratamento com o uso associado da insulina Novorapid e da Glargina, que tem um efeito de maior duração no organismo.
Infelizmente, em Mossoró, a distribuição da insulina Novorapid, feita pela Secretaria Municipal de Saúde, não está sendo suficiente para suprir a demanda de mais de 1 mil pessoas com diabetes que recebem o medicamento de forma gratuita. A Associação dos Diabéticos de Mossoró informa que, com o racionamento no número de insulinas está prejudicando o tratamento de muitos pacientes que precisam tomá-la diariamente.
Francisco César, membro da Associação, explicou que, assim como ele, a maioria dos diabéticos de Mossoró faz o uso combinado das duas insulinas e, com a falta constante da Novorapid, eles estão correndo risco de vida. “A insulina Glargina está tendo normalmente, graças a Deus. A outra, que é a insulina Novorapid, está faltando. Ou seja, aquele diabético que toma precisa tomar as duas insulinas para o tratamento da diabetes, quando toma uma e outra não, está correndo risco de vida. As duas, juntas, são essenciais para o tratamento do diabético”, alerta.
O membro da Associação dos Diabéticos de Mossoró relatou que o problema vem acontecendo desde o mês de dezembro. “Desde o mês de dezembro, nós estamos enfrentando problemas com a falta do medicamento. Não é uma falta generalizada, mas quando tem um tipo de insulina, falta outro. A Prefeitura vem comprando uma quantidade mínima que não dá, às vezes, para 25% dos diabéticos. A Prefeitura sabe quantas pessoas precisam da insulina, então por que não compram a quantidade correta?”, questionou.
Devido à pouca quantidade de insulina, a Associação se reúne para garantir que as pessoas com diabetes não fiquem sem tomar a medicação. “O bom da Associação é que existe muita solidariedade entre todos. A gente se junta com aquele que pode, que recebeu sua quantidade toda de insulina. Ele passa uma caneta de insulina para uma pessoa. Aí, quando recebe, devolve. E é aquela rotatividade da associação. Às vezes a gente se junta também para comprar uma fitinha. Hoje, a grande maioria dos diabéticos não tem condição de arcar com o tratamento”, informa.
Francisco César informou que, na quarta-feira, 2, recebeu uma mensagem da coordenação de Saúde, informando que o município recebeu uma pequena remessa da insulina FIASP, que substitui a Novorapid. Foi informado ainda que, com a chegada desse novo lote, seria entregue uma caneta por pessoa. O membro da Associação destacou que, como o número de insulinas está abaixo do ideal, o estoque não deve durar até a próxima semana. “A coordenação já avisou que recebeu uma pequena quantidade. Podemos entender que essa pequena quantidade é ínfima e não vai dar para nada. Eu acredito que na próxima semana já vai faltar novamente, infelizmente, e eu digo com certeza, que não vai dar nem para 30% dos diabéticos”, disse.
Fitas de verificação de glicose estão em falta há 3 meses
Além da insulina Novorapid, os diabéticos de Mossoró também estão há três meses sem receber as fitas de verificação da glicose. Francisco César informou que a Prefeitura deve disponibilizar uma caixa de fitas de verificação por mês. Cada caixa tem 50 fitas e dura, em média, 15 dias, dependendo do uso diário. Ele afirma que, embora seja apenas uma caixa por mês, já ajuda bastante, já que a maioria dos diabéticos de Mossoró é de pessoas humildes.
“A caixa de fita vem com 50 unidades. Eu, por exemplo, tomo insulina de manhã, na hora do almoço e na janta, então toda vez que vou tomar a insulina, eu tenho que verificar. Por isso, eu uso três fitinhas por dia. Tem pessoas que usam mais, tem pessoas que usam menos. Todo mês, quando tem, eu recebo uma, e a outra, eu compro. É essencial que o diabético tenha as suas fitinhas para verificar a sua glicose, para ter uma avaliação da quantidade X que está tomando a sua insulina”, afirma.
Sobre as fitas de verificação, a Associação dos Diabéticos de Mossoró foi informada que a falta se dá devido problemas com a licitação. O argumento é questionado por Francisco César, que aponta falta de preparo e organização da Secretaria de Saúde. “Essas fitas estão em falta desde janeiro. Mas qualquer pessoa de bom senso vai entender que se existe um produto já na iminência de faltar, deveriam ter feito essa licitação ainda em dezembro, para que janeiro chegasse já a ter as fitas de verificação da glicose do diabético. Esse negócio de comprar uma quantidade mínima só faz prejudicar o tratamento do diabético de Mossoró. Isso é uma situação de calamidade pública”, enfatizou.
Francisco César informou que a Associação já acionou o Ministério Público e que está tomando as providências para resolver a situação. Disse ainda que a Associação busca uma reunião com o novo secretário de Saúde para que ele possa entender a necessidade da demanda e dê uma resposta, o quanto antes, sobre a aquisição da quantidade correta de insulinas. “Eles têm o cadastramento todo regularizado, com a documentação toda em dia, então, sabem exatamente a quantidade que precisam comprar”, finalizou.
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