Por Edinaldo Moreno / Jornal de Fato
O Censo Demográfico 2022 identificou no Rio Grande do Norte 285,3 mil de pessoas com deficiência com 2 anos ou mais de idade. O número equivale a 8,8% da população. A nova publicação com dados do Questionário da Amostra do Censo Demográfico 2022, destacando os perfis sociodemográfico e educacional das pessoas com deficiência e daquelas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), publicada pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que Mossoró tem a maior proporção de PCDs entre os municípios potiguares com mais de 100 mil habitantes.
De acordo com o levantamento divulgado nesta sexta-feira (23), Mossoró apresentou o maior percentual com 9,1%. Em números absolutos, são 23.425 pessoas com algum tipo de deficiência residindo na segunda maior cidade do estado, sendo 13.945 mulheres (10%) e 9.930 homens (8,1%). Em seguida aparecem Natal (8,7%), São Gonçalo do Amarante (8,8%) e Parnamirim (6,1%). A capital potiguar registrava 64.300 pessoas com deficiência. O número de homens era de 26.163, enquanto o de mulheres chegava a 38.136.
“Esses resultados evidenciaram diferenças importantes entre os territórios e entre os sexos, com destaque para as mulheres, que apresentaram percentuais mais elevados em todas as localidades analisadas”, destacou o IBGE.
A pesquisa mostrou ainda que o Rio Grande do Norte apresentou percentuais mais elevados de dificuldades funcionais permanentes em comparação com o Brasil em todas as categorias: enxergar (4,8% no RN contra 4,0% no Brasil), ouvir (1,5% contra 1,3%), andar (3,0% contra 2,6%), pegar objetos (1,5% contra 1,4%) e dificuldades mentais (1,7% contra 1,4%). Em relação ao Nordeste, o RN apresentou resultados muito similares ou ligeiramente inferiores, exceto para a limitação mental, cuja taxa no RN (1,7%) superou a média da região (1,6%).
Em Mossoró, esses percentuais de limitação para enxergar e para andar ou subir foram ligeiramente superiores (4,7% e 3,2%, respectivamente), enquanto Parnamirim registrou os menores valores para todas as categorias, especialmente dificuldade para ouvir (0,9%). São Gonçalo do Amarante apresentou a maior proporção de pessoas com dificuldade para enxergar (5,3%).
Para múltiplas dificuldades (2 ou mais), no comparativo nacional, o Rio Grande do Norte apresentou a proporção de 2,3%, com prevalência de deficiência acima da média brasileira de 2,0% e praticamente equivalente ao Nordeste 2,4%. Conforme observado, em Natal, o percentual foi similar, 2,4%. Mossoró apresentou percentual levemente superior na categoria de múltiplas dificuldades, com 2,6%.
Já Parnamirim teve o menor índice (1,5%). Os dados demonstraram que a maioria das pessoas com deficiência relatou apenas uma limitação funcional, embora a proporção de múltiplas dificuldades tenha sido relevante e similar em algumas localidades.
No Rio Grande do Norte, a prevalência de deficiência entre pessoas de 2 anos ou mais (8,8%) foi superior à média nacional (7,3%) e ligeiramente maior que a do Nordeste (8,6%). Observou-se que, em quase todos os recortes por cor ou raça, o RN apresentou valores mais altos do que o Brasil, destacando-se as pessoas pretas (11,2% no RN contra 8,6% no Brasil) e amarelas (11,6% no RN contra 6,6% no Brasil).
Em comparação ao Nordeste, o RN teve valores similares, mas ainda ligeiramente maiores em alguns grupos, indicando maior carga de deficiência em termos proporcionais. Em São Gonçalo do Amarante, a prevalência chegou a 15,4% entre indígenas. Mossoró se destacou com 11,9% entre indígenas e 11,3% entre pretos.
AUTISMO
Mossoró também apresentou os percentuais mais elevados entre os homens relacionados ao autismo. Segundo a pesquisa, o índice foi de 1,9%, superando o registrado em Natal (1,8). Natal se destacou com a maior prevalência (1,4%) relacionada ao autismo, seguida de Mossoró, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante (todas com 1,3%).
O Rio Grande do Norte apresentou, em 2022, uma taxa de 1,1% da população diagnosticada com autismo, levemente inferior à média do Brasil (1,2%) e idêntica à do Nordeste. Em números absolutos, o estado registrou 37.625 pessoas com diagnóstico, com maior proporção entre os homens (1,5%) do que entre as mulheres (0,8%).
Os dados por faixa etária no estado indicaram que a proporção de pessoas com diagnóstico de autismo foi mais elevada entre crianças e adolescentes, com destaque para meninos de 5 a 9 anos (4,2%) e de 0 a 4 anos (3,0%). Entre as meninas, os maiores percentuais também ocorreram nas idades iniciais, mas com valores significativamente mais baixos: 1,3% de 0 a 4 anos e 1,2% de 5 a 9 anos. A prevalência tendeu a diminuir com o avanço da idade em ambos os sexos, mantendo-se abaixo de 1% a partir dos 20 anos.
Número de domicílios com PCDs no RN supera a média nacional
O Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) também mostrou que o Rio Grande do Norte apresentou percentuais de domicílios com pessoas com deficiência superiores à média nacional (21,21% contra 16,84%) e ligeiramente acima da média do Nordeste (20,44%). Esse padrão sugere uma maior prevalência ou identificação de pessoas com deficiência no estado.
Entre os municípios potiguares destacados, Parnamirim tem os menores percentuais em todas as categorias, com 14,93% de domicílios com pessoas com deficiência. Em contrapartida, São Gonçalo do Amarante apresenta o maior percentual de domicílios com adultos e crianças com deficiência (0,79%) e também a maior proporção de residências com apenas crianças com deficiência (1,37%), indicando desafios específicos para políticas públicas locais.
Em Mossoró, o índice de domicílios com adultos ou crianças com deficiência chegou a 20,95%. Já domicílios com adultos e crianças com deficiência era de 0,58, enquanto que de apenas adultos com alguma deficiência era de 19,28. Por fim, apenas crianças com alguma deficiência, o percentual foi de 1,09.
DADOS DE MOSSORÓ
- Número de pessoas e percentual de residentes de 2 anos ou mais de idade, total e pessoas com deficiência, por sexo e grupos de idade
Total: 23.425
Homens: 9.930
Mulheres: 13.495
- Pessoas residentes de 2 anos ou mais de idade, total e pessoas com deficiência, por cor ou raça
Total: 9,1
Branca: 9,0
Preta: 11,3
Amarela: 8,5
Parda: 8,7
Indígena: 11,9
- Percentual de pessoas de 2 anos ou mais de idade com deficiência, por dificuldades funcionais
Enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato: 4,7
Ouvir, mesmo usando aparelhos auditivos: 1,8
Andar ou subir degraus, mesmo usando prótese ou outro aparelho de auxílio: 3,2
Pegar pequenos objetos, como botão ou lápis, ou abrir e fechar tampas de garrafas, mesmo usando aparelho de auxílio: 1,8
Se comunicar, realizar cuidados pessoais, trabalhar ou estudar por causa de alguma limitação nas funções mentais: 1,9
- Número de pessoas e percentual de residentes de 2 anos ou mais de idade com deficiência por quantidade de dificuldades funcionais
1 dificuldade: 16.734
2 ou mais dificuldades: 6.692
- Percentual de domicílios particulares permanentes com pessoas com deficiência
Domicílios com adultos OU crianças com deficiência: 20,95
Domicílios com adultos E crianças com deficiência: 0,58
Apenas adultos com alguma deficiência: 19,28
Apenas crianças com alguma deficiência: 1,09
- População residente, total e percentual, diagnosticada com autismo, por sexo
Total: 3.527
Homens: 2.342
Mulheres: 1.185
Fonte: IBGE – Censo Demográfico
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