A saúde básica do Município vem passando por uma situação complicada desde os últimos meses, devido à falta de investimentos e incentivos. Algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Mossoró apresentam sérios problemas estruturais que prejudicam a produção de trabalho dos funcionários e, consequentemente, no atendimento aos usuários.
A UBS Dr. Joaquim Saldanha, localizada na Estrada da Raiz, é um exemplo de calamidade quando o assunto é estrutura e investimento. De acordo com as informações dos próprios funcionários, faltam salas para que os agentes de saúde possam executar as suas funções e, por esse motivo, algumas reuniões ocorrem na área externa da unidade.
Foto: Marcos Garcia
“A gente tem que fazer as reuniões na parte de fora da unidade, debaixo de uma árvore, porque falta sala para os agentes de saúde. Quando eles não estão visitando as residências dos usuários, não há um local adequado para desenvolver as atividades”, disse um funcionário que preferiu não informar o nome.
O funcionário disse ainda que, além da falta de estrutura física, também é freqüente faltar material para o trabalho. Segundo ele, as fichas de cadastros foram produzidas pelos próprios funcionários, que fizeram uma “cotinha” para pagar as cópias das fichas.
Outro problema acontece com os materiais para trabalho, como medicamentos, luvas e matérias para higienização dos utensílios. “Muitas vezes, chega a faltar luvas, medicamentos e alguns materiais que a gente deve utilizar diariamente nos atendimentos da população local”, disse o funcionário.
Infelizmente, quem mais se prejudica com a falta de estrutura da UBS é a população, que depende dos atendimentos médicos, que também estão comprometidos com a falta do profissional na unidade. A direção da UBS Dr. Joaquim Saldanha informou que os atendimentos médicos deverão ser retomados o mais rápido possível, já que a Secretaria de Saúde já sinalizou a resolução do problema.
Foto: Marcos Garcia
Em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, o JORNAL DE FATO recebeu a informação de que estão sendo realizados trabalhos para buscar recursos, junto ao Ministério da Saúde, para reformar mais UBSs de Mossoró. A assessoria de imprensa da secretaria disse ainda que, dentro do orçamento do Município, é preciso priorizar as unidades que apresentam mais problemas do que as outras.
“A gente não teve tempo nem recurso para reformar todas as UBSs. Foram reformadas ou ampliadas ou construídas 10 unidades. E estamos trabalhando, junto ao Ministério da Saúde, para construir mais duas, reformar outras. Ao todo, são 45 unidades em Mossoró. Muitas, como a unidade do Bom Jesus, estavam caindo na cabeça dos funcionários e pacientes, literalmente. Então, tivemos que priorizar algumas”, informou a assessoria de imprensa da secretaria, explicando que as reformas são obras com recursos do Governo Federal e Município.
A Secretaria de Saúde explicou também sobre a falta de materiais e insumos para que as atividades da UBS sejam executadas de forma plena. “Quanto aos materiais de expediente, às vezes falta uma ou outra coisa, porque a demanda é muito grande, mas temos tentado mantê-las abastecidas”, explicou.
A insegurança também é um problema frequente na UBS da Estrada da Raiz
Além da falta de estrutura física e da recorrente ausência de materiais que deveriam ser utilizados diariamente no atendimento à população, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Mossoró sofrem com a insegurança. Como exemplo, pode ser citada a UBS Dr. Joaquim Saldanha, que fica localizada na Estrada da Raiz, e foi alvo de assaltos duas vezes somente neste ano.
Os funcionários do local explicam que, devido à inexistência de salas apropriadas para as reuniões, elas são realizadas na parte externa da unidade. Essa atitude tem provocado a vulnerabilidade dos funcionários.
“Se nem dentro das unidades nós estamos realmente seguros, imagina na parte externa. Mas, nós nos expomos assim porque não tem alternativa para podermos executar o nosso trabalho direito”, disse o funcionário, que ressaltou a existência de uma Base Integrada Cidadã (BIC), que é um projeto de segurança da atual gestão.
O funcionário ressalta que nos assaltos que aconteceram neste ano, os guardas municipais que ficam na BIC próxima ao local não puderam fazer nada para impedir o ocorrido. “Essa BIC não inibe a atuação dos bandidos, já que eles sabem que os guardas municipais não têm porte de armas e não podem fazer muita coisa pela população. Por isso, nós ficamos vulneráveis à ação dos bandidos, que já invadiram a unidade algumas vezes no ano passado e neste ano”, explicou.
Também existem relatos de assaltos a outras unidades de saúde de Mossoró, o que torna a situação da segurança um caso a ser revisto pelas autoridades do município. Enquanto não existem políticas de combate à violência nas UBSs, os funcionários têm que conviver com os frequentes assaltos e os riscos de trabalhar em locais inseguros.
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