Há pelo menos um ano, o fornecimento de alimentos vinha sendo reduzido
Amina Costa/Da Redação
A saúde pública de Mossoró está um caos e não é de hoje que o JORNAL DE FATO vem ci_noticiasndo os problemas que envolvem as unidades de saúde do Município. O Hospital Municipal São Camilo de Lellis é mais uma unidade que vem sofrendo com a falta de investimentos da atual gestão municipal.
Inaugurado há 47 anos e referência em atendimento psiquiátrico, o Hospital São Camilo, que deve ser totalmente custeado pela Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), vem apresentando dificuldades em manter a alimentação dos pacientes. Os funcionários alegam que o corte no fornecimento da comida começou a ser feito há pelo menos um ano.
“A alimentação já vinha sendo reduzida há pelo menos um ano, quando apenas 30% do que era destinado ao São Camilo foi mantido. Mas, há duas semanas nós atingimos o pior nível de descaso que a unidade já passou e, praticamente, não tínhamos mais comida, uma vez que apenas um fornecedor foi mantido. Chegamos ao ponto de ter apenas soja, arroz e feijão para servir aos pacientes internados”, disse a enfermeira Helena Rebouças.
Helena disse ainda que, durante os 19 anos que trabalha no Hospital São Camilo, nunca tinha visto a unidade atingir uma situação tão crítica. “O São Camilo nunca tinha passado por uma situação tão precária como essa. Já passamos por algumas dificuldades, mas nunca ao ponto de faltar comida para os pacientes”, relatou.
Os funcionários alertam para a importância do Hospital São Camilo, já que ele atende a pacientes provenientes de Mossoró e de outros 65 municípios do Rio Grande do Norte. “Vale destacar a importância que a unidade tem para toda a sociedade do estado, porque nós não atendemos apenas aos pacientes de Mossoró, mas também àqueles que vêm de 65 municípios próximos. Ou seja, nosso trabalho é de bastante relevância para toda a sociedade”, disse o médico psiquiatra João Batista.
O especialista informou ainda que a Secretaria de Saúde ainda não esboçou nenhuma atitude em resolver o problema da unidade, afirmando apenas que não existe verba. “Nós estamos esperando informações da Prefeitura em relação a essa situação. Esperamos que o novo secretário de Saúde se sensibilize com a situação do hospital e tome as providências o mais rápido possível”, disse.
Os problemas que envolvem o Hospital São Camilo não estão relacionados apenas à falta de alimentos, mas também à falta de manutenção. A falta de colchões também tem sido um fato prejudicial aos tratamentos, já que há pelo menos dois anos a PMM não realiza a troca do material.
“Os colchões precisam ser trocados com frequência, mas há dois anos a Prefeitura não faz esse procedimento. Fica complicado receber pacientes, uma vez que não temos colchões suficientes para os leitos”, disse Helena Rebouças.
O Hospital São Camilo já teve 160 leitos para atender a pacientes com problemas mentais, mas, devido à redução nos investimentos, diminuiu para 70 a quantidade de leitos. Os funcionários afirmam que, para atender a novos pacientes, é preciso aguardar até que alguém receba alta e libere a vaga para os casos que aguardam na fila de espera.
Em contato com a Secretaria Municipal de Saúde, a Redação do DE FATO foi informada de que não existe o risco de a unidade fechar. “A unidade está passando por dificuldades, mas não vai fechar”, afirma a assessoria de imprensa da secretaria.
Também foi passada a informação de que o problema com a alimentação dos pacientes deve ser resolvido ainda nesta semana.
“Nesta semana, deve ser resolvida a questão dos alimentos e do material de limpeza”, disse a assessoria.
O psiquiatra João Batista informou que foi formalizada uma denúncia junto ao Ministério Público em relação a essa situação. “Já formalizamos uma denúncia junto ao Ministério Público e estamos aguardando as providências em relação a esse assunto”, disse o médico.
Funcionários realizam ato em prol do Hospital São Camilo
Além das movimentações nas redes sociais em prol do Hospital Municipal São Camilo de Lellis, os funcionários da unidade realizarão na próxima sexta-feira, 21, às 9h, uma movimentação para chamar a atenção da população para o assunto. A unidade sofre com a falta de alimentos e de material de limpeza desde as últimas duas semanas.
O médico João Batista informou que a movimentação que acontecerá em frente à unidade servirá para mostrar à população a real situação do Hospital São Camilo. “Esse ato servirá como uma forma de mostrar aos mossoroenses a situação em que se encontra a unidade, além da importância que ela tem para a sociedade”, disse o psiquiatra.
A enfermeira Helena Rebouças informou à reportagem do JORNAL DE FATO que as campanhas que estão sendo realizadas têm sido a salvação para os pacientes, que chegaram a ficar praticamente sem comida. “Sem dúvida, essas campanhas têm salvado o hospital e nós agradecemos muito a quem se solidariza por essa causa”, informou.
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