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Postado às 12h05 | 05 Mar 2017 | Cesar Santos Jovens estão iniciando vida sexual mais cedo, aponta pesquisa

No Brasil jovens perdem a virgidade aos 13 anos em média

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JORNAL DE FATO

Conforme a pesquisa da "Durex Global Sex Survey", realizada em 2012 por uma marca de preservativos e abrangeu 37 países, a idade em que acontece a primeira relação sexual vem caindo significativamente desde as últimas décadas. Segundo o estudo, no Brasil, os jovens perdem a virgindade aos 13 anos, em média.

A tendência apontada nesse estudo foi retificada pela última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PENSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento feito com 110 mil jovens revelou que 28,7% dos estudantes na faixa etária entre 13 e 15 anos de idade já tiveram relação sexual.

Ainda segundo o levantamento, meninos entre 13 e 15 anos de idade iniciam a vida sexual mais cedo que as meninas na mesma faixa etária. Na maioria das vezes, tanto eles quanto elas não abrem mão do preservativo.

Outros estudos anteriores, como o “Mosaico Brasil”, feito pelo Programa de Estudos em Sexualidade (PROSEX), ligado à Universidade de São Paulo (USP), também apontam essa realidade. Na época, o levantamento mostrou que a iniciação sexual acontecia, em média, na faixa etária dos 13 aos 17. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, feita pelo Ministério da Saúde em anos anteriores, também revelou que 33% das mulheres entrevistadas tinham tido relações sexuais antes dos 15 anos, o triplo do índice apontado na edição anterior, de 1996.

De acordo com especialistas, a idade em que se inicia a vida sexual no Brasil vem baixando porque existe um estímulo muito mais precoce do que há alguns anos. Esse estímulo ocorre, sobretudo, por intermédio da televisão, dos smartphones e da internet.

A estudante D.C.* faz parte dessas estatísticas. Hoje, com 29 anos, ela conta que iniciou sua vida sexual aos 14 anos. A maior motivação foi a curiosidade e a influência de meios externos.

“Via muitas das minhas amigas, da mesma idade que eu ou um pouco mais velhas, todas já com seus namorados e com histórias de sua vida sexual. Então, me sentia ficando para trás, e isso motivou a iniciar minha vida sexual tão cedo. Hoje, me arrependo um pouco, acho que poderia ter esperado um pouco mais, para iniciar minha vida sexual quando estivesse mais preparada”, relata.

Sexualidade precoce expõe jovens a diferentes riscos

A sexualidade precoce deixa os jovens mais expostos a diferentes riscos, como gravidez indesejada ou doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Estudo feito pelo Ministério da Saúde mostrou que pouco mais da metade das pessoas com idade entre 15 e 24 anos fizeram uso do preservativo na primeira relação sexual.

A vendedora J.E.* se incluiu no grupo de jovens que foram mães muito cedo por causa de uma gravidez indesejada. Ela teve sua filha E.L. aos 14 anos e viu sua vida se transformar nos melhores anos de sua juventude.

“Não me arrependo nunca de ter tido minha filha, mas se na época eu tivesse tido um pouco mais de orientação, com certeza eu teria tido mais cuidado, me prevenido mais, para poder ter escolhido o melhor momento para assumir uma responsabilidade como esta, que é criar e educar outra pessoa”, revela.

J.E. conta que abriu mão de muitas coisas em prol de sua filha. “Parei os meus estudos quando terminei o ensino médio. Não que minha filha atrapalhasse, mas fazer uma faculdade com uma criança pequena é mais difícil. Além do mais, eu, que eu queria ter mais tempo para educá-la”, conta.

A vendedora diz que hoje sua filha tem 16 anos e ela busca sempre passar para ela as orientações necessárias para que a sua iniciação sexual seja de forma consciente e responsável.

“Converso com minha filha abertamente sobre sexo e todo e qualquer assunto. Acho que as antigas gerações tinham sexo como um assunto proibido. Procuro mostrar exemplos para que ela possa ter referências e tomar qualquer decisão de forma mais clara”, frisa.

 

(*) Nomes preservados, a pedido das entrevistadas.

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