Maricelio Almeida/DeFato.com
Na manhã do último domingo, 30 de dezembro, o prédio onde funcionou o Jornal Gazeta do Oeste foi demolido. O imóvel estava instalado no cruzamento da Avenida Cunha da Monte com a Rua Frei Miguelinho, Centro de Mossoró.
O local abrigou o Gazeta do Oeste por 38 anos, ao longo de toda a sua história, encerrada em 1º de janeiro de 2016. Em conversa com o Portal DeFato.com, a antiga proprietária do jornal, Maria Emília, comentou a demolição do prédio.
“Eu me senti chocada quando cheguei lá na frente, porque era não só um patrimônio cultural, mas um patrimônio arquitetônico da cidade. Eu entendo como uma omissão da classe política, principalmente da Prefeitura, que poderia ter adquirido o imóvel”, afirmou Maria Emília.
Segundo a ex-proprietária, o prédio poderia ter sido tombado pelo Poder Público, o que evitaria a sua demolição. “Nessas horas o que vale mesmo é o capital, o capitalista não se interessa em preservar a cultura e o patrimônio da cidade”, lamentou.
O prédio foi vendido ao grupo que administra o Parque Elétrico. A previsão é que o espaço seja transformado em um estacionamento. “Eles estão comprando todo aquele quarteirão”, acrescentou Maria Emília.
Pelas redes sociais, jornalistas, ex-funcionários, leitores do extinto Gazeta do Oeste lamentaram a demolição do prédio. Iuska Freire, que atualmente dirige a Agência de Comunicação (AGECOM) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), escreveu:
“Gazeta em ruínas, uma imagem difícil de olhar. Nesse lugar (agora sem paredes e sem vida) tantas vidas foram contadas, carreiras construídas, amizades e sonhos compartilhados. O prédio vai ao chão exatamente três anos após o último dia de expediente (coincidência ingrata). Que triste! Até hoje, os ex-funcionários aguardam que a Justiça libere o pagamento dos direitos trabalhistas”.
O diretor de redação do JORNAL DE FATO, Edilson Damasceno, também se pronunciou, via redes sociais, sobre o ocorrido:
“Um lar para muitos... E como todo lar, um dia acaba, seja por transformação ou por se findar mesmo. No caso da Gazeta, o caso é de transformação mesmo. E quando existe esse fator, o que resta é a essência, a imagem... O passado, para ser mais exato. Entrou para a história. E, em vez de contá-la, a Gazeta passou a fazer parte. Não só de Mossoró, e sim de muitos, assim como eu, passaram por lá e contribuíram, de uma forma ou de outra, para o fortalecimento do jornal. O tempo não permitiu que o impresso permanecesse vivo. Restam agora apenas lembranças. Umas boas e outras nem tanto...”.
O jornalista e ex-funcionário Bruno Soares se somou aos comentários feitos nas redes sociais: “Uma das piores imagens de 2018 é essa: o prédio onde funcionou o jornal Gazeta do Oeste por quase 40 anos resumido em ruínas. Passei seis anos e dois meses aí dentro, aprendi muito e conheci pessoas maravilhosas. Há exatamente três anos, o veículo fechou as portas de uma hora pra outra deixando dezenas de funcionários tristes, desempregados e ainda sem receber seus direitos trabalhistas. ‘Do pó viemos...’”.
Tags: