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Postado às 09h30 | 09 Dez 2019 | Redação Refugiados venezuelanos pedem dinheiro em semáforo

Crédito da foto: Marcos Garcia Família pede dinheiro em semáforo em Mossoró

Amina Costa/Da Redação

A crise socioeconômica e política que a Venezuela sofre desde o ano de 2013 está fazendo que milhares de pessoas abandonem suas casas e busquem outros países para serem seus refúgios. As primeiras cidades a receber os refugiados venezuelanos foram as que fazem fronteira com o país, principalmente as localizadas na região Norte do Brasil.

No entanto, esses refugiados estão se deslocando pelas cidades do país, e Mossoró acolhe, atualmente, 11 famílias que saíram de suas casas devido essa instabilidade ocorrida na Venezuela. Essas famílias foram acolhidas pelo Lar da Criança Pobre, conduzido pela Irmã Ellen, que deu acolhida aos refugiados em um conjunto de casas no bairro Barrocas (zona norte).

A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com uma família de refugiados venezuelanos que estão em Mossoró há 15 dias, onde eles relataram as dificuldades encontradas não apenas por eles, mas por todas as famílias que estão abrigadas em Mossoró. Jonny Nicácio, de 35 anos, saiu da Venezuela há aproximadamente um ano, com sua esposa e cinco filhos.

O refugiado conta que, devido o problema econômico do país, não teve como continuar na Venezuela e decidiu vir, com toda a sua família, para o Brasil. Jonny Nicácio contou ainda que já passou por várias cidades brasileiras, mas que sempre teve dificuldade em encontrar trabalho, por não saber lidar com outra atividade que não seja o campo.

“Eu trabalhava no campo, então só sei fazer isso. Não encontrei trabalho aqui e nas outras cidades que passei, porque não sei fazer outra coisa. As pessoas não querem dar trabalho a uma pessoa que só sabe plantar e cortar. Cheguei a Mossoró há 15 dias e não encontrei emprego”, relatou o refugiado.

 

Na tentativa de garantir a alimentação dele, da mulher e dos cinco filhos, Jonny Nicácio sai todos os dias da casa que foi cedida pelo Lar da Criança Pobre e vai para as ruas de Mossoró pedir dinheiro, alimentos, remédios, roupas e brinquedos para as crianças. A família fica reunida nas proximidades de semáforos e aguarda a boa vontade dos mossoroenses em ajudá-la.

Jonny Nicácio informou que todas as famílias que vivem nesses alojamentos cedidos pela entidade estão nas ruas pedindo dinheiro. Ele disse ainda que, mesmo recebendo um abrigo, precisa pedir dinheiro para garantir a alimentação da família. “Nós só recebemos o abrigo e por isso estamos nas ruas pedindo alimentos e dinheiro”, disse.

De acordo com o refugiado, nessas famílias que estão sendo abrigadas em Mossoró, existem muitos idosos, com idade entre 60 e 70 anos, que também estão nas ruas pedindo dinheiro e alimentos. Ele disse ainda que não sabe quanto tempo vai ficar em Mossoró, já que não tem perspectiva alguma de emprego. Atualmente, Mossoró conta quase 50 refugiados vindos do Norte do país, em busca de abrigo e fugidos da crise venezuelana.

Lar da Criança Pobre esclarece que dá ajuda aos refugiados

De acordo com informações do Lar da Criança Pobre, administrado por Irmã Ellen, em Mossoró os venezuelanos recebem semanalmente um valor fixo para se manterem na cidade. Além da moradia, eles recebem a quantia de R$ 60,00 por adulto e R$ 30,00 por cada criança, de acordo com informações que foram dadas ao blog Passando na Hora.

Os refugiados também não pagam contas de água e luz, desde que mantenham o consumo dentro do limite estipulado pela instituição. Caso as famílias ultrapassem esse consumo máximo permitido, terão de pagar essa diferença. O Lar da Criança Pobre esclareceu ainda que os refugiados não pagam absolutamente nada pela moradia.

Os refugiados também recebem alimentação por parte da instituição, de acordo com as informações repassadas pelo Lar da Criança Pobre para o blog. Esclareceu ainda que os refugiados recebem os alimentos que são fornecidos pelas instituições que fazem doações para a entidade.

As doações são feitas por mossoroenses, supermercados, instituições e pessoas particulares, e algumas vezes os alimentos já chegam quase em cima do dia de vencimento. Nesses casos, a orientação é que se os venezuelanos acharem que a alimentação está inapropriada para o consumo, devolvam os alimentos, para que eles sejam usados no consumo dos animais.

Todos os recursos e doações que são feitas para os venezuelanos são exclusivamente tirados dos recursos do Lar da Criança Pobre de Mossoró, que desde sua fundação se mantém com doações de caridade, dadas por amigos particulares alemães e brasileiros.

Refugiados contam com assistência do desenvolvimento social

Os primeiros venezuelanos começaram a chegar a Mossoró ainda no mês de agosto e estão recebendo, de forma gradativa, assistência médica e social proporcionadas pelo Município. Os venezuelanos recebem assistência médica, odontológica e de enfermagem gratuita dos profissionais da Rede Municipal de Saúde.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Mossoró (PMM), a gerência da Assistência Única de Assistência Social (SUAS) informou que a equipe do Centro de Referência de Assistência Social (CREAS) já fez a abordagem de todas as famílias e que está analisando, junto com o Lar da Criança Pobre, as estratégias para melhor atendê-las. “As famílias estão sendo encaminhadas para consultas médicas, exames e estão tendo o acompanhamento com conselhos tutelares”, informou a assessoria da Prefeitura.

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