A Segunda Unidade Regional de Saúde Pública (II URSAP), por meio do Núcleo de Zoonoses, orienta a população sobre os cuidados que devem ser tomados para coibir que a população de escorpiões cresça. Segundo o órgão, a melhor forma de afastar a possibilidade de acidentes com esse animal é evitar a proliferação nas residências e áreas urbanas.
A morte de uma mulher que residia em Governador Dix-sept Rosado ocasionada por uma picada de jararaca aumenta a preocupação com acidentes com animais peçonhentos no município e na região.
Os Estados e Municípios devem promover a organização de um programa de controle dos animais peçonhentos de importância em saúde, definindo as atribuições e responsabilidades dos setores que compreendem a vigilância em saúde, juntamente com o serviço de controle de zoonoses, núcleos de entomologia e outros centros de referência em animais peçonhentos.
De acordo com a Vigilância à Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), houve o registro de 237 ocorrências de acidentes com escorpiões entre 2018 e 2019 em Mossoró. Em 2019, foram 106 casos contra 131 no ano anterior.
Ainda de acordo com o levantamento, foram registradas 27 ocorrências com serpentes no ano passado ante 26 em 2018. Já com aranhas, o número registrado em 2019 foi maior do que em 2018. No ano passado, houve 56 acidentes contra 50 no ano retrasado.
Um número elevado registrado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) foi de ocorrências de abelhas. Em 2019, houve 499 acidentes ante 449 no ano anterior.
Em contato com o JORNAL DE FATO, a enfermeira/ técnica da vigilância epidemiológica de Mossoró conhecida por “Kalidyjamayra” explica que acidente com escorpião em geral é mais grave nos extremos de idade, em especial nas crianças. Ela ainda diz que em caso de acidente procurar imediatamente o serviço de saúde e não é recomendado fazer a dedetização para afastar os escorpiões.
A enfermeira destaca os cuidados que a população deve tomar. “Limpeza do ambiente, não acúmulo de lixo e entulhos, cuidados com caixas de gorduras e ralos mantendo-os fechados. Cuidado ao calçar sapatos, vistoriar antes. Sacudir roupas antes do uso. Afastar da parede camas e berços. Evitar aberturas (brecha) em portas e janelas. Evitar a presença de baratas no domicílio afasta os escorpiões e uma das formas de evitar baratas é a limpeza”, esclarece Kalidyjamayra. Ela lembra que os escorpiões geralmente procuram as casas em busca de abrigo e alimento.
Segundo estudos, são registrados por ano 100 mil acidentes e quase 200 óbitos decorrentes dos diferentes tipos de envenenamento. No Brasil, onde existem cerca de 160 espécies de escorpiões, as responsáveis pelos acidentes graves pertencem ao gênero Tityus que tem como característica, entre outras, a presença de um espinho sob o ferrão.
O que fazer em caso de acidente escorpiônico
Limpar o local com água e sabão; aplicar compressa morna no local; procurar orientação imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência) e se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde.
O que não fazer em caso de acidente escorpiônico
Não amarrar ou fazer torniquete; não cortar, perfurar ou queimar o local da picada e não dar bebida alcoólica ao acidentado, ou outros líquidos como álcool, gasolina ou querosene, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.
Como prevenir acidentes
“Para controlar a ocorrência de escorpiões, são necessárias medidas como manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar; acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios; limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros (aceiro) das redondezas dos imóveis; eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados; evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões; remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros; rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas e telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques”, disse o médico veterinário Aderson Dantas de Lira, da II Ursap.
Sesap inicia 2020 com situação de abastecimento regular
A Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP-RN) inicia o ano de 2020 com a situação de abastecimento regular após um período critico vivido nacionalmente no abastecimento de soros contra picadas de serpentes e outros animais peçonhentos.
Segundo a pasta, desde julho do ano passado, os hospitais Gisela Trigueiro (Natal), Tarcísio Maia (Mossoró), Regional de Pau dos Ferros (Pau dos Ferros) e Telecina Freitas Fontes (Caicó) receberam a centralização dos soros de forma estratégica. Esses quatros hospitais estão abastecidos e ainda há estoque de retaguarda na Rede de Frio da Unidade Central de Agentes Terapêuticos (UNICAT).
A Sesap diz que continua realizando o monitoramento diário dos estoques de soros e orientando os profissionais de saúde para que cumpram rigorosamente os protocolos de prescrição dos soros, estabelecidos pelo Ministério da Saúde, evitando o desperdício.
Segundo a subcoordenadora de Vigilância Ambiental da Sesap, Aline Rocha, o Ministério da Saúde é responsável por comprar e distribuir o soro para os Estados. “A distribuição dos soros ainda permanece limitada. Atualmente, a incidência de acidentes ofídicos vem reduzindo devido à estação do ano e atrelado a isso, a utilização do soro diminuiu, o que nos permite vivenciar um período um pouco mais confortável.” A subcoordenadora reforça a necessidade de buscar um serviço hospitalar em caso de acidentes por serpentes.
Para esclarecer dúvidas e orientar a população e os profissionais de saúde quanto aos casos de acidentes por animais peçonhentos, a Sesap disponibiliza um serviço de plantão 24 horas. O Centro de Assistência Toxicológica do RN (CEATOX) funciona por meio dos números telefônicos 0800 281-7005 / 3232-4295 / 98803-4140 (WhatsApp).
Prevenção de acidentes com peçonhentos
- Evite acúmulo de lixo ou entulhos que possam atrair ratos (um dos principais alimentos das serpentes) ou outros pequenos animais;
- Não coloque as mãos desprotegidas em buracos e cupinzeiros, folhas secas, monte de lixo, lenha, palhas etc.;
- Use luvas de couro ao manejar locais onde as serpentes possam estar presentes, como matas, tocas, troncos e lenhas árvores;
- Use sapatos fechados de cano alto ao andar e caminhar na mata ou entre folhas secas;
- No amanhecer e no entardecer, evite se aproximar da vegetação perto do chão, como gramados e jardins, pois é nesse momento que as serpentes estão em maior atividade.
Em caso de acidentes, deve-se:
- Manter o paciente deitado;
- Lavar o local da picada apenas com água e sabão;
- Procurar o serviço de saúde mais próximo;
- Informar ao profissional médico o máximo possível de características do animal, tais como: tipo, cor e tamanho. Isso ajudará no tratamento, já que o soro antiofídico é específico para cada tipo de envenenamento.
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