Edinaldo Moreno/Da Redação
A professora e pesquisadora Débora Façanha, dos cursos de Zootecnia e Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), está denunciando a morte de animais no Campus Central da instituição, em Mossoró. Mostrando-se bastante preocupada com a situação, ela afirma que desde o último domingo, 8, até o fechamento dessa reportagem, 11 animais ovinos da raça Morada Nova morreram. Os animais passaram na manhã desta sexta-feira, 13, por uma necropsia para identificar o que causou a morte.
O problema é registrado no núcleo de estudos e pesquisas em pequenos ruminantes, que abriga os animais do Núcleo de geração e transferência de tecnologia em produção animal do semiárido(NUTESA), vinculado ao centro de Ciências agrárias da Ufersa.
A professora desconfia que os casos possam ser de clostridiose, termo genérico usado para doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium, que provocam lesões nos órgãos e tecidos dos animais e levam até a morte.
Se o diagnóstico confirmar que são casos de clostridiose, existem medidas profiláticas que teriam sido importantíssimas para evitar essa mortalidade, segundo a professora. “A vacinação dos animais é uma das medidas importantes”, diagnostica. Segundo ela, a vacinação sendo feita de forma correta, cumprindo o calendário com a dose inicial e dose de reforço é possível evitar a morte de animais.
“A outra medida importantíssima é a limpeza, a desinfecção e manutenção das instalações porque o costridio é uma bactéria que fica no ambiente. Também é importante a alimentação dos animais, um volumoso de boa qualidade”, afirma.
Débora Façanha afirma que tem registros de que vários animais do setor estavam consumindo um volumoso que ficou dias exposto a chuva e a sol.
Segundo Façanha, esses animais que morreram pertencem a uma raça com risco de extinção. A pesquisadora lamenta que o problema vá prejudicar os alunos e professores, pois vários trabalhos foram perdidos por conta das mortes dos ovinos.
“Nós tivemos os trabalhos perdidos por conta dessa mortalidade. Mortalidade essa que poderia ter sido evitada. No dia 5 de fevereiro cheguei a falar com o técnico responsável e me coloquei à disposição. Tivemos uma reunião, mas as providências não foram tomadas”, denuncia a professora, para afirmar que “algumas vezes alertei de animais que precisavam vir para o hospital e o animal não veio e morreu.”
PREJUÍZOS
Segundo a professora Débora Façanha, além do prejuízo financeiro e do patrimônio público, existe também a questão do respeito com os animais, com o pesquisador e com os estudantes que começaram a desenvolver seus trabalhos. “Esses trabalhos foram perdidos. São muitos prejudicados”, pontuou.
Débora Façanha mostrou onde os animais ficam. Ela criticou a falta de manutenção do local. “As cercas estão danificadas, porteiras estão quebradas. Aqui têm muitos problemas como vocês podem verificar. Para se ter uma ideia, dias atrás um aluno feriu o olho aqui”, disse a professora que ainda informou que o local foi inaugurado há cerca de 11 anos.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Ufersa. Como resposta inicial, a assessoria informou “que todas as medidas administrativas e sanitárias estão sendo tomadas e que os animais estão sendo necropsiados para saber a real causa da morte”.
Saiba mais sobre a clostridiose
Clostridiose é o termo genérico usado para denominar as doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium. As lesões causadas nos órgãos e tecidos dos animais são consequência das toxinas produzidas pelos clostrídios, que agem no local que foram produzidas e/ou em outros sítios do corpo.
As várias enfermidades causadas por esse tipo de microrganismo acometem especialmente bovinos, ovinos e caprinos. Gado de elite com ótimos sistemas de produção estão ligados com a incidência da doença. As clostridioses junto com a raiva e a intoxicação por plantas são umas das causas que mais matam e que mais geram perdas econômicas significativas na pecuária.
Os surtos ocasionados pelas Clostridioses têm fatores correlacionados aos erros de manejo, como a não vacinação de todos os animais, a vacinação com agulhas contaminadas, a suplementação mineral inadequada, a permissão de acesso dos animais a fontes de água e alimentos impróprios para consumo, entre outros. Apesar de existente, o tratamento não costuma ser eficiente devido à rápida evolução das doenças.
A vacinação é a única medida preventiva eficaz contra as Clostridioses. É importante que o produtor se informe e procure vacinar o seu gado com uma vacina de qualidade como a vacina polivalente Starvac, produzida a partir de toxinas e uma bacterina obtidas através das culturas de Clostridium chauvoei; C. botulinum tipo C e tipo D; C. septicum; C. novyi; C. perfringens tipo B, C e D e C. sordelli, inativadas pelo formol e adsorvidas em hidróxido de alumínio gel.
As vacinas polivalentes e de alto padrão surgiram como um modelo para se controlar com eficácia e segurança esse tipo de enfermidade nas diferentes categorias.
Tags: