Por César Santos – JORNAL DE FATO
O governo Lavoisier Maia Sobrinho tinha um projeto de interiorizar o turismo no Rio Grande do Norte, para aproveitar os potenciais de cada região e transformar o turismo em vetor da economia potiguar, além Natal. A ideia era construir hotéis em cidades onde havia atrações, principalmente naturais, para atrair visitantes.
Foi assim que Mossoró recebeu o Hotel Thermas, inaugurado em 12 de janeiro de 1979. Suas piscinas de águas termais eram um grande atrativo. Ao lado, um poço de petróleo em plena via urbana, também chamava a atenção pelo cenário incomum ao semiárido nordestino.
Com 200 mil metros quadrados, localizado entre duas capitais (Natal-RN e Fortaleza-CE), se consolidou como uma das melhores opções de hospedagem e de lazer do Estado, com apartamentos confortáveis e bem equipados, completa infraestrutura, serviços de excelente qualidade e diversas opções de lazer.
Logo o Thermas passou a ser referência. Anos depois, em 1991, como sequência do projeto, o Governo do Estado transferiu o hotel para a gestão privada. Novos investimentos foram feitos elevando o “Planeta Água” a símbolo da atividade turística local e regional. Ganhou ainda mais importância no contexto econômico com o calendário de eventos da cidade, com destaque para o Mossoró Cidade Junina e Terra da Liberdade, em que o hotel passou a ser a “casa dos turistas” de todos o País.
Toda esse potencial turístico-econômico do Thermas Resort, porém, não foi capaz de sobreviver à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que devastou o turismo em todo o planeta. Na noite de quinta-feira, 30, em comunicado à sociedade, a direção do hotel anunciou o fim de suas atividades depois de 40 anos de portas abertas.
“Infelizmente, a pandemia do novo coronavírus tornou-se uma ameaça não só para as pessoas, mas também para a saúde das empresas. O setor de turismo foi um dos mais atingidos pela crise, registrando o fechamento de inúmeros hotéis pelo país”, diz um trecho da nota.
De fato, a Covid-19 faz estragos profundos e o turismo é uma das atividades econômicas mais castigadas. No Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) do setor cairá para R$ 165,5 bilhões em 2020, uma redução de 38,9% no faturamento em relação ao ano passado, conforme estudo feito pela FGV Projetos. No Rio Grande do Norte, estima-se um prejuízo de R$ 500 milhões, comprometendo 50 mil empregos diretos e mais de 200 mil indiretos. No Thermas, foram mais de 200 trabalhadores demitidos.
ATÉ QUANDO?
A direção do resort, em seu comunicado, deixou a esperança de reabrir as portas quando tudo isso passar, no entanto, não será tarefa fácil. O estudo da FGV Projetos estima que o Brasil levará pelo menos um ano para se recuperar na atividade turística. Talvez, e provavelmente, o Thermas seja beneficiado pelo contexto local, uma vez que o calendário turístico de Mossoró será retomado pós pandemia. O Cidade Junina e a Festa da Liberdade, como referências, serão os degraus para quem precisa subir outra vez.
O fato é que Mossoró perdeu um dos seus orgulhos para o inimigo invisível, mas como cidade da resistência, não desistirá de um dia ter de volta o seu PLANETA ÁGUA.
CURIOSIDADE
A construção do Hotel Thermas, em 1979, teve um elemento surpresa. Quando as piscinas estavam sendo abastecidas pela primeira vez, foram inundadas de petróleo. A descoberta inusitada do “ouro negro” marcou o início da exploração de petróleo em terras do Rio Grande do Norte. Este poço continua em funcionamento até hoje na área interna do hotel. Outro poço foi perfurado e cedido pela Petrobras para o fornecimento d'agua.
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