Amina Costa/Da Redação
Os pacientes que passaram pelo procedimento de ostomia estão reclamando da qualidade das bolsas coletoras, que são enviadas, mensalmente, pelo Governo do Estado. Em Mossoró, aproximadamente 200 pacientes estão nesta situação e comentam que, devido à má qualidade das bolsas, elas acabam ferindo a pele e tendo menor durabilidade.
Suely Paiva é voluntária na causa dos ostomizados e é filha de uma paciente que recebe as bolsas, distribuídas pelo Governo Estadual. Ela comenta que as bolsas que estão sendo entregues no momento são de uma marca inferior à que vinha sendo distribuídas para os pacientes de todo o estado. A voluntária comenta ainda que muitos pacientes estão tendo que colocar esparadrapos, porque as bolsas não conseguem se fixar no local adequado.
“A governadora simplesmente fez uma compra das bolsas inadequadas pra todos os pacientes. A maioria dos quase 200 ostimizados de Mossoró e região usam as bolsas da marca Convatec, só que a governadora fez uma compra, de bolsas da marca Coloplast. Essa marca de bolsa é muito enrijecida, o material está ocasionando vários problemas nos pacientes, tá ferindo e as pessoas não tão conseguindo usar. Isso está se transformando num verdadeiro transtorno e muitos já tão começando a usar esparadrapos nos estomas e em crianças a situação é mais complicada”, relata Suely Paiva.
Embora em Mossoró não exista uma associação de ostimizados, existe um grupo de voluntários (a maioria formada por pacientes ou parentes de pacientes), que lutam por esta causa, na cidade. “A gente tem um polo aqui na cidade, que é repassado de Natal para o núcleo de Mossoró. Nós não temos nenhuma associação ainda, mas no Hospital da Polícia tem uma equipe que ficou responsável em receber essas bolsas e repassar pra os ostomizados de Mossoró e região”, esclarece.
Suely Paiva relata ainda que, devido à má fixação das bolsas, a durabilidade delas, que normalmente é de até cinco dias, está sendo de horas. Existem relatos de pacientes que tiveram que trocar a bolsa coletora duas vezes em apenas um dia. Nas crianças, a situação é ainda pior, segundo a voluntária da causa.
“Nós temos uma criança aproximadamente quatro e anos e a mãe está desesperada, porque a bolsa não sustenta no local. Não fica fixada, mesmo colocando a placa brava, que é um creme que ajuda a colar a bolsa. Ela não consegue passar mais do que duas horas com esta bolsa e é um verdadeiro constrangimento. E os outros pacientes estão reclamando muito, por causa da qualidade ruim das bolsas”, relata.
Os pacientes pedem que o governo estadual reveja a qualidade das bolsas coletoras que estão sendo compradas. “Pedimos que a governadora tenha misericórdia dos ostomizados, porque não são animais que utilizam esse tipo de bolsa. São pessoas que já passam por muito preconceito. Nós já procuramos o Governo do Estado e fomos informados que não existe previsão para que sejam compradas as bolsas coletoras da marca Convatec”, relata, Suely Paiva.
Ela lembra ainda sobre o constrangimento e o preconceito que os pacientes sofrem, diariamente, por terem que usar um bolsa coletora. “Eles ficam constrangidos, tem pessoas que entram em depressão, exatamente por não tem uma vida digna. Muitos dele não se aceitam pelo problema da ostomia. Eles acham que ficam fedendo se estiverem nos locais quando as flatulências saem. A bolsa responde, eles se sentem incomodados, achando que as pessoas vão criticá-los”, enfatiza.
Má qualidade das bolsas aumenta risco de contaminação
Uma pessoa ostomizada é quando ela passa por uma cirurgia de abertura alternativa de comunicação com o meio exterior, para a saída de fezes e urina. Estas pessoas precisam usar a bolsa coletora, que é acoplada ao corpo, por meio desta abertura. Quando as bolsas não são higienizadas corretamente ou não tem boa funcionalidade, aumenta o risco de contaminações e infecções nos pacientes.
Isto foi lembrado por Suely Paiva, que é voluntária da causa dos ostomizados de Mossoró e convive com a mãe, que realizou cirurgia de ostomia. Ela comenta que, além das feriadas na pele adquiridas devido à má qualidade das bolsas coletoras, sua mãe e todos os pacientes ostimizados correm o risco da proliferação de bactérias.
Outro ponto abordado pela voluntária é que o número de bolsas distribuídas pelo governo estadual para cada paciente é insuficiente. “Quem fez a ostomia pode chegar a usar até mais 10 bolsas por mês, mesmo quando elas são de boa qualidade. E o governo do estado só repassa 10 bolsas por mês, sem contar que as bolsas que estão sendo enviadas ultimamente não duram nem um mês todo, porque precisam ser trocadas mais vezes, devido à má qualidade do material”, explica.
As bolsas são muito caras e nem todos os pacientes têm condições para comprá-las todos os meses, já que as que estão sendo enviadas não são suficientes. Suely Paiva comenta que as bolsas coletoras de melhor qualidade chegam a custar R$ 80, a unidade. “As bolsas de melhor qualidade têm durabilidade de quatro a cinco dias e os pacientes conseguem se adaptar facilmente à elas. Essas bolsas que o Governo do Estado tem mandado têm o material grosso, é quente e acaba ferindo a pele dos pacientes, muitos ficam com queimaduras”, explica.
Suely Paiva explica ainda que, desde abril do mês passado, foi feito um levantamento apontando quais as necessidades de cada paciente de Mossoró e região, em relação ao tipo de bolsa coletora que deveria ser utilizada. Mesmo com todo este trabalho, o material enviado ainda é aquém do necessitado pelos pacientes.
“Desde abril do ano passado que a gente vem lutando, foi feita campanha, juntamos uma turma com ostomoterapeutas, enfermeiros, especialistas no problema, fizemos uma ação lá no Hospital da Polícia, onde foi avaliado todos os pacientes pra que nós chegássemos a conclusão de que bolsa serviria pra cada um. Tudo isso foi feito aqui e foi encaminhado toda a papelada pra Natal e mesmo assim enviam material de péssima qualidade”, finaliza.
Pacientes pediram a ajuda de vereadores para denunciar problema
A vereadora Aline Couto (PSDB) fez apelo ao Governo do Estado em prol de pacientes ostomizados de Mossoró, durante sessão realizada na última terça-feira, 21, na Câmara Municipal de Mossoró. ela diz ter sido procurada por pacientes ostomizados, que relataram as dificuldades. Lembrou que, em 2019, seu mandato e a Câmara intermediaram solução para eles. Mas, a situação voltou a ficar difícil nas últimas semanas e afeta pessoas de Mossoró e região.
“Só sabe da importância da qualidade das bolsas quem utiliza ou quem tem familiar ou conhecido ostomizado. Além de tudo, há a atual crise sanitária. Fica nosso apelo para que o Governo do Estado socorra pacientes ostomizados e forneça bolsas de melhor qualidade”, reivindica.
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