Considerado o termômetro da construção civil, o cimento teve um aumento de 75% neste período de pandemia da Covid-19. Segundo o Sinduscon, antes o cimento era encontrado por um valor entre R$ 16 e R$ 18. Agora, o construtor precisa pagar até R$ 28
Por Edinaldo Moreno - Repórter do JORNAL DE FATO
O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon Mossoró) mostra preocupação com aumento de preços dos materiais de construção. De acordo com o sindicato, a elevação pode ser sentida no cimento, tijolo, ferragens, parte elétrica, entre outros.
Considerado o termômetro da construção civil, o cimento teve um aumento de 75% neste período de pandemia do novo coronavírus. Segundo o Sinduscon, antes da pandemia, o cimento era encontrado por um valor entre R$ 16 e R$ 18. Agora, o construtor precisa desembolsar até R$ 28 para levar o produto para obra.
O DE FATO indagou o presidente do Sinduscon Mossoró, engenheiro Sérgio Freire, se esse aumento está sendo exagerado para esse momento vivido pelo país, em destaque Mossoró. Segundo ele, pode haver “situações de cartel entre grandes empresas de vários segmentos” e que “isso tem acontecido com essa magnitude de aumentos absurdos, exagerados, de situações de mais de 100% de aumento”.
O presidente do Sinduscon local explica que o isolamento social despertou nas pessoas a necessidade de melhoria dos imóveis através de reparos e reformas, e até mesmo de mudança para imóveis melhores.
“Quem ficou em casa nessa pandemia percebeu a necessidade de, ou de melhoria de sua habitação ou até de dar um upgrade indo para imóveis com uma condição melhor, mais moderno de mais espaço, com mais opções de lazer, já que a pandemia obrigou a quarentena. Essa demanda ela tem acontecido e algumas pessoas que tinham seus sonhos, que tinham deixado de lado, retomaram agora com toda a força”, disse.
Sérgio Freire lembra que o setor foi um dos únicos que não parou durante a pandemia e que esse indicativo acabou gerando um efeito preocupante agora que as atividades começam a voltar ao normal.
“A indústria da construção civil foi uma das únicas que conseguiu manter o patamar de atuação no mercado e aí na contramão, algumas fábricas, ou a maioria, elas paralisaram as atividades. Então, com a construção em andamento os estoques foram se acabando”, frisou.
Além da alta nos produtos, outro fator de preocupação do setor é a escassez desses materiais. O receio é que a alta dos insumos inviabilize a atividade e que algumas obras sejam paralisadas.
“Não só a alta, mas a escassez dos produtos tem sido tema de constantes preocupações. Vários contratos firmados (seja da iniciativa privada, assim como pública) que não são passíveis de reajuste e têm prazo certo para entrega, poderão dificultar o seu cumprimento e trazer sérios prejuízos; No mercado imobiliário, as unidades correm o risco de subirem de preço, em função desses aumentos de insumos, impactando diretamente nas vendas e em novos lançamentos”.
Sérgio Freire acredita que o equilíbrio dos preços virá com o tempo, mas que algo precisa ser feito em um curto espaço de tempo para que a construção civil não seja paralisada.
“Não acredito na paralisação, até porque estamos em um momento em que a necessidade das pessoas em melhorar sua qualidade de vida (leia-se, moradia) foi despertada. A pandemia na verdade tem sido o fator que está impulsionando a demanda, aliada a taxas de juros atrativas e pouca valorização nas aplicações financeiras (ex: poupança 1,4% ao ano). Nesse cenário o investidor tem redirecionado seus recursos, seja para aquisição de imóveis, seja para materialização de novos projetos que antes estavam adormecidos. Isso explica o surgimento de vários centros comerciais na cidade e a elevação na busca de imóveis. Obviamente que a alta de insumos tende a diminuir um pouco os investimentos, no entanto, frente à falta de opções dos investidores e a necessidade de aquisição de moradias melhores, com mais segurança, praticidade e infraestrutura, continuamos a acreditar em um cenário otimista, mas é necessário combater as fortes altas nos preços dos materiais, sob pena de atrapalhar o desenvolvimento e penalizar os que querem e necessitam adquirir novos imóveis e fazer novos investimentos no setor”, finaliza.
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