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Postado às 10h00 | 18 Out 2020 | Redação Mais de 60% dos casos diagnosticados estão sem evidências da doença

Crédito da foto: Ilustração Outubro Rosado trata da questão do câncer de mama

Dados obtidos pelo DE FATO junto à Liga Mossoró de Estudos e Combate ao Câncer (LMECC) mostram que 435 casos de câncer de mama em Mossoró entre os anos de 2015 e 2019 estão sem evidência da doença. O número representa 63% das 691 notificações para a doença na Capital do Oeste.

Ainda de acordo com o levantamento, houve o registro de 15 óbitos no período, o que significa apenas 2% dos casos registrados na cidade. Ainda de acordo com o material, 25 destas notificações tiveram remissão parcial, o que equivale a 4%. Em 53 deles a doença estava estável e 55 em progressão. Nos dois casos, o percentual era de 8%.

A Liga Mossoroense tratou mais de 700 pacientes com câncer de mama nos últimos cinco anos no município. O Mastologista da LMECC, Dr. Dennys Fowler, explica que 90% dos casos de câncer de mama no país quem faz o primeiro diagnóstico são as próprias paciente e que por meio do toque é que muitas vezes a mulher percebe um nódulo endurecido na mama e que em sua grande maioria não causa dor. Esse é um dos sinais que pode indicar a presença do câncer.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que o Rio Grande do Norte deve registrar 1.130 novos casos de câncer de mama em 2020, com cerca de 350 sendo detectados em Natal, capital do estado. Para o Brasil, o número para esse ano é de mais de 66 mil casos registrados, com um risco aproximado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres.

A Vigilância Epidemiológica do estado aponta, em média, 800 casos novos/ano, sendo 250 casos novos/ano apenas no município de Natal, capital do Estado. De 2015 a 2019 foram 1.277 mortes por câncer de mama no RN, sendo 270 no ano de 2019.

O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a 25% dos casos novos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras. O câncer de mama também acomete homens, representando cerca de 1% do total de casos da doença. O risco de um homem desenvolver um tumor mamário é de 1 em 1.000, enquanto nas mulheres é de 1 em 8.

A descoberta do câncer nos homens costuma ser mais tardia, quando o tumor já está grande demais e se espalhou para outras áreas do corpo. Isso pode ser explicado devido ao fato de que as mulheres fazem exames preventivos para rastrear o câncer de mama e os homens não.

DEPOIMENTO

Em seu site, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa) trouxe uma reportagem com a assistente administrativa lotada na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, Elisângela André, que enfrentou e venceu a doença que atinge uma em cada quatro mulheres diagnosticadas com o câncer.

De acordo com a reportagem, a servidora descobriu o câncer de mama em um dos momentos mais especiais na vida de uma mulher que é o da amamentação. Ela disse que se preparava para o retorno ao trabalho quando sentiu um caroço no seio.

“Estava me preparando para o retorno ao trabalho, ordenhando para deixar o leite para a minha segunda filha, na época, com apenas seis meses, quando senti um caroço bem duro no seio. Fui investigar e o diagnóstico foi câncer” recorda.

Elisângela contou que depois do susto encarou o diagnóstico com muita fé em Deus e a certeza que seus planos d”Ele para ela eram os melhores e que a grande motivação para enfrentar a doença esteve sempre centrada nas duas filhas. “O desejo de viver para cuidar delas” resumiu.

Para Elisângela o mais importante, além da fé em Deus, foi estar junto das pessoas amadas e cumprir o tratamento à risca. “É um momento de reflexão sobre a situação e também para se tirar lições positivas” acredita.

Elisângela André conta que durante o tratamento recebeu muito apoio, carinho e mensagens de colegas e amigos do trabalho o que a fez sentir acolhida. Para ela, a Campanha Outubro Rosa tem a sua importância quando propõe uma reflexão sobre o câncer de mama com o intuito da busca pelo diagnóstico precoce, contribuindo, desta forma, para a cura de muitas mulheres.

“A primeira lição aprendida é que vida na terra se assemelha a uma neblina, um sopro. E a segunda lição é que sempre devo ser grata por ter passado por essa experiência” admite. Ela recorda que durante o tratamento conheceu outras mulheres que não sobreviveram ao câncer. “É um momento de reflexão sobre a situação e também para se tirar lições positivas” acredita.

Os sinais e os sintomas do câncer podem variar, e muitas mulheres podem não apresentar nenhum deles. Mesmo assim, é importante reconhecer mudanças na mama, seja na cor, na espessura ou no tamanho. A identificação de quaisquer desses sinais ou sintomas pode ser um sinal de alerta que o médico deverá avaliar.

- Inchaço em parte da mama

- Irritação da pele ou aparecimento de irregularidades, como covinhas ou franzidos, ou que fazem a pele se assemelhar à casca de uma laranja

- Dor no mamilo ou inversão do mamilo (para dentro)

- Vermelhidão ou descamação do mamilo ou pele da mama

- Saída de secreção (que não leite) pelo mamilo

- Caroço nas axilas

 

 Diagnóstico precoce aumenta chance de cura

 

A detecção precoce implica em mais de 90% de chance de cura para o câncer de mama. Ele é o segundo tipo mais comum entre as mulheres. O câncer de mama pode ser detectado em fases iniciais, em grande parte dos casos, aumentando assim a possibilidade de tratamentos menos agressivos e com taxas de sucesso satisfatórias.

O Ministério da Saúde recomenda que a mamografia de rastreamento (exame realizado quando não há sinais nem sintomas suspeitos) seja ofertada para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos, seguindo a orientação da Organização Mundial da Saúde e de países que adotam o rastreamento mamográfico.

O câncer de mama é o tipo que possui a maior incidência e a maior mortalidade na população feminina em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos. É um câncer considerado multifatorial, envolvendo fatores biológico-endócrinos, vida reprodutiva, comportamento e estilo de vida.

O envelhecimento, fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher, história familiar de câncer de mama, alta densidade do tecido mamário (razão entre o tecido glandular e o tecido adiposo da mama) são os mais bem conhecidos fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama. Além desses, o consumo de álcool, excesso de peso, sedentarismo e exposição à radiação ionizante também são considerados agentes potenciais para o desenvolvimento desse câncer.

O QUE É O OUTUBRO ROSA

Outubro Rosa é uma campanha anual realizada mundialmente em outubro, com a intenção de alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama. Ela foi criada em 1990, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Já no Brasil, a campanha foi instituída pela Lei nº 13.733/2018, mas já era desenvolvida desde o final da década de 1990.

A mobilização visa também à disseminação de dados preventivos e ressalta a importância de olhar com atenção para a saúde, além de lutar por direitos como o atendimento médico e o suporte emocional, garantindo um tratamento de qualidade.

A campanha busca provocar reflexões em mulheres e homens acerca da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. A ideia é chamar a atenção para a importância do autocuidado, principalmente neste momento em que os tratamentos nos sistemas de saúde foram prejudicados e ainda estão sendo retomados por conta da pandemia da Covid-19.

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