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Postado às 10h30 | 21 Dez 2020 | Redação Projeto visa fortalecer combate à hanseníase em Mossoró

Crédito da foto: EBC/Arquivo A cidade registrou cerca de mil casos da doença nos últimos cinco anos

Edinaldo Moreno/Da Redação

Pesquisadores vinculados à Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Organização Não-Governamental NHR Brasil estiveram em Mossoró nessa semana para uma visita de campo. O objetivo do grupo foi discutir o enfrentamento da hanseníase na cidade.

A NHR Brasil ofereceu parceria para apoiar o trabalho com doenças negligenciadas em Mossoró a partir de 2021. A entidade funciona como escritório no Brasil da NLR Internacional, instituição fundada em 1967, e apoia o combate à hanseníase e outras doenças negligenciadas em 20 países.

O projeto é articulado pelo médico dermatologista Maurício Nobre, assessor técnico do Programa Global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o controle da hanseníase e tem coordenação de Paula Yuri, Doutora em Saúde Pública e Coordenadora de Projetos na NHR Brasil.

“Foi apresentada a proposta da NHR Brasil para o projeto chamado INTEGRADTNs++ e discutidos o cenário epidemiológico para hanseníase e tuberculose, as possíveis barreiras dos serviços de saúde para promover atenção integral à estas duas doenças e as estratégias gerais de intervenção para Mossoró”, informou Paula Yuri ao DE FATO após ser indagada sobre o que foi discutido.

O projeto propõe ações de campo e pesquisa que serão realizadas com o apoio da Sesap, UFRN e participação de pesquisadores e professores da UERN e UFERSA. O projeto chamado de INTEGRADTN++ vai oferecer assessoria técnica para a gestão municipal nas ações de vigilância e atenção à saúde, além de viabilizar a realização de treinamento para profissionais de saúde.

Paula Yuri também declarou que o projeto pretende realizar ações inovadoras na Capital do Oeste integrando serviço e pesquisa no combate a doença e que a intenção é de trabalhar de forma integrada.

“Esse projeto pretende realizar ações inovadoras integrando o serviço e a pesquisa. A intenção é trabalhar de forma integrada a hanseníase e outras doenças, definidas como negligenciadas. O INTEGRADTNs++ visa principalmente, integrar ações de vigilância e controle dessas doenças, fortalecer a atenção primária à saúde e envolver fortemente as ações de assistência e pesquisa operacional”, enfatizou.

A coordenadora do projeto salientou ainda que já houve as primeiras discussões em outubro passado. O próximo passo é buscar a nova equipe da gestão municipal, que tomará posse no próximo dia 1º de janeiro, para apresentar a ideia para ouvir dos novos gestores sobre o interesse no projeto.

“Já iniciamos as primeiras discussões com a presença da Secretaria Estadual de Saúde Pública - SESAP/RN e em seguida realizamos uma reunião presencial em Mossoró, no mês de outubro, com dois técnicos dos Programas de Controle da Hanseníase e Tuberculose. Nosso próximo passo será buscar a nova equipe da gestão municipal para apresentar o Projeto INTEGRADTNs++ para escutá-los sobre os interesses no projeto e certamente, ouvir suas sugestões”, frisou.

ALCANCE

Paula Yuri também esclareceu que o projeto pretende alcançar as regiões com mais casos de hanseníase, tuberculose, além da Doença de Chagas. O município é endêmico para essa doença, assim como tuberculose. A cidade registrou cerca de mil casos nos últimos cinco anos.

“O projeto pretende alcançar as regiões com mais casos da hanseníase e tuberculose, assim como doença de Chagas e outras doenças negligenciadas. Sem dúvida, grande parte da população dessas áreas poderá ser beneficiada com o projeto”.

“Assim como em várias regiões do Nordeste do Brasil, a hanseníase e a tuberculose são endêmicas em alguns bairros da cidade de Mossoró”, acrescentou.

A coordenadora do projeto salienta ainda que esse trabalho tem um papel muito relevante e que já há adesão da secretaria estadual, da UFRN e em Mossoró já houve conversas com a UERN e Ufersa.

“É fundamentalmente um trabalho que será construído com parcerias. Todos têm um papel muito relevante em todas as etapas do Projeto INTEGRADTNs++. Já temos adesão da SESAP, UFRN e no âmbito do município de Mossoró, já iniciamos as discussões com as Universidades locais (UERN e UFERSA). A nível de gestão municipal, essa parceria pretende envolver a população, integrantes das Secretarias Municipal de Saúde e da Assistência Social”, encerrou.

O QUE É A HANSENÍASE?

A hanseníase é causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. Ela atinge, de forma majoritária, a pele e alguns nervos periféricos. Isso faz com que o paciente perca, por exemplo, a força muscular e a sensibilidade tátil e à dor.

Durante muitos anos a doença foi conhecida como lepra, sendo que seu diagnóstico fazia com que os pacientes fossem vítimas de preconceito, já que ela é crônica e transmissível para outros indivíduos.

TRANSMISSÃO

Acredita-se que a hanseníase seja transmitida por meio do contato com as secreções de um paciente infectado, como a saliva, o muco e até mesmo as lágrimas. Nem todo mundo que entra em contato com a hanseníase desenvolve a doença, sendo que é preciso um período expressivo de contato com a bactéria causadora da doença para desenvolvê-la.

TIPOS

Existem tipos variados de hanseníase, que estão relacionados à forma como o organismo reage ao bacilo causador da doença. Entre esses tipos, podemos destacar: hanseníase tuberculoide, hanseníase vichowiana, hanseníase borderline e hanseníase indeterminada.

TRATAMENTO

O tratamento da hanseníase é feito por meio do uso de medicamentos antibióticos que têm como função matar o bacilo causador da doença. Uma vez que o tratamento é iniciado, em apenas 4 dias a pessoa deixa de ser capaz de transmitir a hanseníase para outros indivíduos.

O uso dos medicamentos costuma ser prolongado, podendo durar mais de um mês, e o tratamento não deve ser interrompido em nenhuma hipótese, já que há o risco de tornar a bactéria resistente aos antibióticos disponíveis no mercado.

SINTOMAS

Entre os principais sintomas da hanseníase, pode-se destacar:

– Surgimento de manchas de cores variadas nas diferentes partes do corpo, que geralmente estão associadas a uma perda de sensibilidade ao toque e à dor, além de terem uma temperatura diferente do resto da pele;
– Sumiço de pelos em certas partes do corpo;
– Suor que para de acontecer nas regiões onde é comum;
– Dormência em partes do corpo;
– Caroços que surgem nas mãos e orelhas;
– Formigamento nas mãos, pés, braços e pernas;
– Inchaços em mãos e pés;
– Feridas que aparecem nos membros;
– Febre;
– Dor nas juntas;
– Sangramentos nasais recorrentes;
– Diminuição da força muscular e
– Ressecamento dos olhos

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