Edinaldo Moreno/Da Redação
Levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas de Mossoró (CDL Mossoró) obtido pelo JORNAL DE FATO aponta que o número de inadimplentes em Mossoró cresceu 503% de janeiro de 2016 a novembro de 2020. Entraram na lista de endividados 98.470 pessoas no período.
De acordo com o balanço, o primeiro mês de 2016 encerrou com 19.569 inadimplentes. Já o mês de novembro do ano passado terminou com 118.039 mossoroenses na lista de devedores. Esse é o maior número de pessoas endividadas nesses cinco anos.
Os primeiros onze meses de 2020 registraram alta de 10% de devedores. Ao todo, 10.932 pessoas entraram no cadastro de devedor nos 11 primeiros meses de 2020. Janeiro registrou 107.107 consumidores inadimplentes. Em fevereiro o número aumentou para 108.445. Já março registrou queda e encerrou com 108.027. Em abril a inadimplência na Capital do Oeste voltou a subir e atingiu 109.396 pessoas.
Em maio a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte passou da marca dos 110 mil endividados. O mês terminou com 110.003 inadimplentes. Em junho teve queda considerável. O número de pessoas com dívidas caiu para 108.856. No entanto, julho encerrou com 111.226.
Agosto subiu para 113.421. Em setembro o número chegou em 116.228. Houve leve aumento em outubro chegando a 116.299 e os atuais 118.039. Vale salientar que os dados de dezembro ainda não haviam sido consolidados até o fechamento desta edição.
O presidente da CDL Mossoró, Wellington Fernandes, comentou que não houve uma queda do número de endividados, mas que teve uma forte redução no crescimento dos endividados, embora não tenha sido o maior limitador das vendas em 2020.
“No aspecto do endividamento, percebemos, através de nossas estatísticas, que não chegamos a uma queda do número de endividados, mas uma forte queda no crescimento do número de endividados em relação aos anos anteriores. Esse número, embora bastante elevado, não foi o maior limitador das vendas neste ano. Tivemos ao longo do ano um aumento de preços e desabastecimento do comércio que, também, impactaram nas vendas, não permitindo que os lojistas atingissem o mesmo patamar de vendas do ano anterior”.
O maior crescimento percentual em um ano foi registrado em 2016. Naquele ano o aumento de endividados saltou de 19.569 para 36.178. Alta de 84%. Porém, o número de pessoas com alguma dívida vem caindo no período. Em 2017, por exemplo, a alta foi de 79%. Em janeiro daquele ano eram 34.773, enquanto que em dezembro eram 62.293.
O índice de endividados no ano de 2018 reduziu para 27% em comparação com o ano anterior. O ano começou com 64.009 pessoas endividadas e terminou com 81.390 inadimplentes. Em 2019 o percentual foi de 25%. Em janeiro havia 83.946 com dívidas, enquanto que dezembro terminou com 105.108.
NOVOS REGISTROS CAEM
Ainda de acordo com o levantamento, o percentual de pessoas que entraram no registro de inadimplência teve redução de 35% até o último mês de novembro. Segundo a pesquisa, em todo o ano de 2019 foram registrados 44.152 ante 32.748 de janeiro a novembro do ano passado.
Os meses de setembro, agosto e julho registraram os maiores número do ano passado. O nono mês do ano teve 4.508 registros. Já o oitavo mês registrou 4.434 notificações, enquanto que o sétimo mês obteve 4.358 registros de inadimplentos.
CDL prevê 2021 melhor mesmo com fatores podendo influenciar mercado negativamente
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Wellington Fernandes, informou ao DE FATO que as expectativas iniciais são otimistas para este ano de 2021, mesmo com alguns fatores que possam influenciar a economia, com por exemplo, a demora para uma vacina para começar a imunizar a população contra o novo coronavírus.
“Para o ano de 2021 as expectativas iniciais são otimistas. Esperamos um ano melhor do que 2020, mesmo com alguns fatores podendo influenciar o mercado negativamente, como a demora na vacina disponível para a população. Com isso poderemos ter um estresse com o relaxamento das medidas protetivas, levando a uma nova alta no número de casos da covid. Podemos também ter um aumento da inflação, fugindo da meta do Banco Central e assim termos um crescimento da taxa de juros”, disse.
Fernandes acrescenta ainda que o fim do auxílio emergencial concedido pelo governo federal durante a pandemia da Covid-19 e o grande número de desempregados possa atrapalhar as vendas. Ele também cita outros fatores que podem contribuir para a retração das vendas.
“Por outro lado, com o fim do auxílio emergencial e o altíssimo desemprego, podemos ter uma retração das vendas, contribuindo assim para uma quebra das expectativas da inflação mantendo assim a taxa de juros para incentivar a economia. Temos também o câmbio que começa a dar sinais de reversão na desvalorização do Real, contribuindo assim com o controle da inflação, aliviando o bolso do consumidor, podendo melhorar o seu poder de compra e aumentando, então, as vendas do comércio. Em última análise, mantemos a expectativa de que toda a conjuntura será favorável e teremos um excelente ano de 2021, tanto para o comércio como para a população como um todo. Esses são nossos desejos de um ano melhor a todos, com muita saúde e paz”.
Wellington Fernandes lembrou ainda o desafio da classe empresarial e da população em lidar com a pandemia e seus reflexos no comércio e nos serviços. Segundo ele, a flexibilização de abertura do comércio decorreu da constante vigilância e pressão da classe empresarial.
“O ano de 2020 foi de constantes desafios para toda classe empresarial da cidade. Tivemos que lidar com a pandemia de Covid-19 e seus reflexos no comércio e nos serviços, onde ao longo do período tivemos muitas lutas após o decreto de fechamento do comércio e suas posteriores prorrogações, com a permissão de abertura de setores essenciais e, posteriormente, para outros segmentos de comércio. À medida que os números da pandemia iam refluindo em nossa cidade e região, até por sermos um centro de atendimento regional de saúde para a região Oeste, os leitos disponíveis em nossa cidade atendiam as demais cidades da nossa região. Essa flexibilização de abertura do comércio decorreu da constante vigilância e pressão da classe empresarial. Os empresários foram decisivos no início da pandemia com o aporte de recursos financeiros, ajudando o poder público diante da falta de recursos do próprio poder público municipal. Desde o início da pandemia todos os empresários passaram por momentos de surpresa e ansiedade diante do surgimento dessa pandemia, vendo a possibilidade de nos atingir, assim como a angústia com o decreto de fechamento do comércio e serviços, desolação para aqueles que não conseguiram superar este momento, fé de que iríamos vencer, esperança com as previsões de vacinas e otimismo com a reabertura das atividades comerciais e de serviços.
Por fim, o presidente da CDL destacou que as eleições municipais elevaram o número de casos da doença o que fez ressurgir o temor dos lojistas de novamente haver medidas restritivas mais drásticas, como o fechamento novamente do comércio. Fernandes ressaltou que o comércio pode conviver bem com a pandemia.
“Nesse intervalo tivemos as eleições municipais com suas campanhas ocorrendo sem nenhum protocolo de segurança, trazendo, com isso, a elevação do número de casos e consequentemente do número de mortes, ressurgindo inquietação à classe lojista diante da possibilidade de novamente ocorrer o fechamento do comércio. Mesmo diante da prova cabal de que o comércio, quando esteve funcionando durante os meses que precederam as eleições seguindo todas as normas e protocolos das autoridades de saúde, ocorreram gradativos recuos nos números da pandemia e o consequente fechamento de leitos clínicos e de UTIs. Isso provou que o comércio pode muito bem conviver com a pandemia”.
NÚMEROS DE ENDIVIDADOS DE JANEIRO DE 2016 A NOVEMBRO DE 2020
2016
Janeiro - 19.569
Fevereiro - 21.124
Março - 21.420
Abril - 22.512
Maio - 22.412
Junho - 23.137
Julho - 22.293
Agosto - 22.224
Setembro - 22.056
Outubro - 21.927
Novembro - 21.977
Dezembro - 36.178
2017
Janeiro - 34.773
Fevereiro - 34.672
Março - 34.435
Abril - 34.041
Maio - 33.836
Junho - 42.469
Julho - 52.405
Agosto - 54.221
Setembro - 56.261
Outubro - 58.623
Novembro - 60.702
Dezembro - 62.293
2018
Janeiro - 64.009
Fevereiro - 65.422
Março - 66.898
Abril - 68.956
Maio - 71.096
Junho - 72.821
Julho - 74.182
Agosto - 73.655
Setembro - 77.405
Outubro - 76.500
Novembro - 80.509
Dezembro - 81.390
2019
Janeiro - 83.946
Fevereiro - 85.994
Março - 88.019
Abril - 90.534
Maio - 92.267
Junho - 93.389
Julho - 96.058
Agosto - 97.464
Setembro - 99.733
Outubro - 102.195
Novembro - 103.803
Dezembro - 105.108
2020
Janeiro - 107.107
Fevereiro - 108.445
Março - 108.027
Abril - 109.396
Maio - 110.003
Junho - 108.856
Julho - 111.226
Agosto - 113.421
Setembro - 116.228
Outubro - 116.299
Novembro - 118.039
Dezembro - não divulgado
Fonte: CDL
Tags: