Por Amina Costa - Repórter do JORNAL DE FATO
É durante o período chuvoso que se percebe, com mais frequência, a presença de animais peçonhentos em casas e apartamentos, especialmente os localizados próximos às áreas verdes. Escorpiões, aranhas, lacraias e até serpentes costumam buscar locais secos para se proteger das chuvas e acabam se tornando um perigo, especialmente para crianças e idosos.
São dentro deste contexto que ocorrem os acidentes provocados por animais peçonhentos, que são mais comuns do que se imagina e podem ser letais, em alguns casos, dependendo do tempo que se gasta para chegar ao hospital. Conforme dos dados do Ministério da Saúde, que compara os casos entre os anos de 2000 a 2018, este último ano foi o que apresentou o maior número de casos, no Rio Grande do Norte. A média daquele ano foi de 209 casos para cada 100 mil habitantes.
Ainda de acordo com os dados do Ministério da Saúde, entre os anos 2000 e 2019, 4.080 pessoas morreram após terem sido picadas por animais peçonhentos. No Rio Grande do Norte, conforme estes dados, no espaço de nove anos, o número de óbitos chegou a 62. A região Nordeste está em segundo lugar nos casos de mortes causadas por animais peçonhentos, perdendo apenas para a região Norte.
Em Mossoró não foi informado o registro dos anos de 2000 a 2019, mas sim os dados de 2020 e os primeiros meses de 2021. Nestes registros não há confirmação de mortes. As informações repassadas pela Secretaria Municipal de Saúde são de que, em 2020, Mossoró registrou 423 notificações de acidentes com animais peçonhentos, onde todos os casos foram confirmados.
Já nos primeiros meses de 2021, o município já registrou 32 notificações de acidentes com animais peçonhentos, onde todas foram confirmadas. Levando em consideração os dados de 2020, a média do Município é de 35 acidentes com animais peçonhentos, por mês. Como as informações não apresentaram os dados mensais dos ataques, não foi possível identificar o período do ano em que ocorreram mais casos.
Em casos de ataques de animais peçonhentos, a indicação é de que o indivíduo vá até uma unidade hospitalar que disponha do soro antiveneno adequado para aquela situação. No estado, a maioria dos ataques de animais peçonhentos é feito por serpentes. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP), durante o mês de agosto há maior incidência do ataque destes animais.
Nestes casos, a Sesap disponibiliza o Ceatox, para orientação por telefone em qualquer situação de envenenamento e acidentes com animais peçonhentos, informando a disponibilidade de soros e direcionando o paciente para o hospital de referência para o tratamento mais adequado.
O Ministério da Saúde lista uma série de cuidados com os ataques de animais peçonhentos, principalmente neste momento chuvoso, onde a vegetação tende a crescer e os animais buscam áreas mais secas e quentes. Entre estes cuidados estão: usar sapatos fechados ao caminhar ou andar entre folhas, seja jardim ou alguma mata próxima de casa; procurar usar luvas de couro ao manejar locais onde podem ter serpentes, como matas, troncos de árvores, entre outros locais.
As principais recomendações para evitar ataques são:
- Use sapatos e roupas resistentes que cubram as pernas.
- Sempre verifique suas roupas antes de colocá-las em lugares alheios à sua casa.
- Nunca coloque as mãos atrás de armários, debaixo de camas, em cantos escuros ou vasos profundos sem inspeção visual.
- Use sapatos altos e resistentes ao caminhar na grama alta.
- Fique firme. As cobras, na maioria dos casos, fogem, mesmo antes de você as descobrir. Certamente, a cobra estará tão assustada quanto você.
- Se você se deparar com o animal, mantenha a calma. Não se aproxime e afaste-se calmamente.
- Se você for mordido, cumpra as regras vitais de primeiros socorros.
- Se for o caso e necessário tocar em algum animal supostamente morto, faça-o apenas com um pau na certeza de estar a uma distância segura, pois os reflexos e instinto de defesa podem provocar o ataque.
Corpo de Bombeiros não indica atendimento caseiro em caso de ataques
Mesmo com alguns cuidados, ocorrem com frequência acidentes causados por animais peçonhentos, que podem levar o indivíduo à morte. Para evitar o óbito, é importante que sejam praticados pelas vítimas e acompanhantes algumas recomendações que evitam a absorção do veneno pelo corpo da vítima.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, deve ser evitado qualquer tipo de atendimento caseiro. “Em caso de acidente, não faça qualquer tipo de atendimento caseiro, não corte nem perfure o local da mordida e não faça torniquete. Procure imediatamente um posto médico, porque somente o soro antiofídico cura”, informa o Corpo de Bombeiros.
Dessa forma, ao ocorrer o acidente, o serviço de saúde mais próximo deve ser procurado e o local da picada pode ser lavado apenas com água e sabão. Caso o animal tenha sido capturado, ele deve ser levado junto ao posto médico para ajudar na identificação do soro específico para o tratamento do envenenamento.
Os animais peçonhentos e os venenosos utilizam substâncias que provocam efeitos fisiológicos danosos ao sistema nervoso mesmo que em pequenas quantidades, normalmente como ação de defesa. É bem possível que estes animais ao atacar o faça por estarem tão assustados quanto sua vítima e age desta forma por puro instinto.
Primeiros socorros em caso de acidente com animais peçonhentos:
- Acionar o socorro médico ou levar a vítima o mais rápido possível para o hospital mais próximo
- Acalme a vítima. Saiba que se a vítima estiver agitada e movimentar-se muito, as contrações musculares fazem com que o veneno se espalhe mais rápido no corpo.
- Não use tipoia.
- Nunca corte, chupe ou aperte o local da mordida.
- Retire anéis, pulseiras e similares, pois pode haver inchaço caso a mordida tenha sido nos membros superiores.
- Transporte a pessoa em repouso, deitada.
- Mantenha a vítima o mais imóvel possível com o membro afetado mais elevado que o restante do corpo.
- Se possível, coloque compressas de água fria ou bolsa térmica. Isso ajudará no alívio da dor.
- Certifique-se de que o animal venenoso possa ser identificado para que a vítima possa receber um soro apropriado. Se necessário, tire uma foto para que você possa mostrá-la ao médico em caso de dúvida.
- Jamais sugar a área da picada, fazer torniquete, corte ou perfuração ao redor do ferimento e também não aplicar nada sobre o mesmo para não agravar o estado geral da vítima.
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