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Postado às 09h30 | 18 Mar 2021 | Redação Motoristas de aplicativos protestam e pedem ajuda ao poder público municipal

Crédito da foto: GILDIVAN AVES/cedida Motoristas de aplicativos paralisaram atividades nesta quarta-feira, 16

Por Amina Costa - Repórter do JORNAL DE FATO

Nesta quarta-feira, 17, os motoristas de aplicativo de Mossoró realizaram uma movimentação, na Estação das Artes Elizeu Ventania. Eles reclamaram das medidas restritivas, como o toque de recolher às 20h, e pedem à gestão municipal a não a adesão de novas medidas. Com as restrições, o número de corridas por aplicativo caiu em até 70%.

Gildivan Alves é motorista de aplicativo e esteve na movimentação que ocorreu nesta quarta-feira. Ele comenta que, com as medidas do toque de recolher, os motoristas estão tendo dificuldade em trabalhar, porque a média de corridas caiu mais da metade. “O toque de recolher está prejudicando muito a classe dos motoristas de aplicativo. As corridas caíram entre 60% e 70%. Então, não tem como um pai de família pagar o veículo, dar a manutenção no carro, colocar comida na mesa e dar o sustento à família com essa redução grande no número de corridas”, comenta.

O motorista de aplicativo explica que muitos colegas estão tendo que devolver os carros alugados, por não estarem conseguindo arcar com os custos do aluguel. “Estamos pedindo ao prefeito para ele não aderir ao decreto estadual, que deve ser mais restritivo. E se for aderir, que ele busca algumas formas de não prejudicar ainda mais o pai de família, que tira dos aplicativos de transporte o sustento para a família”, solicita Gildivan Alves.

Ele enfatiza a importância dos motoristas de aplicativo, que são responsáveis por transportar centenas de pessoas, diariamente, e espera que o prefeito de Mossoró reconheça esta importância. “Queremos que o prefeito seja sensível às nossas causas, que nos escute e nos convide para dialogarmos e acharmos uma forma de ajudar a categoria, que não deixa de ser essencial, porque transportamos pessoas. Todos os dias, mais de quatro mil pessoas andam em transportes de aplicativo”, comenta.

“Então, acho que a gente precisa ser ouvido sim e esperamos que o Prefeito nos convide para nos ouvir. Caso essa primeira movimentação não tenha nenhum resultado, faremos uma maior. Iremos convocar os empresários e pedir a ajuda deles para essa movimentação. Para isso não acontecer, esperamos que o prefeito seja sensível e não seja necessário fazer outra movimentação”, complementa Gildivan Alves.

Entre as medidas que podem ser adotadas pelo Município para reduzir os efeitos das medidas mais restritivas de contenção da pandemia, caso o Município as adote, o motorista de aplicativo aponta a dispensa do pagamento do IPVA. “E caso o prefeito venha a aderir, o que a gente pede é que nos seja dada a isenção do IPVA de 2021 e que a Prefeitura elabore um plano de ajuda financeira aos motoristas, como tá sendo feito lá no Ceará. A gente quer apenas trabalhar. Caso não tenha como a gente trabalhar, queremos ajuda de alguma forma, nesse sentido”.

 

Movimentação pede ainda reajuste da tarifa e redução do preço dos combustíveis

A movimentação dos motoristas de transporte por aplicativo aconteceu em Mossoró e de forma simultânea, em várias cidades do país, nesta quarta-feira, 17. A nível nacional, o pedido da categoria é o reajuste da tarifa mínima que é cobrada aos passageiros, bem como uma política de redução do preço dos combustíveis. Motoristas alegam dificuldades em trabalhar, devido à baixa tarifa e aos constantes aumentos dos combustíveis.

De acordo com Gildivan Alves, atualmente, devido à pandemia, aplicativos como Uber e 99 Pop reduziram o valor da taxa mínima que é cobrada aos passageiros para R$ 4,50. “Com a taxa mínima que é cobrada aos passageiros, nós não conseguimos pagar nem um litro de gasolina. Um exemplo é uma viagem do bairro Dom Jaime para o Centro, que um mototaxista cobra uma média de R$ 15, enquanto que nos aplicativos a viagem vai custar R$ 8. Esse valor para um veículo que pode levar até três pessoas (na pandemia), que tem manutenção alta e todos os custos que um carro requer”, exemplificou.

Gildivan Alves informou que esta foi uma forma que os motoristas de aplicativo encontraram para chamar a atenção das plataformas, para a mudança do preço da tarifa mínima cobrada aos passageiros.

“Reivindicamos por taxas maiores para os passageiros, porque faz seis nos que não é feito reajuste da tarifa. Pelo contrário, a tarifa baixou durante a pandemia. Uma corrida mínima, não paga sequer um litro de combustível. Por esse motivo, a reivindicação pra que os aplicativos aumentem as tarifas, para que a gente possa trabalhar e sustentar nossas famílias”, comentou o motorista.

O protesto foi mais intenso pela manhã, onde aproximadamente 100 motoristas de aplicativos não trabalharam, com exceção dos que possuem contratos fixos. Gildivan Alves informou que a movimentação ocorreu em todo o país e que milhares de motoristas não trabalharam nesta quarta-feira, 17, como forma de protesto.

Atualmente, de acordo com as informações repassadas pelo motorista de aplicativo, Mossoró tem cerca de 1 mil pessoas cadastradas nas plataformas de transporte por aplicativo. Deste total, quase metade deles sobrevive apenas deste trabalho, tendo como única renda as corridas feitas na cidade. “Muitos motoristas trabalham somente nos finais de semana ou no contra turno do trabalho, porque alguns trabalham fixo em outros locais. Mas, atualmente, quase metade dos motoristas cadastrados vive unicamente da renda dos aplicativos. É um número muito grande de pessoas que vem se prejudicando com a tarifa baixa, o aumento dos combustíveis e com o toque de recolher”, finaliza Gildivan Alves

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