Quinta-Feira, 30 de janeiro de 2025

Postado às 11h00 | 04 Abr 2021 | Redação Artistas circenses sofrem com pandemia e necessitam de ajuda

Crédito da foto: Reprodução Circo do Fuxiquinho é o mais famoso na região de Mossoró

Edinaldo Moreno - Repórter do JORNAL DE FATO

Por causa da pandemia do novo coronavírus que completou um ano no último mês de março, os artistas circenses sofrem por não poderem desempenhar suas atividades devido às medidas restritivas impostas por decretos estaduais e municipais ao longo desse difícil período que o país atravessa. A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou em 11 de março de 2020 que o mundo vive uma pandemia do novo coronavírus.

A reportagem do JORNAL DE FATO conversou com dois representantes de circos instalados em Mossoró. Eles disseram que estão parados desde o início das restrições impostas e que estão sobrevivendo de ajuda de entidades e da população.

Acadias Alves Basilio, popularmente conhecido como palhaço Babalu, enfatizou que os artistas do circo estão vivendo basicamente de doações. Ele acrescentou que alguns estão realizando bicos para complementar a renda. “Estamos vendendo ovos, algodão doce e maçã do amor. Basicamente estamos vivendo de doações”, disse.

A mesma situação é relatada pelo palhaço Arrochadinho, do Lima Circos. “Através de doações de familiares e amigos, algum serviço aparece e assim vamos matando um leão por dia”, frisou. O artista circense declarou que a pandemia acabou com os sonhos dos profissionais.

“A pandemia veio e acabou com nossos sonhos, sonhos de fazer vocês sorrirem. Nesse período estamos sendo igual a um bebê aprendendo a andar. Apesar das dificuldades, não desistimos e estamos sobrevivendo com muita luta e aguardando essa guerra que há mais de um ano acabou com nossa paz”, desabafa.

Ninho, como é mais conhecido o palhaço Arrochadinho, disse que não há espetáculo há mais de um ano com a capacidade máxima do circo. Ele disse também ainda que foram realizadas algumas apresentações com 30% do público, mas que resolveram parar por conta do endurecimento das regras pouco tempo depois da Organização Mundial de Saúde decretar pandemia.

“Faz um ano que fizemos espetáculo com toda a capacidade de público. Com os decretos municipais e estaduais, diminuímos para 30% de público e resolvemos agir com consciência, enquanto o Ministério da Saúde dizia ‘Fique em casa’, qual o intuito de um carro de som chamá-los para ir pro circo? Com dor no peito e o único meio de sobrevivência tivemos que parar”.

O circo Babalu passou sete meses sem uma única apresentação. O palhaço Babalu disse que o circo teve algumas apresentações em janeiro e que fechou novamente. “Na primeira onda da pandemia, em 2020, passamos de março a outubro parados e esse ano só trabalhamos o mês de janeiro”, detalha Acadias.

Sem fontes de arrecadação, o número de pessoas trabalhando nos dois circos diminuiu ao longo da pandemia. O palhaço Arrochadinho disse que o número de trabalhadores no Lima Circos caiu de 11 para 08 integrantes. Já no Babalu Circos a redução foi maior. Saiu de 26 para 16.

“Três tiveram a necessidade de ir embora e o restante está em casas de familiares e lutando a cada dia pra sobreviver. Temos agora apenas 8 funcionários”, lamentou o representante do Lima Circos.

“Tínhamos 26 funcionários. Hoje temos 16 funcionários”, resumiu o palhaço Babalu.

Atualmente, o Lima Circos está montando na comunidade rural do Rancho da Caça, mas que alguns se deslocam para o Abolição IV para a casa de familiares para se alimentarem. O palhaço Arrochadinho pediu para que o número de seu whatsapp fosse divulgado para que se alguém quiser entrar em contato para ajudar. O número é (84) 99454-8007.

Já o Babalu Circos está montado no Cidade Jardim, no bairro Sumaré. “Fica à disposição da população. Muita gente vem deixar uma cesta básica, outros pedem o número de uma conta, de PIX para fazer uma doação simbólica. Temos muita gratidão por essas pessoas que nos ajudam”, disse o palhaço Babalu que agradece também aos vizinhos que têm ajudado bastante os integrantes do circo. “O povo é maravilhoso, é soberano”.

ESTUDO

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Juventude realizou durante o mês de março um estudo socioeconômico com a população circense. No início da semana, 21 famílias de artistas circenses foram contempladas com o recebimento do benefício eventual de complementação alimentar. As famílias beneficiadas moram e trabalham nos circos Lima, Babalu, Shalekinho e Panelinha.

Os artistas circenses vivenciam situações de vulnerabilidade social extrema, visto que eles não estão podendo realizar seus espetáculos e shows. Grande parte deles reside em moradias precárias como trailers e depende de ajuda de comunidade para ter acesso à água potável.

 

Artistas alimentam esperança de dias melhores e vacina para todos

Os palhaços Arrochadinho e Babalu nutrem esperança de dias melhores para toda a população brasileira, em especial a mossoroense, e que a vacina possa estar ao alcance de todos num breve espaço de tempo.

O representante do Lima Circos ressalta a importância da atividade para as pessoas terem um pouco de alegria e que pede a ajuda de todos nesse momento difícil. “Estamos vendo a nossa arte sendo desvalorizada e esquecida pelos nossos gestores. Queremos voltar a sorrir e alegrar a vida das pessoas. Esse tempo sem espetáculo é como se fosse um rio sem água, algo incompleto”, desabafa Arrochadinho.

“Pedimos a ajuda para os circos. Aquele que estiver perto e que está escutando/lendo essa mensagem venha até o circo e nos ajude. O circo pede socorro. Estamos precisando de vocês e prometemos retribuir cada ajuda com um sorriso de esperança e tenho a certeza que tudo vai passar. Hoje, os circos de todo o mundo pedem socorro”, completou o artista.

O palhaço Babalu salienta que o momento atual da pandemia está muito pior do que o registrado no ano passado e que muitos já sofrem as mazelas financeiras provocadas pela doença. Ele faz um apelo para que a vacina seja disponibilizada para todos o quanto antes.

“O povo já está bastante sofrido financeiramente. Para nós que vivemos unicamente do circo, fica difícil... Minha esperança é que chegue logo essa vacina para todos e só assim poderemos voltar a trabalhar”, concluiu.

DECRETO

O decreto nº 30.458, de 1º de abril publicado na última quinta-feira determina que continua suspenso funcionamento de parques públicos, centros de artesanato, circos, parques de diversões, museus, bibliotecas, teatros, cinemas e demais equipamentos culturais.

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