Aumento é de R$ 0,30, se comparado ao preço que vinha sendo praticado nas últimas semanas, que era de R$ 5,99. O consumidor reclama que nos últimos dias não houve reajuste no preço do combustível da Petrobras, o que não justifica atitude dos postos
Por Amina Costa/Repórter do JORNAL DE FATO
Os consumidores do estado se deparam, há alguns dias, com o aumento considerável no preço dos combustíveis. Em Mossoró, já é possível encontrar postos aonde a gasolina vem sendo comercializada a R$ 6,29, o litro. O aumento é de R$ 0,30, se comparado ao preço que vinha sendo praticado nas últimas semanas, que era de R$ 5,99.
Embora alguns postos continuem mantendo o valor antigo, consumidores já relatam que o aumento surpreendeu e deve pesar no bolso, já que a tendência é que a maioria dos estabelecimentos adira a este reajuste. “Eu ainda consegui abastecer com o preço de R$ 5,99, mas o frentista me alertou e disse que vai ter reajuste e que em muitos postos, o preço já subiu”, informou a empresária Cibele Oliveira.
O reajuste no preço da gasolina já havia ocorrido em Natal, capital do estado, desde a última semana. Em Mossoró, os reajustes começaram a ocorrer na última terça-feira, 29. Ainda que não exista um motivo aparente para o aumento do preço da gasolina, já que não houve reajuste da Petrobras, a explicação dos empreendimentos é que estão apenas repassando os valores para os consumidores, já que recebem o produto com alta.
O preço dos combustíveis, no Brasil, tem interferência direta com o valor do dólar. Os constantes aumentos da moeda americana podem ser a interferência no reajuste do preço dos combustíveis. Os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontavam uma estabilidade no preço da gasolina, nas três maiores cidades do estado (Natal, Mossoró e Parnamirim). Os últimos relatórios, referentes às quatro semanas anteriores ao aumento, apontavam que, nas três cidades do estado, o preço da gasolina se mantinha entre R$ 5,97 e R$ 5,99.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Rio Grande do Norte (Sindipostos-RN) disse, em nota, que não comenta os valores praticados individualmente pelos estabelecimentos, mas justificou que o preço da gasolina está sendo forçado para cima em virtude da alta do etanol, que representa 27% da gasolina.
O aumento no preço dos combustíveis preocupa os consumidores, já que esse reajuste interfere diretamente em outros produtos. Com o combustível reajustado, a tabela de fretes deve ser alterada e, consequentemente, os alimentos e demais produtos também sofrerão aumento no preço.
“O aumento dos combustíveis interfere diretamente nos nossos gastos mensais. Já estamos pagando muito caro com supermercado, planos de saúde (que também anunciaram aumento) e, agora, pagando mais ainda com os combustíveis. Infelizmente a conta não fecha. Quem sobrevive com um salário mínimo vai ter ainda mais dificuldade de colocar comida na mesa. Mesmo quem não tem transporte, sente esse aumento”, comenta Cibele Oliveira.
A empresária informa que, pagando R$ 5,99 pelo litro do combustível, a sua despesa mensal superava os R$ 400, somente com abastecimento. “Eu gasto uns R$ 400 por mês para poder me deslocar de casa para o trabalho. Com certeza, com esse reajuste, o valor vai aumentar. Além de interferir no meu orçamento, esse aumento vai atingir também a minha pequena empresa, já que o orçamento tende a ficar mais comprometido”, informou.
Aryanne Larissa mora no bairro Nova Mossoró e tem um empreendimento no bairro Paredões. Ela informa que, por mês, tem uma despesa de, aproximadamente, R$ 600, somente com o combustível. “Eu venho de manhã cedo da Nova Mossoró, porque tanto eu quanto o meu marido trabalhamos no centro. Mesmo passando o dia todo pelo centro, ainda gasto uns R$ 600 por mês, porque preciso me deslocar para deixar meu filho na escola e resolver algumas coisas do meu trabalho. A cada dois dias, coloco pelo menos R$ 50 reais de combustível”, comenta.
Aryanne comenta que deixou de abastecer nos postos localizados dentro da cidade. “Eu sempre abasteço nos postos que são no caminho do meu bairro. Eu acho que a diferença de preço deles é maior do que os postos de dentro da cidade. Mas, mesmo tentando economizar ao máximo, a despesa com combustível ainda é muito alta”, conclui.
Adição de outros combustíveis e impostos interferem no preço da gasolina
Nos últimos meses, os brasileiros têm sido surpreendidos com o aumento do preço dos combustíveis. A combinação de dólar alto e de aumento da cotação internacional do petróleo tem pesado no bolso do consumidor. O preço dos combustíveis é liberado na bomba – ou na revenda, no caso do gás de cozinha.
No entanto, grande parte do que o consumidor desembolsa reflete o preço cobrado pela Petrobras na refinaria. Como num efeito cascata, alterações nos preços da Petrobras, que seguem a cotação internacional e o câmbio, refletem-se nos demais componentes do preço até chegar ao preço final.
Impostos, adição de outros combustíveis à mistura e preços de distribuição e de revenda somam-se ao valor cobrado nas refinarias. Ao sair da Petrobras, o combustível sai com o valor do produto mais os tributos federais: a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), partilhada com estados e municípios; o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
Ao chegar às distribuidoras, o preço sobre o combustível passa a sofrer a incidência do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), definido por cada um dos estados e o Distrito Federal.
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