Vacina Meningo ACWY, que antes era encontrada apenas na rede particular agora é administrada também
Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO
O Ministério da Saúde liberou para todo o SUS a Vacina contra diferentes tipos de Meningite. A vacina Meningo ACWY, que antes era encontrada apenas na rede particular agora é administrada também nos postos de Saúde. Esta vacina é destinada, apenas, para adolescentes de 11 e 12 anos, e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Mossoró.
O coordenador do setor de Imunização da Secretaria Municipal de Saúde, Etevaldo Lima, comentou que, a vacina Meningo ACWY vem sendo aplicada desde o ano passado, pela rede pública de saúde. Durante este ano, devido à baixa procura por parte do público-alvo, durante alguns períodos do ano, a vacina chegou a ser aplicada em trabalhadores da saúde que trabalhavam em UTI covid-19.
“Tem momentos que a procura desse imunizante tem sido baixa, como, por exemplo, no mês de maio, nós tivemos um estoque com um número considerável de doses que iriam vencer no último dia útil. Diante desse quantitativo, não só em Mossoró, mas em outros municípios, foi autorizada a vacinação em trabalhadores da saúde que trabalhavam em UTI covid-19”, comentou o coordenador do setor de imunizações do Município.
Etevaldo Lima informou também que, atualmente, as doses para este público de 11 e 12 anos estão vindo em um quantitativo abaixo do esperado, de forma que à medida que as doses chegam ao Município, já são distribuídas para as unidades de saúde. “Não está dando para suprir a demanda, mas ela está sendo ofertada pela rede municipal de saúde”, comenta.
A meningite é uma infecção causada pela bactéria Neisseria meningitidis (meningococo), que afeta as membranas que envolvem o cérebro e medula espinhal, chamadas de meninges. O professor da Universidade Potiguar (UnP) e coordenador do Curso de Enfermagem, Wanderley Fernandes, comentou sobre os motivos que levaram a essa ampliação da vacina Meningo ACWY.
“Inicialmente, a vacina meningocócica C dava conta o principal tipo de meningite que circulava em nosso país e por epidemiologicamente ser a mais frequente teve uma vacina desenvolvida para combatê-la. No decorrer dos últimos anos, o crescimento de outros tipos de meningite, principalmente o tipo W teve um crescimento epidemiológico significativo e isso fez com que o Ministério da Saúde adotasse a meningocócica ACWY (antes só ofertada na rede privada de vacinas) no calendário de vacinas da rede pública do SUS, a fim de prevenir a proliferação e avanço dos tipos A, W e Y em todo o país”, comentou o professor universitário.
O professor Wanderley Fernandes comentou ainda que o SUS tem priorizado a promoção da saúde e a prevenção dos agravos. “Uma vez que os dados epidemiológicos mostram um crescimento das variantes da meningite é importante que medidas sejam adotadas precocemente a fim de evitar maiores danos. Todos podem usar a meningo ACWY, mas nesse momento os adolescentes, que são o grupo de maior risco de transmissibilidade, devem ser priorizados. O que diminui o risco de contágio e maior proliferação da doença”, informa.
Um estudo recente revelou que de 1.200 adolescentes de 11 a 19 anos, 10% carregavam a bactéria em suas nasofaringes. Sabemos que essas pessoas podem conviver em harmonia com a bactéria, mas, ao passar para uma criança que não tenha anticorpos para se proteger, pode ser fatal. Dessa forma, ao vacinar os adolescentes, consequentemente, as crianças também estarão protegidas.
O professor comenta também que todas as vacinas disponíveis pelo Plano Nacional de Imunização (PNI) estão disponíveis no Centro Integrado de Saúde (CIS) da UnP. “Todas as vacinas disponíveis na rede pública estão disponíveis no CIS, inclusive seguimos o mesmo fluxo de campanhas do MS. O CIS segue o princípio de universalidade do SUS e, portanto, está acessível a qualquer pessoa que precisar ser imunizada. Basta levar o cartão SUS e um documento de identificação oficial com foto”, finaliza.
Ministério da Saúde amplia vacinação da Meningo C
O Ministério da Saúde ampliou a vacinação da Meningo C, que é destinada, pelo calendário básico, para crianças de 3 e 5 meses (primeira e segunda dose, respectivamente) sendo dada uma dose de reforço para crianças com 1 ano e 11 meses. De acordo com Etevaldo Lima, caso a criança de dois anos não tenha tomado nenhuma dose única, o reforço era limitado para crianças com menos de 5 anos.
Diante dessa baixa cobertura que tem se reduzido desde 2016, mas se intensificou no ano de 2020 em todo o país diante da pandemia, o Ministério da Saúde autorizou o uso da meningo C para crianças de até 10 anos. “Ou seja, a Meningo C é aplicada em crianças menores de 11 anos. Se a criança não tem histórico nenhum de vacina contra meningite, ele poderá ser vacinada até o final deste ano”, comenta o coordenador do setor de imunizações.
O professor e coordenador do curso de Enfermagem da Unp, Wanderley Fernandes, informou que tanto a vacina Meningo C quanto a Meningo ACWY podem ser aplicadas no CIS da Universidade. Ele informa também que esses grupos deverão continuar recebendo essas dosagens até que o Ministério da Saúde e a ANVISA protocolem um novo fluxo para o calendário vacinal no país. “Acredito que quando iniciarmos a produção em território nacional da Meningo ACWY e isso irá baratear o preço da vacina e consequentemente a colocará a Meningo C em desuso. Continuará sendo utilizada até que façamos a transição de todas as faixas etárias para a ACWY”, conclui.
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