Por Edinaldo Moreno - Repórter do JORNAL DE FATO
Nesta semana, a Associação de Assistência e Proteção à Maternidade e à Infância de Mossoró (APAMIM) entregou o prédio do Hospital São Luiz aos seus proprietários. A unidade, que terá o contrato encerrado no final desse mês, serviu como hospital de campanha durante a pandemia do novo coronavírus em Mossoró. Levantamento obtido pelo JORNAL DE FATO traz números sobre admissões, altas, óbitos e transferência de pacientes acometidos pela Covid-19.
De acordo com os dados, o HCSL teve 1.255 altas hospitalares durante todo o período que recebeu pacientes com a doença. Foram admitidos 2.272. A unidade hospitalar registrou 804 óbitos em decorrência da doença de maio do ano passado, quando começou a funcionar como hospital de campanha, até a última quinta-feira, 19. Houve ainda a transferência de 146 pacientes.
A diretora geral da APAMIM, gestora do Hospital Maternidade Almeida Castro (HMAC) e do Hospital de Campanha São Luiz (HCSL) agradeceu ao empenho de todos que participaram desse processo de mobilização do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e a todos os colaboradores que estiveram na linha de frente de combate ao SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19.
“Foi um trabalho a várias mãos. Teve sempre ajuda do Poder Judiciário, de Dr. Rodrigo Pessoa do MPE (Ministério Público Estadual), Gledson Gadelha do MPT (Ministério Público do Trabalho), Emanuel Ferreira do MPF (Ministério Público Federal) e Dr. Orlan Donato, que fizeram o TAC de forma que fosse o mais resolutivo possível, por causa da urgência que os tempos pediam. Temos muito a agradecer a SMS (Secretaria Municipal de Mossoró) e SESAP (Secretaria de Estado da Saúde Pública), por todo apoio dado nos momentos difíceis e que conseguimos dar a resposta necessária. A todos os colaboradores que tornaram aquilo possível, sem exceção, eles são o grande motivo que tudo isso deu certo. E a gratidão é ver os números: foram mais de 1.200 vidas salvas; nos tornamos o maior hospital de campanha do Estado. E a melhor parte foi poder ajudar as pessoas num momento tão difícil, comemorou e agradeceu.
Indagada sobre qual foi o pior momento atravessado pelo hospital nestes mais de um ano de pandemia, Larizza Queiroz contou que foi no final do primeiro quadrimestre deste ano quando a gestão teve enormes dificuldades de adquirir insumos.
“Foi nesse ano com a escassez de insumos. A dificuldade de aquisição foi um dos momentos mais críticos que passamos nessa jornada”, disse Larizza. No final de abril, 30% dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) foram bloqueados por conta da falta do kit de intubação.
Questionada ainda sobre qual das duas ondas ocorrida durante a pandemia foi a mais difícil para todos do hospital que estava na linha de frente no combate à doença, Larizza disse que cada uma teve um aspecto desafiador para toda a equipe.
“São situações totalmente distintas (ao comparar as duas ondas ocorridas até o momento durante a pandemia). A primeira era o desafio do novo, de conhecer a doença e descobrir o melhor manejo. Já na segunda onda foram problemas diferentes, de abastecimento. Essa segunda onda foi bem mais desafiadora”, contou.
A primeira vez que o Hospital São Luiz atingiu 100% de taxa de ocupação foi em 17 de maio. Naquele dia, todos os 19 leitos disponibilizados para os pacientes estavam ocupados. Entre o início da segunda quinzena de junho e o fim da primeira quinzena de julho de 2020, o hospital operou em vários dias com 100% de sua ocupação.
Houve pequena estabilidade entre julho e agosto do ano passado, quando a taxa de ocupação caiu para menos de 30%. Entre o dia 27 de agosto e 14 de outubro do ano anterior, a ocupação de leitos UTI Covid sempre ficou abaixo dos 50%.
Desse período até o fim de novembro a taxa de ocupação também oscilou. A taxa começou a subir novamente nos últimos dias do penúltimo mês do ano de 2020 e chegando a 100% novamente no início de dezembro. O fim de dezembro do ano passado e até o encerramento da primeira quinzena de fevereiro deste ano o hospital registrou estabilidade na ocupação dos leitos. Neste período, o índice não ultrapassou a marca de 80%.
A partir da segunda quinzena de fevereiro houve o aumento na ocupação dos leitos para tratamento exclusivo da Covid-19 no São Luiz. A situação começou a agravar no início de março, quando o hospital voltou a registrar 100% de ocupação dos leitos críticos.
Desse período até o fim de julho desse ano, a ocupação no São Luiz alcançou a lotação máxima de seus leitos por várias vezes nesse período de três meses. A taxa de ocupação começou a cair gradativamente a partir do fim de julho e chegando a níveis baixos nos primeiros dias de agosto e continuando com índices bem abaixo do que os registrados nos picos.
Larizza também salientou que a pandemia mostrou que o quanto é necessário a solidariedade e ressaltou também que a doença escancarou a responsabilidade de cada um de nós em proteger o próximo.
“A pandemia de uma forma geral mostrou o quanto precisamos um do outro. A doença escancarou que a sua responsabilidade individual impacta diretamente na saúde ou na doença do outro. A associação mostrou como o ente filantrópico pode ajudar os entes públicos, diminuindo os impactos da pandemia na sociedade”.
VACINAÇÃO
A gestora do HMAC frisa que a principal responsável pela diminuição dos índices de solicitações, internamentos e mortes foi a vacinação, que avançou consideravelmente nas últimas semanas.
“A equipe tem certeza do dever cumprido e que a vacinação foi a principal responsável pela diminuição dos índices. Isso é o mais importante. Esperamos que a população perceba a importância da vacinação completa para que possamos em breve voltarmos à normalidade porque a pandemia ainda não acabou. Temos que manter esses números baixos enquanto vacinamos todos os brasileiros”, enfatizou.
DESMOBILIZAÇÃO
A desmobilização do Hospital de Campanha São Luiz começou no primeiro dia deste mês de agosto quando dez leitos de UTI foram fechados. Ao longo do mês a medida continuou até na última sexta-feira a gestão da APAMIM entregar o prédio aos proprietários.
De acordo com Larizza Queiroz, os pacientes serão atendidos a partir de agora nas outras unidades que permanecem com leitos exclusivos para o tratamento da doença.
“Os pacientes serão atendidos dentro da rede de assistência covid. UPA do BH e a rede de UTI Covid montada na cidade, como, por exemplo, o Hospital Rafael Fernandes com seus leitos clínicos e de terapia intensiva”.
“Os números são monitorados todos os meses, a partir do final de junho foi percebido a diminuição de internamentos e consequentemente a secretaria estadual e municipal de saúde, na necessidade de otimizar os custos começou a desmobilização das unidades, sempre observando os dados epidemiológicos”, completou.
Com o encerramento do contrato, a APAMIM manterá 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para o tratamento da Covid-19 no município em um anexo do Hospital Maternidade Almeida Castro (HMAC).
A gestora da Maternidade Almeida Castro e do Hospital de Campanha São Luiz (HCSL), Larizza Queiroz, agradeceu a toda equipe pelo empenho demonstrado durante os longos meses de pandemia e destacou o número de altas hospitalares na unidade que serviu como hospital de campanha.
INTERVENÇÃO
Sobre o processo de intervenção, Larizza Queiroz acredita que a equipe avançou em muitos pontos e que a trabalha para a melhoria no serviço entregue à sociedade.
“O processo de intervenção continua seu trabalho de restruturação e saneando as dívidas, acredito que avançamos em muitos pontos, mas que ainda temos muito a melhorar no serviço entregue à sociedade, que é isso que importa”, encerrou.
Tags: