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Postado às 09h45 | 29 Set 2021 | redação Usuários do transporte público reclamam de suspensão de linha de ônibus

Crédito da foto: Arquivo Ônibus da empresa Cidade do Sol que explora serviço de transporte público de Mossoró

Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO

Desde o início da pandemia, o transporte público de Mossoró vem passando por grandes alterações, com a retirada de linhas de ônibus e redução da frota em linhas ainda existentes, devido à queda na demanda. Algumas das linhas que foram encerradas pela companhia Cidade do Sol são as que percorriam o Centro/Boa Vista/ Shopping.

Embora o motivo para a suspensão dessa linha tenha sido a falta de passageiros, alguns usuários do transporte público estão sendo prejudicados com a medida. Este é o caso de Leandro Costa, que trabalha no Partage Shopping e, devido à falta de uma linha de ônibus que contemple o local, precisa gastar cerca de R$ 20, por dia, para ir e voltar do trabalho.

Ele informou que buscou explicações sobre a linha de ônibus no terminal, mas foi informado que a suspensão dessa linha ocorreu por causa da pandemia. “Fui informado que suspenderam essa linha, que atendia o Centro, a Boa Vista e o Shopping devido à pandemia e à suspensão das aulas presenciais dos alunos que estudam na UnP. Mas, as pessoas que trabalham no shopping ou proximidades, e que não têm transporte estão tendo problemas para conseguir trabalhar”, informou.

Leandro Costa informou também que, por ser novo no emprego e não ter conhecidos que moram próximo da sua residência, ele precisa utilizar, diariamente, o transporte por aplicativo. “Por dia, eu gasto uma média de R$ 20 para poder trabalhar. Normalmente, pago R$ 9 para ir, e quando venho, como já está de noite, pago um pouco mais caro, em torno de R$ 12, dependendo do dia. Se for colocar na ponta do lápis, estou pagando para trabalhar, porque o gasto com o transporte está alto, devido à falta de uma linha de ônibus que atenda a localidade”, informou. 

O jovem informou que, diante da situação e da falta de previsão do retorno desta linha de ônibus, está tentando viabilizar o transporte para conseguir trabalhar. “Estou vendo se faço um contrato com algum mototaxista ou motorista de aplicativo para tentar diminuir os custos, porque fui informado que não existe a previsão de retorno dessa linha. Ou seja, tenho que procurar outras formas, que não seja o transporte coletivo”, relata.

De acordo com a empresa Cidade do Sol, responsável por gerenciar o transporte coletivo em Mossoró, as linhas que foram suspensas em decorrência da pandemia, foram as que já apresentavam uma baixa procura. As linhas mais afetadas foram as que ligavam os Abolições, Santa Delmira e Redenção, Nova Mossoró e Santo Antônio, as linhas que ligavam as universidades (devido à suspensão das aulas presenciais) e a linha que ligava o Aeroporto, a Rodoviária e o Shopping.

Desde o início da pandemia, o serviço opera com as linhas de maior fluxo (Abolição, Nova Vida e Vingt Rosado), que transportam cerca de 90% do total de passageiros transportados na cidade. Antes da pandemia, funcionavam 17 itinerários.

A reportagem do JORNAL DE FATO entrou em contato com a empresa Cidade do Sol para saber a viabilidade de retorno de alguns itinerários, em especial o que liga ao shopping. Por meio de nota, a empresa informou que estuda a viabilidade do retorno de algumas linhas, mas que isso depende da demanda por passageiros.

“Com a pandemia houve uma queda vertiginosa no número de passageiros - mais de 90% -e isso levou à readequação do sistema, com a suspensão de linhas. Está em análise, pelo corpo técnico do órgão gestor do serviço, alternativas para um retorno gradual de linhas, em conformidade com a retomada da demanda e o equilíbrio econômico financeiro do serviço”, informou a empresa.

Demanda por ônibus caiu 90% em Mossoró

O setor de transporte público coletivo, que, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) acumula R$ 11,75 bilhões em perdas durante o ano de 2020, vive o pior momento da sua história. Em Mossoró, o cenário não é diferente, uma vez que o segmento registra queda superior a 90% na demanda de passageiros, desde o início da pandemia no Brasil, em 2020.

Associado aos efeitos da crise sanitária, o serviço enfrenta ainda seguidas altas no preço do diesel. Diante do panorama negativo, a Cidade do Sol, concessionária responsável pelo serviço no município, adota, desde o início da pandemia, medidas para manter a operação, mesmo em meio ao crescente desequilíbrio financeiro. Entre essas medidas estão a suspensão de novas linhas e, consequentemente, a redução do quadro de funcionários.

Em maio deste ano, o quadro de funcionários, mantido completo mesmo sem operação da totalidade de linhas, precisou ser enxugado. Foram suspensos contratos de 23 colaboradores. Na ocasião, a empresa informou que, tão logo ocorra aumento na demanda, as linhas poderão ser retomadas.

“Vivemos a maior crise sanitária e econômica do país. A pandemia nos atingiu em cheio e perdemos mais de 90% dos passageiros desde 2020. Esperamos que tudo isso passe para que voltemos ao patamar de excelência do serviço que mantínhamos antes da pandemia, aprovado por 87% dos clientes da empresa”, informou, na ocasião, o diretor da empresa, Waldemar Araújo.

A confiança do setor na retomada e crescimento do serviço após a pandemia se deve a três fatores principais, segundo Araújo: ao compromisso da Prefeitura Municipal em apoiar, com medidas, para que o transporte coletivo em Mossoró evolua, conforme todo o planejamento pensado para a mobilidade urbana do município; ao fortalecimento da economia e ao aumento na demanda de passageiros.

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