Por Edinaldo Moreno / Repórter do JORNAL DE FATO
Neste domingo, dia 10 de outubro, é comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental. A saúde mental é um importante fator que possibilita o ajuste necessário para lidar com as emoções positivas e negativas. Os últimos meses, por conta da pandemia do novo coronavírus, trouxeram muitos desafios para milhões de pessoas ao redor do mundo.
Além da Campanha do Setembro Amarelo, o Dia Mundial da Saúde Mental traz visibilidade à causa. Esse dia visa chamar atenção pública para questão da saúde mental, que geralmente é negligenciada. Além disso, busca identificá-la enquanto causa comum em uma escala global, ultrapassando barreiras nacionais, culturais, políticas e socioeconômicas. Também tem como objetivo combater preconceitos e estigmas a respeito do assunto, bem como organizar esforços e incentivar o debate para encontrar soluções aos problemas que permeiam a causa.
O termo saúde mental possui conceito amplo, destaca a psicóloga do núcleo de psicologia da Nossa Clínica, Candicy Melyna Oliveira de Lima. Segundo ela, não é possível uma resposta simplista sobre o tema. Diariamente, as pessoas vivenciam diversas emoções, sejam elas positivas ou negativas.
“O conceito está relacionado a um bem-estar, onde o indivíduo percebe suas próprias habilidades, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para sua comunidade. Também está ligado à forma como ele reage às exigências, desafios, frustrações, mudança de vida e a maneira de harmonizar suas ideias e emoções. Todo dia vivenciamos diversos tipos de emoções, às vezes positivas, outras negativas. O modo como lidamos com essas emoções é o que determina como está a qualidade da nossa saúde mental”.
O cenário da pandemia intensificou a incidência de transtornos mentais, segundo informou a Organização Mundial de Saúde (OMS). O período pandêmico tornou mais recorrentes alguns transtornos como depressão, ansiedade, síndrome do pânico, transtorno de estresse pós-traumático.
“Cuidar da saúde mental é fundamental para a qualidade de vida e prevenção de doenças como um todo. Quando cuidamos do corpo, cuidamos da mente e quando cuidamos da mente, estamos cuidando do corpo também. Esse equilíbrio é necessário para manter nossa existência saudável e ativa. Cuidar da saúde mental deve ser algo tão frequente e importante quanto cuidar do corpo”, enfatizou a psicóloga sobre a importância das pessoas cuidarem da saúde mental.
A Organização também ressalta a síndrome da cabana, caracterizada pela ansiedade excessiva causada pela necessidade de sair de casa, podendo se transformar em medo. Essa síndrome não é considerada transtorno, porém, é indicativo de que existe um problema de saúde mental.
Candicy Melyna ressalta também que evidências encontradas nas pesquisas atuais mostraram que indivíduos em isolamento social estão mais suscetíveis ao estresse e como consequência a esta privação social causada pela pandemia.
“(A pessoa) tem apresentado principalmente transtornos de ansiedade, transtornos depressivos e a alteração na qualidade do sono”, frisou a psicóloga que detalhou ainda outros sentimentos observados neste período de pandemia.
“Foram observados também sentimentos de raiva, confusão e sintomas de estresse pós-traumático, que podem estar associados ao período de afastamento social prolongado, ao medo da contaminação, à frustração, à falta de suprimentos básicos, às informações insuficientes e a problemas financeiros. Assim, é perceptível que o enfrentamento da COVID19 gerou grandes mudanças no modo de viver da sociedade como um todo”, completou.
A psicóloga diz ainda que promover a saúde mental é visto como desafio. Ela enfatiza que a medida envolve vários fatores que impactam corpo e mente, considerando que ambos estão interligados. “Incentivar ações cotidianas relativas ao autocuidado, atividade física, contato com a natureza, fortalecimento da espiritualidade e de relações positivas e comprovadas cientificamente, que impactam de forma favorável no corpo e na mente das pessoas”, conta.
A profissional da área da psicologia também destaca que o autoconhecimento e a observação sobre as próprias emoções e comportamentos são essenciais para reconhecer a demanda e a procurar ajuda profissional precocemente, o que, na visão dela, aumenta as chances de sucesso no tratamento.
“Devemos ficar bastante alertas caso já tenham sido identificados sintomas como: alterações de humor bruscas, mudanças no padrão de sono, perda de interesse por atividades anteriormente prazerosas, irritabilidade, mudanças no apetite, dificuldade de concentração”, alerta Candicy Melyna.
COMO MELHORAR E RESOLVER
A psicóloga Candicy Melyna explica que para melhorar a saúde mental, o indivíduo necessita que corpo e mente estejam interligados, além de medidas que ajudam a manter a saúde mental em dia.
“Para melhorar a saúde mental é preciso considerar a integração entre corpo e mente, como falado anteriormente, eles estão interligados. Posso reforçar que além dos fatores já citados, ter uma rotina, fazer uma boa higiene do sono e estabelecer limite de tempo para redes sociais também são fatores que ajudam a construir um maior bem-estar, contribuindo para manter a saúde mental em dia”.
Indagada como resolver o problema de saúde mental, a profissional enfatiza que é uma pergunta complexa, mas que defende que um fator que contribui para que a saúde mental seja tratada com maior atenção e importância é o incentivo ao diálogo e a disseminação de informações corretas.
“Quanto mais se falar sobre isso de forma adequada, mais informação chegará a quem precisa. Não afirmo que o problema será resolvido, mas que esse é um passo importante no caminho”, diz.
Candicy Melyna esclarece que não há a pior doença mental, mas destaca que a depressão, citando a Organização Mundial de Saúde, é a doença mais incapacitante do planeta e que ela deve permanecer nesta posição nesta década.
“Posso dizer que não há como qualificar dessa forma. O que existem são doenças que precisam de maiores cuidados e atenção, pois afetam severamente a qualidade de vida dos acometidos, podendo se tornar altamente incapacitantes e de grande incidência na população. Cito como exemplo a depressão, que segundo a OMS é a doença mais incapacitante do planeta, e a previsão é de que assim permaneça até o ano de 2030”, conclui.
A OMS defende que a saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo consegue se recuperar do estresse vivenciado no dia a dia, usar suas próprias habilidades, ser produtivo e contribuir com a sua comunidade.
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