Decisão do prefeito Allyson Bezerra de reverter em favor do município a área onde está instalada a Porcellanatti, mesmo sabendo que a empresa está investindo para retomar a produção no Distrito Industrial de Mossoró, vai ser questionada na justiça
Por César Santos / JORNAL DE FATO
A decisão do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) de reverter em favor do município a área onde está instalada a Porcellanatti Revestimentos, mesmo sabendo que a empresa está investindo para retomar a produção no Distrito Industrial de Mossoró, vai ser questionada na Justiça pela empresa catarinense. É o caminho natural uma vez que a gestão municipal não abriu diálogo, nem deu oportunidade para o contraditório.
Os funcionários da Porcellanatti também decidiram reagir. Eles realizam ato de protesto contra a medida do prefeito Allyson em enfrenta ao Palácio da Resistência – sede da Prefeitura, às 10h.
A posição de Allyson gera desconfiança. É incompreensível uma gestão pública não oferecer condições para incentivar iniciativas que promete gerar emprego e renda. O caso da Porcellanatti ganha dimensão, dada ao volume de investimentos previstos na ordem de R$ 10 milhões, segundo a TB Nordeste Indústria e Comércio de Revestimentos S/A, atual denominação da Porcellanatti.
Outro ponto que deve ser observado é a estrutura do complexo industrial distribuido em uma área de 20 hectares, que soma mais de R$ 100 milhões em máquinas. Parece irracional determinar a saída de uma empresa desse porte com um simples decreto de reversão de terreno.
Em nota, a TB potiguar afirma que já está gerando 150 empregos diretos e indiretos e vai abrir até 250 postos de trabalho quando a fábrica retomar a produção. Ou seja, se a vontade de Allyson prevalecer, pelo menos 150 pessoas perderão o emprego, um impacto enorme na vida desses profissionais, principalmente nesse momento em que o País registra mais de 13 milhões de trabalhadores desempregados.
De fato, a Porcellanatti está em processo de preparação para reativar as máquinas e o setor comercial fechando negócios para escoamento da produção.
A empresa catarinense ainda informa:
1) O fornecimento de energia elétrica e água já foi reestabelecido;
2) Prestadores de serviços diversos já estão contratados, dentre eles os de serviços de saúde aos trabalhadores, de fornecedor de alimentação, segurança privada e de transporte fretado;
3) Está já em curso o fornecimento de matéria-prima para o processo produtivo;
4) As equipes de trabalho estão contratadas e já iniciaram suas atividades na planta;
5) Os equipamentos da fábrica estão sendo ativados, sendo este um processo sensível e de alta complexidade;
6) A área comercial da TB Nordeste já está comercializando os produtos que serão produzidos pela fábrica, com projeção de vendas acima do que inicialmente estimado.
Pois bem.
Como não houve diálogo e não existe abertura para o bom entendimento, a via judicial mostra-se ser a mais eficiente. De pronto, se estabelece a mesa de discussão com as partes envolvidas tendo a oportunidade de apresentar as suas defesas.
No entanto, melhor seria que não tivesse chegado a esse ponto. Se a Porcellanatti afirma que está investindo R$ 10 milhões para a retomada da produção, por que não a Prefeitura oferecer o incentivo ao invés de lutar contra? A não ser que outros interesses estejam por trás disso tudo.
Vamos ficar de olho.
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