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Postado às 11h00 | 12 Nov 2021 | Redação Funcionários da Itagres pedem que prefeito Allyson Bezerra os deixe trabalhar

Crédito da foto: Carlos Costa Funcionários da Itagres promoveram ato de protesto em frente ao Palácio da Resistência

Por Amina Costa / Repórter do JORNAL DE FATO

O Grupo Itagres, empresa que opera a Porcellanati Revestimentos Cerâmicos, em Mossoró, anunciou o retorno das suas atividades e já emprega 150 funcionários, direta e indiretamente. Apesar desse retorno, a Prefeitura de Mossoró (PMM) emitiu um decreto no qual estabelece o retorno do terreno, que foi doado no ano de 2004, para o Município.

A justificativa para o decreto é a falta de utilização do terreno, durante os anos em que ele está em posse do grupo. No entanto, uma manifestação pacífica realizada nesta quinta-feira, 11, em frente ao Palácio da Resistência, procurou mostrar para a população mossoroense e para a sociedade que a fábrica está funcionando e empregando funcionários de diversos setores.

Os funcionários da empresa exibiram faixas com frases do tipo “queremos trabalhar” “minha família precisa da Itagres”, entre outras. O objetivo da movimentação foi de informar à sociedade e à Prefeitura que a empresa está funcionando e que famílias dependem dos empregos que são gerados por ela.

O representante da Itagres, Marcelo Marcon informou que a empresa está viva, aberta e gerando empregos. Ele explicou também que a produção ainda não começou efetivamente por causa de alguns detalhes, mas que estão sendo gerados mais de 100 empregos diretos, além dos funcionários terceirizados que prestam serviço ao local.

“O nosso objetivo é mostrar para a sociedade e para as autoridades que estamos vivos e abertos. A gente só quer trabalhar, ajudar a desenvolver a nossa empresa. A gente só quer mostrar para a sociedade mossoroense que a gente está aqui. Por vezes passadas, a gente não conseguiu ligar a empresa e estamos sendo muito atacados na mídia por causa disso. Mas, o fato é que estamos empenhados com isso e a gente só quer trabalhar, para que a gente possa participar e desenvolver a cidade também”, informou o representante da empresa.

Marcos Nicoladelli, advogado da empresa, informou que aguarda da Prefeitura uma posição de entendimento sobre a situação de todos os funcionários diretos e indiretos da fábrica. O advogado informou ainda que a empresa vem sendo muito questionada sobre a data de início da produção em Mossoró, mas o que está sendo esquecido é que a empresa está funcionando e gerando empregos para os mossoroenses.

“A gente tem sido muito questionado com relação à data de início da produção, quando, na verdade não é esse o foco nem o objetivo. O objetivo é a geração de empregos. Hoje a empresa já está gerando 150 empregos, diretos e indiretos. O processo produtivo tem muitos detalhes, mas na fábrica muitos desses processos estão completos. A empresa já existe. Já pagamos a primeira folha de pagamento dos funcionários e estamos pagando os terceirizados”, explica Marcos Nicoladelli.

O advogado da Itagres informou ainda que, caso a Prefeitura mantenha esse posicionamento, cerca de 150 pessoas ficarão desempregadas e não levarão mais o sustento para seus familiares. Marcos Nicoladelli disse também que a empresa vem crescendo, com a contratação de funcionários efetivos e terceirizados.

“Faz três meses que a gente começou a trabalhar efetivamente. No mês de outubro, demos um salto de contratação de pessoas e fechamos o mês com quase 100 funcionários. Hoje já temos mais de 100 profissionais efetivos, fora a cadeia produtiva que isso traz junto. Nós temos empresa de transporte fretado, empresa de alimentação de segurança. Na área produtiva, são mais de 40 terceirizados”, relata.

O advogado informou também que o objetivo é se aproximar do prefeito Allyson Bezerra e dos secretários para construir parceiras em prol do desenvolvimento industrial da cidade. “Queremos ser parceiros da Prefeitura e, com isso, ajudar para o crescimento e desenvolvimento de Mossoró”, informa.

Cícero Medeiros, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do RN, acompanhou o ato e demonstrou o seu apoio aos funcionários e representantes da empresa. O sindicalista informou que o intuito do sindicato e da empresa é reverter esse decreto e dar continuidade ao trabalho desenvolvido por ela. Cícero explica que, para que a produção de cerâmica comece falta apenas a instalação do gás. “Estamos apoiando o movimento pacífico, com o intuito de que seja revertido esse quadro. Hoje, a fábrica está com toda a intenção de retomar a sua atividade. Se a prefeitura não mudar de ideia quanto a essa decisão, poderá prejudicar a cidade, pois terão menos empregos. As atividades estão sendo retomadas, estamos esperando apenas a ligação do gás. A partir do momento que começar a produzir, nós chegaremos a 300 empregos diretos”, argumenta o sindicalista.

Terceirizados pedem permanência da fábrica

Além dos mais de 100 empregos diretos que a Porcellanati Revestimentos Cerâmicos está gerando em Mossoró, a empresa também tem dezenas de profissionais que foram contratados para prestar serviço à fábrica. São empresas alimentícias, de segurança e de transporte, que atuam neste momento de retorno da produção.

Ariana Filgueira é funcionária terceirizada, que também aderiu ao movimento ocorrido nesta quinta-feira, 11, em frente ao Palácio da Resistência. Ela informa que, diariamente, a empresa que ela trabalha serve cerca de 120 alimentações para os trabalhadores, e que, se a fábrica fechar, vai prejudicar não apenas os funcionários efetivos, mas, também, os terceirizados.

“Se chegar a fechar, vai prejudicar tanto a gente, prestadores de serviço, quanto os funcionários que ficarão sem o sustento. Os funcionários estão recebendo os seus salários, e nós, terceirizados, também estamos recebendo pagamento. Está indo tudo bem, mas se parar, prejudica. A situação do nosso país já está muito difícil e tirar o emprego dessas pessoas é deixar todos desamparados. A prefeitura deveria nos apoiar e não tentar nos prejudicar”, fala a funcionária terceirizada.

PMM informa que não irá revogar o decreto

A reportagem do JORNAL DE FATO entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Mossoró. Por nota, a PMM informou que não irá recorrer do decreto publicado, determinando o retorno do terreno para o Município. A nota informa ainda que já existem empresas interessadas no terreno e no progresso industrial da cidade.

Confira a nota na íntegra:

“A Prefeitura de Mossoró esclarece que a reversão do terreno da Porcellanati se dá em virtude do descumprimento das metas por parte do grupo Itagres, que não mantém pleno funcionamento da empresa e consequente geração de emprego e renda no município. Mesmo de posse do terreno pertencente ao município e recebendo todos os incentivos fiscais, a empresa está com os serviços paralisados desde 2014. Informa que a empresa acumula dívidas trabalhistas com os ex-empregados, que segundo a própria categoria ultrapassa R$ 20 milhões; antigos prestadores de serviços, somando-se também à dívida de IPTU com a Prefeitura de Mossoró que chega a montante superior a R$ 10 milhões. Destaca que somente após a reversão do terreno, a empresa tenta mais uma vez se promover da mesma forma que ocorreu por diversas vezes ao longo dos últimos anos. Reforça que até o momento há duas empresas, já em contato com o Município, interessadas na instalação de fábricas no terreno em questão. Juntos, os dois empreendimentos preveem a geração de mais de 400 empregos diretos”, finaliza a nota.
 

 

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