Quarta-Feira, 22 de janeiro de 2025

Postado às 12h00 | 02 Jan 2022 | redação Campanha conscientiza promoção e proteção da saúde mental e emocional das pessoas

Crédito da foto: Reprodução Campanha Janeiro Branco

Por Edinaldo Moreno/ Repórter do JORNAL DE FATO

Inspirado no “Outubro Rosa”, o Janeiro Branco objetiva a conscientização da promoção e proteção da saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas. A campanha surgiu em 2014 por psicólogos de Uberlândia, no estado de Minas Gerais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que em torno de 12 milhões de brasileiros sofrem de depressão.

O número é equivalente a 5,8% da população, colocando o país em segundo lugar no ranking americano (atrás apenas dos Estados Unidos). A questão que motivou a criação do Janeiro Branco foi o adoecimento das pessoas em quantidade e ritmo preocupantes, esclarece a psicóloga Jordana Gurgel, graduada em Serviço Social (UERN), Pós-graduada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (UnP), Pós-graduada em Psicologia Organizacional (UnP).

“O Janeiro Branco, assim como outras campanhas, é relevante por gerar conscientização, combater preconceitos, enfrentar e quebrar paradigmas, orientar indivíduos e provocar autoridades a respeito de importantes questões relacionadas à vida”.

A profissional explica que sempre no início do ano novo as pessoas refletem mais sobre a vida e que justamente a campanha foi idealizada para esse primeiro mês do ano para aproveitar esse momento atrelado ao recomeço.

“No primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais. E, como em uma ‘folha ou em uma tela em branco’, todas as pessoas podem ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vida. A campanha Janeiro Branco foi idealizada para o primeiro mês do ano a fim de aproveitar esse momento de reflexão e de planejamento atrelado à simbologia de recomeço”.

No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde no final de 2020 detectou ansiedade em 86,5% dos indivíduos pesquisados, transtorno de estresse pós-traumático em 45,5% e depressão grave em 16% dos participantes do estudo. Sim, 86,5 % dos pesquisados em 2020 relataram sintomas de ansiedade e 45,5% estavam vivenciando estresse pós-traumático.

Pesquisa do Ibope Inteligência de 2020 mostrou que dobraram os casos de ansiedade em mulheres em vários estados, apontando que elas ficaram mais ansiosas boa parte do tempo durante a pandemia. Houve também um aumento no uso de medicamentos tarjados e naturais de 38% e 29%, respectivamente.

“Além do que temos visto nos consultórios, os dados e evidências de 2020 não nos deixam dúvidas dos inúmeros prejuízos na saúde mental causados pela pandemia. A ansiedade, o estresse e a depressão passaram a ser vistas em pessoas próximas e distantes. Os dados mostram o aumento de casos no Brasil. São pessoas que precisam de ajuda e podem estar ao nosso lado – seja um vizinho, alguém do trabalho, um parente ou uma pessoa que está em alguma das suas redes sociais”, explicou Jordana.

SAÚDE MENTAL

A psicóloga Jordana Gurgel destaca ainda que o cuidado mental nunca esteve tão em evidência. Ela reconhece a importância e a necessidade de repassar algumas dicas essenciais como o cuidado com a alimentação, a realização de atividades físicas, priorizar o sono, dedicar momentos às pessoas queridas e lazer.

“Comer bem não tem a ver apenas com a boa forma física, mas com o bem-estar geral. Opte por um cardápio variado e equilibrado. Coloque o corpo em movimento de forma regular, isso também contribui para a saúde e bem-estar emocional. É muito importante dormir bem, tendo uma boa rotina de sono. Noites mal dormidas colaboram para agravar os transtornos mentais/emocionais. Tenha momentos dedicados às pessoas queridas. É importante conviver com amigos, familiares e pessoas que nos fazem bem”, iniciou.

“Faça atividades que te deixem feliz. Ler, dançar, desenhar, jogar e o que mais puder te tirar de pensamentos de preocupação e obrigação do dia a dia. Faz bem para o corpo e para a mente estar ao ar livre, conectando-se ao meio ambiente e escapando um pouco da rotina puxada do trabalho e da casa. A fé independe de crença ou religião. Ela está ligada à forma como nos relacionamos com o mundo e com as pessoas, ao otimismo, à crença na vida e em algo que tenha significado para você. Existem várias formas de se conhecer como terapias, meditação, teatro, atividades lúdicas, self-care. É importante aceitar todos os seus sentimentos. Nossa cultura impôs que não é bom sentir raiva ou tristeza, mas estes sentimentos são importantes para que possamos ficar mais fortes e valorizarmos os sentimentos de amor, alegria, realização. A última dica é que procure um psicólogo e faça psicoterapia”, completou as dicas a psicóloga.

 

Psicóloga lista principais sintomas de que a saúde mental não estar bem

A psicóloga Jordana Gurgel lista vários sinais de que a saúde mental pode não estar bem. Segundo ela, assim como a física, a saúde mental é essencial para que o indivíduo tenha a capacidade necessária de executar suas habilidades pessoais e profissionais.

De acordo com ela, esses principais sintomas são: isolamento; problemas com o pensamento; alterações de sono (excesso ou falta); mudanças de apetite (excesso ou falta); comportamento incomum; indisposição constante, dificuldade para levantar ao acordar; alterações de humor, crises de choro, crises de raiva; medo em excesso e constante; sentimento de perda, vazio; e sensação de “sufocamento”, “aperto no peito”.

“A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que o conceito de saúde é bem mais abrangente que a simples ausência de doença: é um completo estado de bem-estar físico, mental e social e, dessa forma, merece atenção em todas as suas vertentes”, destaca Jordana.

A maioria das desordens mentais está ligada à carga da depressão, estresse e ansiedade. E isso, em caráter global, pois a OMS afirma que os números de depressão no mundo giram em torno de 300 milhões. O problema são as implicações da doença, porque há relação direta da depressão com o desenvolvimento de diversas enfermidades crônicas.

“Essa questão é, sem dúvidas, muito pertinente ao cenário atual, porém sempre fez parte da necessidade do ser humano. O panorama da saúde mental é preocupante, Além da depressão, o alcoolismo, isolamento social, perdas recentes, traumas de infância e dependência química também impactam a saúde mental”, enfatiza a profissional.

Conforme a cartilha da OMS sobre depressão e outras desordens mentais comuns, há intrínseca associação entre essa doença e o desenvolvimento de problemas psíquicos mais graves. Uma das preocupações é a influência das crises depressivas sobre ideações suicidas ou atos concretizados: o suicídio é a segunda principal causa global de óbitos entre jovens de 15 a 29 anos, apontam os dados da OMS.

“É fundamental cuidarmos dos nossos pensamentos e emoções com a finalidade de conduzi-los em uma trajetória de Bem-Estar. As escolhas que fazemos definem quem somos e aonde chegaremos, portanto é necessário que respeitemos o ritmo da nossa mente, nossas peculiaridades e limitações”, finalizou.

 

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