Por César Santos – Da Redação
“Estou aqui para reivindicar e cobrar. O professor é aquele que forma futuros engenheiros, médicos, e precisa ser valorizado. O reajuste salarial precisa ser cumprido.” A cobrança, no plenário da Câmara Municipal de Mossoró, seria comum se tivesse partido da oposição, mas foi um governista que fez cobrança de público ao prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade).
Omar Nogueira (Patriota) ocupou a tribuna da Casa, nesta terça-feira, para afirmar que a gestão municipal respeite a Lei do Piso do Magistério e pague o reajuste de 33.24% que é um direito dos professores. A posição de Omar recebeu apoio dos outros cinco vereadores governistas que formaram o bloco “Diálogo e Respeito”, sugerindo independência em relação ao Palácio da Resistência.
O bloco é liderado pelo vereador Tony Fernandes, do Solidariedade, partido do prefeito, e conta com Paulo Igo, também do Solidariedade, Carmem Júlia (MDB), Isaac da Casca (de saída do DC), Lamarque Oliveira (PSC), além de Omar Nogueira.
O grupo se uniu porque não estava se sentindo prestigiado pelo Palácio da Resistência. O foco de insatisfação surgiu em 2021, quando Tony Fernandes ameaçou deixar o Solidariedade depois de o prefeito ter “minado” a sua pré-candidatura a deputado estadual ao lançar o ex-vereador Soldado Jadson (Solidariedade) na sua área de atuação. O mau humor foi piorando na medida em que os seis vereadores deixaram de ser atendidos pelas secretarias e pessoas indicadas por eles foram exoneradas de cargos comissionados e terceirizados.
A reação efetiva dos seis vereadores surgiu no início do ano legislativo 2022. Eles criaram o bloco “Diálogo e Respeito” e, como primeira ação, se uniram à oposição para modificar o projeto de reforma da previdência encaminhada à Câmara pelo Executivo. O projeto foi aprovado com 11 emendas e o grupo impôs derrota ao Executivo.
No momento seguinte, Allyson mandou exonerar os profissionais das terceirizadas indicadas por Omar Nogueira como recado para os demais vereadores. O grupo não recuou, tanto que na sessão desta terça-feira prestou solidariedade a Omar e reafirmou que vai continuar exigindo “diálogo e respeito” do Executivo.
Em baixa
O bloco governista, que passou a ser chamado de independente, passa a funcionar como o fiel da balança na votação de matérias de interesse do Executivo. Somando-se aos três vereadores oposicionistas (Francisco Carlos, Marleide Cunha e Larissa Rosado) e três independentes (Pablo Aires, Didi de Arnor e Zé Peixeiro), eles chegam a 12 votos no plenário da Casa contra 11 que apoiam a gestão do prefeito Allyson.
A mudança é considerável. A atual gestão municipal começou em 2021 contando com 18 dos 23 vereadores. Apenas três na oposição e dois independentes. Essa maioria esmagadora proporcionou ao Executivo aprovar matérias polêmicas sem amplo debate e até sem respeitar a tramitação regimental.
Agora, o prefeito experimenta o momento administrativo e político mais delicado desde que assumiu o poder em 1º de janeiro de 2021.
Allyson Bezerra tenta reconquistar ex-governistas
Com a necessidade de reconstruir bancada sólida e com maioria na Câmara Municipal, o prefeito Allyson Bezerra concentra os esforços para levar de volta ao Palácio da Resistência os vereadores Zé Peixeiro (Progressistas), Didi de Arnor (Republicanos) e Gideon Ismaias (Cidadania). Os três já foram governistas, mas deixaram a bancada ainda em 2021 insatisfeitos com o tratamento recebido do Palácio da Resistência.
A estratégia de convencimento é a distribuição de cargos em empresas terceirizadas e mais espaços na máquina administrativa. Os três vereadores, no entanto, até ontem afirmavam que continuam como independentes.
Zé Peixeiro foi noticiado como certo no caminho de volta à base de sustentação política do prefeito Allyson Bezerra. A decisão de Peixeiro, não confirmada, seria resultado do diálogo que o chefe do Palácio da Resistência abriu com ele nos últimos dias. O vereador, porém, negou que esteja voltando para a bancada do prefeito.
“Eu continuo na bancada dos independentes. Vou votar as matérias, seja da Prefeitura ou da oposição, levando em conta o interesse da população”, disse. “Alguns jornalistas noticiaram que eu estava voltando para o governo sem me ouvir, sem falar comigo, acho que isso não é certo”, reclamou.
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