Sábado, 23 de novembro de 2024

Postado às 15h15 | 01 Mai 2022 | redação Henrique Alves: ‘O MDB deixou de me ouvir, me ver e de falar comigo’

Em entrevista ao Cafezinho com César Santos, ex-deputado federal Henrique Alves faz revelações importantes, fala sobre a crise político-familiar de forma aberta e direta pela primeira vez. E afirma que está pronto para voltar à Câmara dos Deputados

Crédito da foto: Jornal de Fato Ex-deputado federal Henrique Alves tomou o Cafezinho com César Santos

Por César Santos /  JORNAL DE FATO

Aos 22 anos, Henrique Eduardo Alves decidiu lutar para manter erguida a bandeira de luta de Aluízio Alves, seu pai. Tempos difíceis, de uma ditadura desumana. O jovem cresceu dentro da Câmara dos Deputados, cumprindo 11 mandatos por 44 anos consecutivos. Foi presidente da Casa, assumiu cargos importantes no governo brasileiro, sendo ministro do Turismo no governo Dilma Rousseff (PT), até cair na escuridão da operação Lava Jato, ficando preso preventivamente por 11 meses, sem ter uma condenação sequer, e depois saiu absolvido pela própria Justiça.

Não foi só isso.

Ao retornar à vida política, viu que não tinha mais espaço no MDB, partido que ele construiu no Rio Grande do Norte e comandou por 52 anos ao lado do primo ex-senador Garibaldi Filho, hoje seu adversário político. Ele saiu para o PSB, partido pelo qual tentará voltar à Câmara dos Deputados nas eleições de outubro.

Para falar sobre tudo isso, Henrique Alves tomou o “Cafezinho com César Santos”. Conversa longa na sede do Jornal de Fato, na tarde de sexta-feira, 29. Ele faz revelações importantes, fala sobre a crise político-familiar de forma aberta e direta pela primeira vez. E afirma que está pronto para voltar à Câmara dos Deputados.

 

O senhor deixou o MDB depois de 52 anos. As versões que tentam justificar a mudança são desencontradas, mas estão concentradas na crise em família. O que houve, na verdade? Onde foi que se quebrou a histórica aliança de Henrique/Garibaldi Filho?

União mais do que histórica, era uma vida política, pública e emocional. Não há versões, desculpe, há um fato só. Conversei com Garibaldi na véspera do Natal (2021), como sempre faço há mais de cinquenta anos. Nos congratulamos, desejamos muitas alegrias, muito sucesso e eu até o parabenizei pelo artigo que ele publicou na Tribuna do Norte sobre o Monsenhor Expedito. No início de janeiro, fui surpreendido quando eu li uma declaração dele rompendo comigo politicamente e até familiarmente. Foi difícil acreditar o que eu estava lendo, mas a minha relação com o Garibaldi foi e é tão boa, é tão histórica, é tão emocional, é de tanta gratidão recíproca, que eu resolvi superar esse assunto.

 

Mas, o que houve na verdade que levou ao rompimento político e familiar?

Eu aprendi ouvindo muito meu pai que dizia: meu filho, a boa política se faz com respeito e sem medo. Depois que o judiciário nacional me fez justiça e me trouxe de volta, livre de um processo que eu sabia que era inocente, eu não tenho ódio de nada. Estou de cabeça erguida, com muita consciência e com muita fé, e assim eu vou buscar um novo Rio Grande do Norte. Esse é o espírito que existe dentro de mim. Então, como disse antes, resolvi superar esse assunto, mantendo todo o respeito que tenho por Garibaldi.

 

Quando o senhor deixou o MDB, depois de 52 anos...

(interrompeu) Não deixei o MDB, fui deixado por esse momento que vive o MDB.

Voltando à pergunta: o senhor disse, na nota de despedida, que o MDB do Rio Grande do Norte se apequenou. Por quê?

Antes de responder, deixe eu agradecer a gentileza de você me receber aqui no Jornal de Fato, um jornal de tanta tradição e respeito em Mossoró e todo o Rio Grande do Norte. Veja, as coisas vinham acontecendo, prazos eleitorais importantes estavam se exaurindo, como o da mudança e filiação a partidos (janela partidária encerrada em 1º de abril), e o partido não me dizia nada. Naturalmente, eu precisava saber qual seria a nominata para deputado federal do MDB, de que forma eu poderia contribuir com as relações que eu construí ao longo desses mais de 50 anos, mas não recebi nenhum retorno, nenhuma informação. O MDB num momento tinha o vice da governadora Fátima Bezerra; noutro momento, de repente, iria indicar o vice do Ezequiel Ferreira (presidente da Assembleia Legislativa) em oposição à Fátima. O MDB nunca foi assim. Eu queria entender o que estava acontecendo para me posicionar como sempre eu fiz, mas, lamentavelmente, não recebi nenhuma resposta do partido. Essa arrumação estadual que eu não conseguia entender com clareza, hora aqui, hora acolá, me fez perceber que o MDB deixou de me ouvir, de me ver e de falar comigo. E quem não fala e não vê o outro é porque não quer a presença do outro. Vi nesse momento que o MDB estadual se apequenou.

 

Deixar o MDB onde o senhor viveu todas as suas emoções na vida pública desde jovem e por mais de 50 anos deve ter sido um momento difícil...

Foi com muito sofrimento e, talvez, a mais difícil da minha vida. Aqui é um desabafo: passei três dias e três noites tentando redigir o provável momento de minha saída do MDB e não conseguia. Xingava, rasgava, rascunhava, me emocionava e até que chegou o dia fatal. Naquele momento, eu recebia a atenção e o respeito de seis partidos que, através de suas lideranças nacionais me convidavam. Era o respeito de todos a minha história, mas eu tinha uma decisão para tomar, como eu disse, com muito sofrimento, muita dor no coração, mas tive que fazer. O MDB é como se fosse uma tatuagem no meu corpo, uma tatuagem bonita. Essa casa do MDB era tão generosa, tão grandiosa, que eu ajudei a fazer com minhas próprias mãos, desde menino, à época com 22 anos, lutando contra a ditadura e pela democracia no Brasil, de repente mudou. O partido grandioso, sempre aberto para o diálogo, sempre democrático, sempre generoso, sempre fraterno, não conversa mais, não ouve mais, não fala, não vê. Então, aqui eu falo de sentimentos que uniam o MDB, do querer bem, do respeito. Mas, esse é um episódio que eu resolvi virar a página pelo imenso carinho que tenho por Garibaldi. Eu não consigo querer mal porque é uma vivência de 52 anos, ele sabe como eu sei que ele sabe o que passamos juntos. Não é possível chegar agora e ver outro Garibaldi. Não consigo enxergar outro Garibaldi. Respeito, viro a página, vamos pra frente, e desejo a ele e a todos boa sorte.

O senhor fala que é hora de buscar o novo Rio Grande do Norte. Esse novo é representado por sua pré-candidatura a deputado federal?

Eu acho que hoje, todos nós, sobretudo a geração nova, os jovens que estão chegando, e eu até aproveito a oportunidade para pedir ao jovem de 15 a 18 anos se filiar até o dia 4 de maio, porque é muito importante essa energia nova para transformar o RN e o Brasil. Então, a gente sempre busca o melhor e não é a relação priorizar a minha candidatura, até porque você não é candidato de si mesmo. Isso aí a vida me ensinou também. Eu não quero ser deputado porque já fui deputado 11 vezes, mas, sim, por entender o que eu ainda posso oferecer ao nosso estado e ao país. Acho que temos o reconhecimento do eleitor. A minha décima primeira eleição foi a que eu tive mais votos, isso é um dado importante, como é que você chega à décima primeira consecutiva eleição e tem mais voto do que em todas as outras? Eu recebi 189 mil votos. Então, não é por isto, porque eu fui presidente da Câmara, porque eu fui líder do MDB na época com 82 deputados federais, por seis vezes, todos por aclamação, que quero voltar. Não é essa visão egoísta, pequena, que me motiva. Tudo que eu vivi, tudo que a vida me deu, eu só tenho a agradecer. Mas eu quero saber se aquilo que eu ouço, não sei se por generosidade ou por reconhecimento, eu poderia fazer mais. Então, eu estou ouvindo as pessoas quando venho a Mossoró, quando vou ao Seridó, quando vou caminhar pelo Oeste. Procuro ouvir o que eu ainda posso ajudar com a minha experiência, com relacionamentos que eu tenho, com tudo o que eu pude aprender da vida pública. Esse projeto não é vontade pessoal, nem egoísmo ou uma ambição qualquer. Quem decidirá são os meus amigos, minhas amigas, o “Bacurau” da bandeirinha verde, que eu não consigo esquecer; tá dentro de mim e nas minhas mãos. Essas pessoas e os novos que eu quero encontrar, amigos novos que eu quero fazer, eles decidirão o que querem mais de Henrique Eduardo Alves.

 

A sua candidatura a deputado federal, provavelmente, baterá de frente com a de Garibaldi Filho, que também tentará se eleger à Câmara. Até pouco tempo, seria inimaginável um enfrentamento eleitoral entre o senhor e Garibaldi. Como o senhor vai encarar essa realidade?

Não há como ir para o enfrentamento com Garibaldi. O meu respeito por ele é muito grande, o meu carinho por ele continua o mesmo. Ele pode ter se distanciado de mim, mas emocionalmente eu não me distancio dele porque é uma vida e não acaba assim. Então, não haverá uma disputa entre nós dois. Desejo boa sorte a Garibaldi para que ele possa convencer os seus eleitores, e eu vou tentar convencer os meus.

Mas, é impossível não ter uma disputa entre o senhor e Garibaldi na base eleitoral do verde bacurau...

Eu herdei a minha formação política e de homem público de um homem extraordinário, visionário. Eu lembro quando aos 21 anos meus amigos foram ao Rio de Janeiro para me dizer que a luta de Aluízio Alves não poderia parar. Naquele momento, a violência da ditadura estava a mil. A minha família caçada pela ditadura militar, meu pai, meus tios Garibaldi Alves e Agnelo Alves. Os amigos querendo que eu continuasse a luta. O meu pai não queria que eu passasse o que ele estava passando, sofrendo com a ditadura muito cruel, muito desumana. Mas, eu vi o olhar dele pra mim em alguns momentos e percebi que ele queria que eu dissesse sim. Aí eu disse, eu vou. Naquele momento, ele me entregou a bandeira dele, me abençoou e disse: meu filho, continue a minha luta. Foi o início de uma longa caminhada e hoje essa esperança que ele semeou eu quero manter viva no Rio Grande do Norte. Sem qualquer ressentimento ou mágoa de quem quer que seja, eu estou pronto para continuar. Eu sei o que eu vivi e o que eu vivi não me diminuiu; engrandeceu-me. Hoje, eu sou mais forte do que ontem, porque é uma força que vem lá de dentro da alma, da fé na justiça, do sentimento das pessoas. Então, vou perguntar: vocês acham que eu ainda posso ajudar ao meu estado? Se me disserem sim, eu vou oferecer toda a minha experiência, determinação e trabalho, porque eu devo tudo ao povo do Rio Grande do Norte. Essa é a minha determinação e não passa por qualquer enfrentamento com Garibaldi.

 

O PSB, seu novo partido, apoia a reeleição da governadora Fátima Bezerra, que terá o seu primo e desafeto político Walter Alves como vice. O senhor terá dificuldades de apoiar a chapa que pode levar Walter ao governo estadual?

O meu foco agora é a possível candidatura minha a deputado federal. Volto a dizer, eu vou ouvir meus amigos, as pessoas que eu posso e vou reencontrar, essa juventude que chega vibrante querendo participar, essa será a nossa missão. Eu quero conversar, mostrar para aos jovens a importância de participar do processo. Vou dizer que eles têm da família, têm trabalho, têm responsabilidades, e na hora que eles não participam das eleições, deixam que outros participem por eles, e isso não é certo. Eu quero dialogar, tentar convencer as pessoas ou ser convencido por elas sobre o momento de decidir o futuro do país. Com relação à chapa majoritária, pra você ter ideia, eu não falo com a governadora Fátima há meses. Com todo respeito que tenho pela governadora, fui seu colega na Câmara, no Congresso Nacional, entendo que ainda não chegou a hora para abrir esse diálogo, até porque eu também não julgo o caminho que ela está definindo. Vamos aguardar o que vai acontecer. Eu sempre fui, e é um dos orgulhos que tenho, homem de partido, que respeita as decisões do partido. Quero até lamentar o que o MDB está fazendo com Simone Tebet, honrada senadora, uma pessoa da melhor qualidade, que colocou seu nome à disposição para disputar a Presidência da República. O partido precisou dela, a convocou e ela aceitou, e hoje eu não vejo ninguém no partido defendendo a sua candidatura. Eu fico estranhando e triste porque ninguém do MDB defende o nome da sua pré-candidata a presidente. Essas coisas enfraquecem os partidos porque os partidos têm que ter coerência, têm que ter projeto, eu não vejo projeto amplo para o Rio Grande do Norte. Eu acho que a discussão de espaço pra mim, espaço pra você, visto hoje, não tem importância e não acrescenta absolutamente nada.

Vou insistir: O senhor apoiará a chapa com a presença de Walter Alves, que é visto como o pivô da crise entre o senhor e Garibaldi? Isso causa incômodo?

Não me causa incômodo. Eu acho que o importante é procurar no momento certo o melhor para o Rio Grande do Norte, independente de nomes. O que interessa ao futuro governo são propostas, ideias, independente de nome. O que será colocado em debate é o que o novo governo ou governo a continuar fará para melhorar a vida das pessoas. Emprego, renda, empreendedorismo, questão ambiental que é tão importante no Brasil e no Rio Grande do Norte devem ser colocados em debate. Acho que é muito mais importante ideias, projetos, mostrar a cara e aquilo que quer fazer do que se discutir eventuais nomes em chapas de A, B ou C.

 

A governadora Fátima Bezerra caminha para ter dois Alves em sua chapa, algo inédito na disputa majoritária no Rio Grande do Norte. Como o senhor vê essa possibilidade?

Cada vez mais, a verdade faz bem às pessoas. Isso leva a um resultado melhor, então, a chapa deve ser explicada ao eleitor. Eu vejo críticas de correligionários do próprio PT em relação a isso, mas se tiver um bom projeto a apresentar à população, a chapa pode partir para o convencimento, que é necessário. A chapa tem Carlos Eduardo, do PDT, que tem Ciro Gomes candidato a presidente, adversário de Lula que é o candidato da governadora. O MDB, que está na chapa, também tem candidata à presidência da República, que é a senadora Simone Tebet. Essas questões devem ser encaradas porque cada vez mais o eleitor brasileiro vai exigir clareza, transparência, verdade. Os partidos terão que justificar porque isso, porque aquilo, qual é a razão disso, qual é a razão daquilo, pra que depois não se arrependa do que fez. As pessoas têm que ter capacidade de convencer ou de serem convencidas. Acho que esse momento de sobrenomes deve ser tratado com respeito ao cidadão-eleitor. Acho que temos que falar sobre a boa política e não tratar o debate sobre a velha ou a nova política, hoje, a dificuldade que temos. Não quero nominar A nem B, nem C, porque eu não quero particularizar, mas o Brasil hoje vive um clima de intolerância, de radicalismo, de polarização, e isso é muito ruim. O Brasil não é isso, o Brasil não foi isso, o Brasil não quer isso.

Como o senhor vê o cenário político e eleitoral do RN?

Muito confuso. Talvez seja o estado que tenha mais demorado a definir candidaturas majoritárias. No Ceará, Alagoas, Paraíba, Pernambuco, já tem candidaturas ao governo bem definidas. Aqui, esse cenário demorou muito a se construir. Quanto tempo se esperou, por exemplo, pela candidatura da oposição? Quanto tempo ficou aguardando a candidatura a governador de Ezequiel Ferreira, que teria Walter Alves como vice? Até hoje tem questionamentos. Isso gera um cenário muito confuso. A governadora Fátima está fazendo a sua parte, fazendo o seu trabalho, procurando as suas alianças, é o papel dela, mas eu fico pensando na cabeça do eleitor, do cidadão, dos jovens, sobretudo o que estão pensando nesse momento... Eles estão apoiando o atual governo, estão gostando do governo, estão criticando o governo, acham que é melhor continuar ou mudar? Eu fico imaginando o que passa na cabeça do eleitor, do cidadão, da cidadã.

 

Mas, essa inquietação do cidadão-eleitor é natural no estágio de pré-campanha, o senhor não acha?

Com a experiência que tenho, consigo entender essa inquietação, mas temos uma indecisão muito acentuada. As pesquisas revelam um número de indecisos assombroso para deputado federal e estadual, chegando a bater os 90 por cento. Acho isso ruim para a democracia porque se gera insegurança. Mas, ainda tem tempo e eu espero que isso possa mudar nos próximos dias quando o cenário ficará mais claro na cabeça dos eleitores.

 

O senhor não acha que dificuldade para definição de cenário é consequência da mudança de regra de disputa proporcional com fim das coligações e a possibilidade de federações partidárias?

Temos hoje 33 partidos no Congresso Nacional, não há democracia que se fortaleça com esse grande número de partidos. Como é que você vai obter o consenso, o convencimento e uma média consensual, digamos assim, para aprovar projetos importantes para o País com 33 partidos? Eu fui a favor de acabar com coligações proporcionais porque eu acho que está na hora de cada partido mostrar a sua origem, o que pensa, o que quer, com clareza, transparência. Então, acabou a coligação para reduzir partidos e ter partidos mais fortes, mas aí as pessoas estão procurando partidos que viabilizem as suas candidaturas, as suas eleições, sem qualquer outro compromisso, é o que chamamos de oportunismo. Ulisses Guimarães dizia que partido não é hospedaria, que você troca de acordo com o que lhe oferece um quarto melhor, um espaço maior, janela com vista para o mar. O partido tem que ter cara, tem que ter uma ideia, tem que ter uma palavra, tem que ter um projeto, tem que conquistar assim.

O troca-troca de partido, que torna o político e a política sem identidade, ajuda a justificar o quadro de instabilidade e insegurança que vive o País?

Eu me preocupo muito com esse quadro de instabilidade. Acho que esse clima de conflito é muito grave. Esse conflito que rasga a Constituição que eu ajudei, que eu escrevi com a minha presença no Congresso Nacional, quando não há harmonia entre os Poderes, que é um dos itens fundamentais. Tudo isso é muito preocupante no Brasil de hoje. Veja as consequências, um dia a bolsa de valores sobe, no outro dia ela cai. Um dia, o dólar sobe, outro dia ele cai. Isto é fruto da insegurança jurídica dos investidores. A inflação dispara, tivemos agora em abril a inflação mais alta para o mês dos últimos 27 anos. Por que isto? Como o povo mais pobre está conseguindo sobreviver com essa inflação, com esses juros, com a energia cara, com o preço dos combustíveis em alta? Esse clima de radicalismo, que aí está, não pode ter vencedores e o Brasil ficar vencido. Eu espero, com a minha experiência, conseguir trazer boas ideias para expor ao Rio Grande do Norte e assim a gente conduzir o Estado para melhor caminho. É o povo que vai me dizer o que ele quer que eu siga, e que essas luzes possam chegar a toda classe política do meu estado.

 

O que o senhor espera que o povo do Rio Grande do Norte diga no seu retorno à vida pública?

O jovem com 22 anos hoje já é empreendedor, empresário, produtor, agricultor, já é pecuarista na vida. Eu, com 22 anos, em 1970, não era assim. Eu lembro quando eu cheguei à Câmara dos Deputados, com essa idade, entrava no elevador repetidas vezes e tinha que me identificar, mostrar a carteirinha de parlamentar repetidas vezes, e ainda não acreditavam. Essa experiência que eu adquiri ao longo desse tempo, com derrotas, vitórias, alegria e dores, eu sei o que eu passei. Tive a prisão preventiva mais absurda, mais criminosa do país porque não tinha uma condenação e de repente vivi o que eu vivi, mas graças a Deus eu saí de coração limpo. Consegui cicatrizar as feridas, mas isso em certo momento dá uma revolta muito grande. Perguntava: por que eu estou aqui, por que estou preso se não cometi crime, nem tenho condenação? Mas, graças a Deus chega a hora da justiça e o judiciário nacional me inocentou, me absorveu. Isso me deu uma alegria interior muito grande e saí de cabeça erguida. Essa fase da minha vida me fez uma pessoa muito experiente, uma pessoa bem melhor. Quem não se levantou já alguma vez em sua vida, seja em que ramo for? O importante é você saber que pode se levantar como eu me levantei. Primeiro, não adianta guardar rancor, ódio, ressentimento, porque você fica escravo daquilo. A outra pessoa não está nem sabendo que você está se escravizando de ódio, tendo raiva, não querendo encontrar. É um caminho absolutamente errado, sobretudo na política. Eu volto a dizer, você tem política na política, tem política no trabalho, tem política na família, tem política em tudo. Mas, na hora que você vai falar em nome de uma conjuntura, de uma representatividade, você não pode errar, porque está falando não só por você, mas por milhares de pessoas que você representa. Então, eu espero que esse momento eu possa trazer essa minha experiência, a minha vivência de erros, acertos, alegrias, tristezas, vitórias, derrotas para perguntar se eu ainda posso contribuir na Câmara Federal aos meus amigos, minhas amigas, meus novos amigos, minhas novas amigas, meu querido Bacurau.

Tags:

Cafezinho com César Santos
Jornal de Fato
entrevista
Henrique Alves
política

voltar