Quinta-Feira, 23 de janeiro de 2025

Postado às 14h00 | 20 Mai 2022 | redação Presidente diz contar com Musk para barrar “mentiras” sobre a Amazônia

Crédito da foto: Reprodução Megaempresário Elon Muks e o presidente Jair Bolsonaro em São Paulo

Por Congresso em Foco

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta sexta-feira, 20, ao bilionário Elon Musk, em Porto Feliz (SP), que conta com sua colaboração para que “a Amazônia seja conhecida por todos” e para combater, no Brasil e no exterior, a propagação de “mentiras” sobre a devastação na região.

“Nós pretendemos, precisamos e contamos com Elon Musk para que a Amazônia seja conhecida por todos no Brasil e no mundo, a exuberância dessa região e como ela é preservada”, declarou o presidente ao megaempresário sul-africano naturalizado norte-americano em um hotel no interior paulista. Além de autoridades federais, um seleto grupo de empresários brasileiros também participa do encontro.

“A Amazônia para nós é muito importante. Sempre quando a gente fala em João 8:32 [passagem bíblica], sobre conhecer a verdade e ela nos libertar, nós defendemos, precisamos e contamos com o Elon Musk, para que a Amazônia seja conhecida no mundo todo”, disse o presidente, contestando números oficiais que mostram a escalada do desmatamento, da mineração e da exploração ilegal de terras na Amazônia durante o seu governo.

Bolsonaro afirmou que o bilionário poderia “estar preocupado consigo próprio”, mas que decidiu, em gesto de altruísmo, viajar o mundo em defesa da “liberdade”. “O exemplo que ele nos deu há poucos dias, quando se anunciou a compra do Twitter, para nós aqui foi como um sopro de esperança. O mundo todo passa por pessoas que tem vontade de roubar essa liberdade de nós.” As negociações para a concretização do negócio, porém, têm se arrastado nas últimas semanas.

Em mensagem publicada no Twitter, Elon Musk disse que estava muito animado por lançar um plano de conectividade rural e monitoramento da Amazônia. “Super animado por estar no Brasil para o lançamento do Starlink para 19.000 escolas desconectadas em áreas rurais e monitoramento ambiental da Amazônia!”, escreveu Musk.

A vinda dele ao Brasil foi costurada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, com quem o bilionário se encontrou em novembro do ano passado nos Estados Unidos.

Uma das novas empresas de Musk, a Starlink deve operar satélites na órbita baixa no Brasil. Em janeiro, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), com intermediação do governo Bolsonaro, atendeu ao pedido da Starlink para dar início à exploração comercial do seu sistema de satélites de órbita não estacionária no país. O projeto promete levar internet banda larga, sobretudo, a áreas de difícil acesso.

De acordo com o ministro das Comunicações, o governo federal quer utilizar satélites de órbita baixa para levar internet para áreas rurais e lugares remotos. E também para ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na Amazônia. A Starlink, que faz parte do SpaceX, envia informações por meio do vácuo do espaço, onde se desloca mais rapidamente do que em cabos de fibra óptica, o que a torna, segundo a própria empresa, mais acessível a mais pessoas e locais.

Para a ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a parceria não pode ser boa apenas para o bilionário, mas precisa deixar frutos no Brasil.

“Vejo que o governo Bolsonaro pretende abrir os céus do país para Musk criar raízes por aqui. Parcerias, especialmente tecnológicas, são bem-vindas, desde que sejam uma via de mão dupla, com transferência de tecnologia e reforçando nossos programas já existentes”, pontuou Perpétua.

“Naturalmente o objetivo de Musk é comercial. Quer abocanhar esse gigantesco mercado que é o Brasil, com grande déficit de regulação e, óbvio, às custas de subsídios com dinheiro público. A Amazônia e nós, os amazônidas, sempre somos a justificativa. Somos a ‘vitrine’, a cobiça “, ressaltou a deputada.

Para ela, o governo brasileiro precisa esclarecer por que abandonou o Programa Espacial Brasileiro (PEB). “Pergunto: por que os recursos para bancar este acordo com Musk não são direcionados para o nosso PEB? Inclusive com parceria, porém, sem entreguismo”, questionou.

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