Quinta-Feira, 23 de janeiro de 2025

Postado às 11h15 | 25 Jun 2022 | REDAÇÃO Rivelino Câmara: ‘Carlos Eduardo é desagregador; tem espatifado por onde passa’

Presidente da Associação dos Municípios do Oeste Potiguar afirma que os prefeitos que compõem a entidade não querem votar em Carlos Eduardo para senador. No Cafezinho com César Santos, ele diz os motivos da posição dos gestores municipais oestanos

Crédito da foto: Jornal de Fato Rivelino Câmara no Cafezinho com César Santos

Por César Santos / JORNAL DE FATO

Quase a totalidade dos prefeitos que compõem a Associação dos Municípios do Oeste Potiguar (AMOP-RN) não quer votar no ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) para senador. Grande parte desses gestores apoia a reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT), que tem Carlos como pré-candidato ao Senado.

Mas, por que a rejeição ao ex-prefeito de Natal?

Esse foi um dos temas abordados pelo prefeito de Patu, Rivelino Câmara (MDB), que preside a AMOP-RN, no Cafezinho com César Santos. “Ele (Carlos Eduardo) é um desagregador, tem espatifado por onde passa”, afirmou.

Rivelino diz que os gestores municipais, em sua maioria, apoiam a chapa Fátima/Walter Alves, mas vão com o ex-ministro Rogério Marinho (PL) para o Senado da República. E, dentro do MDB, ressaltou Rivelino, não há possibilidade de convencimento em prol de Carlos Eduardo. Leia:

O senhor apoia a chapa PT/MDB para o Governo do Estado, mas não apoia candidato a senador da chapa que é o ex-prefeito Carlos Eduardo, do PDT. Essa é uma tendência dos prefeitos que apoiam o governo?

É, sim. Nós temos que ter a ideia de fortalecer a governadora Fátima Bezerra, que tem sido parceira dos municípios, assim como temos o mesmo pensamento em relação ao ex-ministro Rogério Marinho, que é o nosso candidato a senador. No Ministério do Desenvolvimento Regional, ele adotou como meta um trabalho de apoio aos municípios, que é onde as pessoas vivem. Rogério levou muitas obras para todos os municípios do nosso estado. Diante dessa parceria com os municípios, posso afirmar que os prefeitos o apoiam. Em nossa região, a grande maioria dos gestores vota na governadora Fátima e no senador Rogério.

 

A governadora Fátima e o ex-ministro Rogério são de palanques diferentes, de projetos diferentes, de ideologias diferentes, daí, pergunto: onde fica a coerência política?

Nós, prefeitos, estamos respeitando a parceria político-administrativa que fizemos com a governadora Fátima e, também, com Rogério. Essa parceria com Rogério foi construída ao longo do período que ele esteve no Ministério do Desenvolvimento Regional e atendeu os pleitos em favor dos municípios. No caso dos prefeitos do MDB, que é o meu partido, é preciso observar que a aliança com a governadora Fátima é mais recente. Quando o MDB fez essa composição com o PT e PDT, nós já tínhamos firmado compromisso com Rogério para o Senado Federal. Então, criou uma situação nova que é estarmos com Fátima e Walter Alves para governo e com Rogério Marinho para o senado.

Há uma clara rejeição dos prefeitos do MDB ao ex-prefeito Carlos Eduardo, que é o pré-candidato a senador da chapa Fátima/Walter. Onde se sustenta essa rejeição?

Apesar de ter sido prefeito de Natal, ele não reconhece a luta dos prefeitos e, recentemente, até deu declaração colocando os gestores municipais sob suspeita quando questionou a aplicação de recursos de emendas parlamentares nos municípios. Aquela declaração afastou ainda mais a possibilidade de uma aproximação. Como alguém pode dar uma declaração daquela? Os municípios enfrentam problemas de toda ordem e são os prefeitos que estão presentes no dia a dia para resolvê-los. As pessoas moram nos municípios e é nos municípios que os problemas existem. Então, mesmo que venham mais recursos, vão ter sempre demandas para resolver. Carlos Eduardo, que foi prefeito, deveria entender isso e fortalecer a luta dos gestores municipais, mas ele optou por fazer o contrário.

 

O senhor, então, quer dizer que a opção por Rogério Marinho tem a ver com a luta municipalista?

Temos que reconhecer que a luta municipalista se fortaleceu muito através das associações regionais, das federações e da confederação dos municípios. Também temos que ressaltar, por dever de justiça, a presença de Rogério Marinho no Ministério do Desenvolvimento Regional, que abriu uma maior possibilidade de os municípios do Rio Grande do Norte terem maior acesso aos recursos federais. Aliás, é bom esclarecer que esses recursos que chegam aos municípios por meio de convênios e emendas parlamentares são fiscalizados pela Controladoria Geral da União, Ministério Público, Tribunal de Contas, entre outros órgãos. Se existir algum problema em sua aplicação, os órgãos de controle existem para fiscalizar. Agora, não pode é um ex-prefeito (Carlos Eduardo) levantar suspeita contra os gestores municipais.

 

A declaração de Carlos Eduardo foi decisiva para que os prefeitos afastassem a possibilidade de apoiá-lo para senador?

Ele disse que os prefeitos estavam com bolso cheio de dinheiro, que eram recursos que vêm da União e que não sabiam onde eram aplicados. Foi um absurdo. Eu acredito que isso aí sepultou de vez qualquer possibilidade de um prefeito votar nesse cidadão para o Senado.

Mas, o presidente estadual do MDB, Walter Alves, anunciou que o partido apoiará Carlos Eduardo e que vai tentar agregar o máximo que puder a essa aliança. O senhor não vê possibilidade de convencimento e os prefeitos mudarem em relação a Carlos Eduardo?

Essa possibilidade não existe. O próprio Walter Alves acompanhou, antes da formação da aliança com a governadora Fátima, os prefeitos conversando com Rogério, firmando parceria, buscando recurso para os seus municípios. Antes de conversar com Rogério, eu conversei com Walter sobre a nossa posição. Eu sigo a liderança de Walter a nível de partido e respeito a aliança que o MDB fez com o PT. Agora, ele já tinha conhecimento do apoio dos prefeitos a Rogério Marinho. Posso garantir que dos cerca de quarenta prefeitos que fazem parte da nossa entidade (Associação dos Municípios do Oeste Potiguar), quase todos não devem votar em Carlos Eduardo, porque ele tem um projeto pessoal, individual, e em nenhum momento vem agregar a nossa luta. Ele é um desagregador e, como diz o ditado popular, tem espatifado por onde passa. Dessa forma, decidimos que vamos apoiar a reeleição da governadora, com Walter vice-governador, mas não acompanharemos o candidato a senador da chapa.

 

O senhor proibiu Carlos Eduardo de subir no palanque de inauguração de obras e o chamou de “pilantra”. Foi uma reação dura e, de certa forma, deselegante. O que motivou a sua revolta?

Eu não esperava a presença dele em Patu, ele não tinha sido convidado. Estávamos inaugurando obras importantes, como a recuperação da estrada (trecho da RN-078) que vai ao Santuário do Lima e a sinalização, urbanização, calçadão, iluminação e outras ações no município. A governadora Fátima, depois conversando comigo, disse que tinha convidado ele, mas eu não sabia. Agora, eu votei em Carlos Eduardo nos dois turnos das eleições de 2018. Depois da campanha, eu tive a oportunidade de encontrar com ele em outros momentos e não houve cordialidade, e isso vai somando. E para fechar a tampa do caixão, como diz o ditado popular, nós tivemos o vídeo que ele fala dos prefeitos. Então, enquanto prefeito tenho me envolvido no movimento municipalista, vivenciado os problemas dos municípios, lutado muitas vezes em Brasília, em busca de fortalecer nossa luta, me deparar com um vídeo daquele, em que ele coloca os prefeitos sob suspeita, é muito revoltante, e a hora que vi aquele cidadão, sem ter sido convidado, tive uma reação, digamos, extemporânea, saiu aquela frase que todos viram.

O senhor preside uma entidade que agrega quase a totalidade dos municípios do Médio e Alto Oeste do RN. É, sem dúvida, uma associação importante e com influência política. De que forma essa organização pretende participar das eleições 2022?

Hoje a gente tem trinta e oito municípios filiados e chegaremos a quarenta e dois até o início de julho, ou seja, estamos reunindo todas as forças municipais da região. A associação surgiu para fortalecer a luta dos gestores em prol dos municípios e das pessoas. A nossa luta já é vitoriosa. Conquistamos uma base do Samu na nossa região, com sede em Patu, que atende onze municípios. Vamos conseguir outra base do Samu para Pau dos Ferros; com isso, teremos todos os municípios oestanos assistidos por esse importante serviço de saúde. Seremos a primeira região totalmente integrada ao Samu. Nossa luta conseguiu, via Ministério do Desenvolvimento Regional, uma máquina perfuratriz que vai começar a perfurar poços nos municípios. Estamos levantando outras discussões importantes como a questão do consórcio de saúde do Oeste, que vai instalar uma policlínica em Pau dos Ferros para atender os municípios de toda a região. São essas lutas que a gente vai apresentar durante a campanha eleitoral, apoiando aqueles candidatos que assumirem as nossas bandeiras. A opção pela reeleição da governadora e Rogério Marinho para o Senado está dentro do que a gente entende como o melhor para o movimento municipalista.

 

Mas, essa posição político-eleitoral não ameaça abrir divergências e dividir a própria associação?

Defendo uma associação apartidária, porque ela é formada por gestores que são políticos que estão envolvidos com a defesa dos municípios, independentemente da questão político-partidária. Na nossa entidade, todo mundo respeita o espaço de cada um. Inclusive, vamos fazer convite para todos os candidatos apresentar as suas propostas e assumir compromissos com nosso estado e, especificamente, com a nossa região. Vamos propor que todos assumam compromissos com questões importantes da região e, dessa forma, cada gestor tem a decisão livre de escolher o que considerar melhor para o seu município, para a nossa região e para o Rio Grande do Norte.

O senhor é um dos prefeitos potiguares com maior aprovação popular, conforme as pesquisas. Com isso, teve a possibilidade de se lançar candidato nas eleições deste ano. Por que o senhor não tomou essa decisão?

Renovei o mandato de prefeito de Patu em 2020. Fizemos uma pesquisa que revelou uma avaliação de ótimo e bom de 82%. Resultado da primeira gestão, quando a nossa gestão conseguiu fazer muita coisa pelo município. Acredito que a segunda gestão está colhendo o que a gente plantou na primeira. Agora em julho eu tenho várias obras para inaugurar e outras para iniciar. Vamos fazer a pavimentação em cima da Serra do Lima, são três quilômetros e meio de estrada, e também vamos construir a rampa, um restaurante para fortalecer ainda mais o turismo em nossa cidade. Realmente, tivemos a possibilidade de ser candidato nas eleições deste ano, e algumas pessoas, lideranças políticas chegaram a conversar conosco. O próprio MDB fez o convite, mas a gente entendeu que esse não é o momento de candidatura porque ainda temos muito a fazer por Patu. Conseguimos recurso para uma série de obras que vamos executar. Nós precisamos estar no mandato, estar na prefeitura, para a gente concluir todos esses projetos. Se for o plano de Deus, e as pessoas concordarem, quem sabe no futuro não seremos candidato para outro cargo eletivo onde a gente possa ser útil ao povo de Patu, da nossa região e do nosso estado...

 

A parceria com o Governo do Estado, que levou o senhor a apoiar a reeleição da governadora Fátima Bezerra, elevou Patu a qual patamar?

Posso garantir que é uma parceria exitosa porque permitiu a realização de obras importantes e outras que ainda serão executadas. São várias obras, mas posso destacar a reconstrução da estrada de acesso ao Santuário do Lima, que era esperada há décadas. O Santuário do Lima é conhecido no país todo, é a sexta maravilha do Rio Grande do Norte, é muito importante para o turismo local. O Governo do Estado teve a sensibilidade de atender ao nosso pleito, porque também entende que o nosso turismo vai ficar cada vez mais forte. Temos na Serra do Lima o turismo religioso, com o Santuário, mas também o turismo de aventura, onde está localizada a segunda melhor rampa de voo livre do Brasil. Nós temos as piscinas naturais, nós temos as trilhas, temos as áreas de acampamento, enfim, nós temos várias atrações turísticas religiosas, naturais e de aventura em cima da serra, e esse acesso que foi reconstruído é de fundamental importância. A nossa parceria com a governadora Fátima também viabilizou outras ações importantes como a base do Samu em Patu, que vai servir a todo o Oeste; a questão da Companhia de Polícia Militar que se tornou independente, que era uma luta desde 2002; a expansão do crédito para a agricultura em mais de 400 mil reais que já foram distribuídos; a reforma do prédio do campus da Uern que vai ter início agora; entre tantas outras ações. Tudo isso alavanca cada vez mais a nossa cidade e devolve a Patu o status de cidade polo do Médio Oeste do Rio Grande do Norte.

 

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