Quarta-Feira, 22 de janeiro de 2025

Postado às 08h45 | 06 Jul 2022 | Redação Vereadora que denunciou aditivo suspeito sofre ataque de governista

Crédito da foto: Edilberto Barros / CMM Vereador Raério Araújo fez ataques contra Marleide Cunha

Por César Santos – JORNAL DE FATO

Acuada com a rumoroso caso do aditivo suspeito da obra do Memorial da Resistência, a bancada do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) decidiu partir para o ataque contra a vereadora Marleide Cunha (PT), autora da denúncia no plenário da Câmara Municipal de Mossoró. Na sessão desta terça-feira, 5, a petista foi alvo de uma artilharia do governismo.

Coube ao vereador Raério Araújo (PSD), um dos mais fiéis defensores da gestão municipal, disparar contra Marleide Cunha. Ele usou a movimentação financeira do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDISERPUM), entidade que foi presidida até pouco tempo pela vereadora, para tentar acuar a petista.

Raério, com números anotados, revelou a arrecadação financeira afirmando que entre 2015 a 2018 a entidade recebeu grande volume de recursos da Prefeitura. Disse que em 2015 foram repassados R$ 869.835,29; em 2016, R$ 1.330.117,97; em 2017, R$ 1.237.386,57; em 2018 somou R$ 1.059.826,38. Em 2019, de acordo com o vereador, com o fim do imposto sindical, o repasse caiu para R$ 512 mil. “Agora explique, vereadora, para onde foi todo esse dinheiro, já que esse sindicato sequer tem uma casa para sua sede, tem apenas uma casa alugada”, desafiou.

“Tanto dinheiro enviado acaba expondo os motivos de tanta briga para se manter por 30 anos no sindicato”, criticou. O vereador disse ainda que apesar da arrecadação considerável, “ainda cobra 20% dos funcionários com direito ao FGTS que já pagaram por 40 anos, quando poderia ser 10% para o advogado do sindicado. Mas, não abre mão de nada, nem respeita o direito do funcionário que passa a vida pagando a sua mensalidade.”

Raério Araújo ainda criticou: “A vereadora Marleide disse outro dia que não tenho postura de vereador, porém, se for para ser igual à senhora, não quero ter”, disse, para seguir com os ataques: “A postura de vereador é não ter quatro ou cinco vínculos, mas a vereadora Marleide tem, inclusive, se afastou agora em janeiro do Estado. Além do Estado, tem vínculo com a Prefeitura, que o Ministério Público deve exigir a devolução desse dinheiro, pois isso não pode acontecer.”

Denúncia

Na sessão do dia 29 de junho, a vereadora Marleide Cunha apresentou no plenário da Casa o aditivo de quase meio milhão de reais para a reforma do Memorial da Resistência, após a obra ter sido concluída. O aditivo, segundo a vereadora, foi assinado no dia 1º de junho de 2022, um dia antes de o prefeito Allyson ter inaugurado a obra, com ampla publicidade.

Por conta da denúncia, a gestão municipal vai ter que esclarecer sobre o aditivo. A Comissão de Planejamento, Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo, Obras e Serviços Públicos, do Legislativo aprovou nesta segunda-feira, 4, a convocação ao Legislativo do secretário de Infraestrutura, Meio Ambiente, Urbanismo e Serviços Urbanos (Seimurb), Rodrigo Lima, para apresentar os devidos esclarecimentos. Ele deve comparecer à Câmara na quinta-feira, 7, às 10h.

O aditivo suspeito tem o valor de R$ 433.724,01. O valor original da obra é de R$ 977.827,58, que somado ao aditivo subiu para mais de R$ 1,4 milhão, ou 44% mais cara do que o previsto inicialmente. A empresa beneficiada, a J. Z. R. Construções LTDA, é registrada em nome de dois cunhados do presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (Solidariedade), aliado do prefeito Allyson Bezerra.

 

Presidente da Câmara diz que apoia pedido de informações sobre aditivo

 

O presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (Solidariedade), disse nesta terça-feira, 5, que apoiou o pedido de informações sobre o aditivo suspeito de quase meio milhão de reais do Memorial da Resistência, após a obra pronta. Ele disse que defende a transparência no serviço público.

 “Temos visto, nos últimos dias, uma movimentação com relação às obras na cidade de Mossoró e seus respectivos aditivos. Algo normal e que a Câmara tem todo o direito de exigir explicação e buscar informações e acredito que essas informações serão concedidas em prazo hábil, como determina a lei”, disse.

Sobre o envolvimento do seu nome no caso, Lawrence garantiu que está tranquilo e defendeu a idoneidade dos donos da empresa responsável pela obra, que são seus parentes afins.

“A empresa em questão tem mais de 30 anos de serviços prestados no RN e em outros estados. E a licitação que contratou a empresa ocorreu em 2020, antes da atual gestão”, disse, ao cometer um equívoco, uma vez que o processo de licitação foi realizado pela gestão Allyson Bezerra, com contrato assinado no dia 30 de junho de 2021.

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