Terça-Feira, 23 de abril de 2024

Postado às 11h15 | 09 Jul 2022 | redação Rogério Marinho perde o apoio do grupo de Getúlio e Leonardo Rego em Pau dos Ferros

Em recente visita ao município da Pau dos Ferros, o pré-candidato a senador Rogério Marinho fez elogios a prefeita Marianna Almeida que é adversária do ex-prefeito Leonardo Rêgo, filho de Getúlio. O grupo deve apoiar agora Rafael Motta para o senado

Crédito da foto: Jornal de Fato Leonardo Rêgo na sede do Jornal de Fato

Por César Santos / Jornal de Fato

O pré-candidato a senador Rogério Marinho (PL) perdeu o apoio do maior grupo político da região do Alto Oeste, liderado pelo ex-prefeito de Pau dos Ferros e pré-candidato a deputado federal Leonardo Rêgo (União). A decisão foi anunciada em primeira mão no “Cafezinho com César Santos”, tomada na tarde desta sexta-feira, 8, na sede do Jornal de Fato, em Mossoró.

A decisão é motivada pela postura do próprio Marinho, que em visita a Pau dos Ferros disse que a atual gestão municipal estava “reconstruindo a cidade”, em detrimento de Leonardo, que é adversário político da prefeita Marianna Almeida (PSD). “A declaração de forma equivocada e infeliz feita pelo ex-ministro Rogério Marinho inviabilizou completamente o apoio do nosso grupo político a sua candidatura no município”, afirmou Leonardo.

Na entrevista, o ex-prefeito disse que caminha para apoiar a candidatura ao Senado do deputado federal Rafael Motta (PSB), mas que essa decisão ainda não foi tomada. Também garante que o grupo terá candidato ou candidata ao governo que seja de oposição à governadora Fátima Bezerra (PT).

Leonardo Rêgo governou Pau dos Ferros por 12 anos, em três administrações. Nas eleições de 2020, ele tentou renovar o mandato de prefeito, mas foi superado nas urnas por Marianna Almeida. Agora, disputará a sua primeira eleição proporcional, como candidato a deputado federal, ao lado do pai, deputado estadual Getúlio Rêgo (PSDB), que buscará o 11º mandato na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

O senhor caminhava para apoiar o ex-ministro Rogério Marinho ao Senado Federal, mas ele, em discurso recente, optou pela prefeita Mariana Almeida, a sua adversária política em Pau dos Ferros. Essa posição de Marinho obriga ao senhor e ao seu grupo reavaliar o apoio?

Primeiro, é preciso reconhecer que é importante o respaldo administrativo e institucional à atual gestão, por isso, entendemos que o discurso de Rogério na nossa cidade foi motivador. O papel dele, como ministro, em fortalecer as ações que venham estabelecer desenvolvimento de Pau dos Ferros, inclusive do aspecto urbanístico, é louvável. Agora, a manifestação recente feita por Rogério Marinho em uma solenidade de assinatura de ordem de serviço para recapeamento de uma avenida importante da cidade, aonde ele demonstrou totalmente desconhecimento da história política e administrativa da cidade, não podemos aceitar. Penso até que não foi um discurso do ex-ministro, talvez tenha sido um pesadelo em função provavelmente de algum contexto de especificidade política local. E nós que temos uma certa liderança, temos a sensatez de que ninguém manda na vontade do eleitor e evidente que essa declaração feita de forma equivocada e infeliz pelo ex-ministro Rogério Marinho inviabilizou completamente o apoio do nosso grupo político a sua candidatura no município.

 

O seu grupo político vai fazer uma nova opção para o senado?

Com certeza. Aprendi uma coisa na minha trajetória, não só na atividade pública, mas em tudo que faço na vida, que é ter coerência. Então, nós vamos ter um candidato a senador. Posso afirmar, nesse momento, que não será nenhum nome que esteja formalmente coligado com o PT. Não se trata de radicalismo, mas por questão de coerência política.

Qual opção seria essa?

Há uma possibilidade de nosso grupo apoiar o deputado federal Rafael Motta para o Senado. Já conversamos sobre isso, estive com ele essa semana, foram duas conversas bastante produtivas.

 

E o candidato ou candidata ao Governo do Estado do seu grupo?

O presidente do nosso partido, ex-senador José Agripino, reuniu os nove pré-candidatos a deputado federal para discutir o assunto. A orientação do partido é para que possamos estreitar o diálogo com aqueles que estão compondo as chapas majoritárias, no sentido de assimilar o projeto deles. Vamos procurar saber o que eles pretendem para o futuro do Rio Grande do Norte, qual a pauta a nível de planejamento e de atuação em prol do nosso estado. Também vamos procurar assimilar o espírito de cada um e de fortalecimento do projeto proporcional do nosso partido. Como a nossa convenção ocorrerá no próximo dia 31, antes disso haverá uma nova reunião para deliberação de decisão específica do rumo que o partido irá tomar com relação ao pleito majoritário.

É provável que o União Brasil, no Rio Grande do Norte, libere as suas bases para fazer a própria escolha na disputa majoritária. Em Mossoró, por exemplo, o partido, que está nas mãos da ex-deputada Sandra Rosado, anunciou apoio à reeleição da governadora Fátima Bezerra. Qual será a posição do seu grupo?

Eu já externei isso internamente que, particularmente, não tenho ambiente do ponto de vista de coerência política, para convergir com o projeto da atual governadora do estado. O meu pai, deputado Getúlio, tem uma atuação na Assembleia Legislativa como parlamentar de oposição e vamos respeitar isso. Aliás, a história política dele, de dez mandatos, em sete ele foi eleito para ser opositor e cumpriu fielmente o recado das urnas. Nos três mandatos que foi situação, Getúlio liderou a bancada do governo. Então, essa situação atual já foi externada ao partido, porque foi facultado a cada um ter o direito de se pronunciar e eu preliminarmente já antecipei essa minha posição.

 

O seu grupo caminha, então, para apoiar a candidatura de Fábio Dantas ao governo?

Vamos apoiar com certeza, certeza absoluta, uma candidatura de oposição.

O senhor tem no currículo quatro campanhas à Prefeitura de Pau dos Ferros, com três vitórias seguidas, e agora aceitou o desafio de disputar um mandato à Câmara dos Deputados. Quais são as suas perspectivas?

Os 12 anos de administração na principal cidade do Alto Oeste nos proporcionou uma experiência significativa e nos colocou na condição de líder em nossa cidade e região. Agora, fomos chamados para esse novo projeto. No primeiro momento, buscamos construir a viabilidade partidária para uma candidatura a deputado federal. O Democratas, antigo PFL, que recentemente se tornou União Brasil, nos deu essa oportunidade. Tenho tido uma dinâmica muito intensa, levando um pouco dessa mensagem da experiência que tive na gestão pública, mas também assimilando por parte de representantes de vários segmentos da sociedade, a necessidade de renovação na nossa representação política. Eu acredito que a nossa bancada tem que dar mais demonstrações de coesão em torno do interesse efetivo pelo Rio Grande do Norte. Essa mensagem está sendo muito bem absolvida, que nos leva a ter uma interatividade do ponto de vista de estratégia política em outras regiões do estado. Nesse primeiro momento, apesar da complexidade do projeto, eu identifico cada vez mais a viabilidade de nossa primeira eleição proporcional.

 

Qual a perspectiva do União Brasil?

Não descartamos a possibilidade de o partido eleger três vagas de deputados federais, mas a ideia fixa inicial serão dois deputados representando o União do RN do Congresso Nacional.

O senhor seguiu com o Democratas para o União Brasil, mas seu pai, deputado estadual Getúlio Rêgo, buscará o 11º mandato pelo PSDB. O senhor não tem receio de o eleitor, em sua principal base política, não observar essa mudança?

Primeiro deve ser dito que essa mudança ocorreu em razão de nova legislação eleitoral, com o fim das coligações proporcionais. O deputado Getúlio recebeu a prerrogativa para coordenar a formação da nomina de deputado estadual do União Brasil, mas ele não quis porque seria um empecilho para um possível projeto de fortalecimento do União Brasil. Ele não topou ser articulador da nominata reconhecendo que a permanência prejudicaria a chegada de novos nomes, uma vez que esses nomes interpretavam que ele seria uma concorrência desigual na disputa à Assembleia Legislativa pelo fato de já ter mandato. Então, a mudança ocorreu de forma pacífica, com Getúlio indo para o PSDB e eu permanecendo no União. Já a minha figura, sem mandato, não gerou esse obstáculo para o União atrair novos nomes à nominata de deputado federal. Essa explicação foi bem absolvida por nossa militância, nossos eleitores, de modo que não há qualquer prejuízo ao nosso grupo.

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