Por César Santos / Jornal de Fato
A base do União Brasil no Rio Grande do Norte é sustentada por adversários históricos do PT, a partir de seu presidente, o ex-senador José Agripino Maia. Logo, o partido se posicionará em direção contrária à reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT). É uma posição natural. O próprio PT se posiciona contrário ao União potiguar, entendendo que não há razão para uma aliança eleitoral.
Isso justifica a decisão do União Brasil, ainda não anunciada oficialmente, de apoiar uma candidatura de oposição ao Governo do Estado, provavelmente a do ex-vice-governador Fábio Dantas, do Solidariedade. É possível, ainda, que o partido ofereça o candidato a vice-governador, com aposta no ex-prefeito de Assú, Ivan Júnior. Além disso, o União vai com o ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho, do PL, para senador.
Nesta quarta-feira, 20, reunidos em Natal, a maioria da nominata a deputado federal do partido opinou pelo apoio a Fábio Dantas e Rogério Marinho. Dos nove pré-candidatos, cinco votaram assim, enquanto três defenderam o apoio à candidatura da bolsonarista Clorisa Linhares, do Brasil 35 (antigo PMB), e apenas Sandra Rosado reafirmou o apoio à reeleição da governadora Fátima Bezerra.
No entanto, para manter a unidade do partido, a maioria transferiu a decisão final para José Agripino, que será anunciada na convenção marcada para o dia 28. Mas, dirigentes do União dão como certo a formalização da aliança com o Solidariedade e PL em torno das candidaturas de Fábio Dantas e Rogério Marinho.
Quanto aos pré-candidatos que discordarem dessa posição, a tendência é que o partido seja condescendente, permitindo que eles mantenham as suas decisões. É o caso do União Brasil de Mossoró, que participa do governo estadual e apoia a reeleição da governadora. A ex-deputada Sandra Rosado e a vereadora Larissa Rosado, que tentarão retornar à Câmara dos Deputados e à Assembleia Legislativa, estão devidamente encaixadas na estrutura político-eleitoral da governadora e não vão recuar dessa posição.
A posição do União Brasil praticamente define o braço mais forte da oposição, com a chapa que pode ser formada com Fábio Dantas/Ivan Júnior e Rogério Marinho. O braço é o do senador Styvenson Valentim (Podemos), que quer ser candidato, mas esticará a corda e a decisão até o momento final das convenções, em 5 de agosto.
Já a governadora Fátima costurou com rara habilidade as alianças e conseguiu formar um palanque forte com a federação PT/PCdoB/PV coligada com MDB, PDT e Republicanos. Também construiu chapa completa que terá Fátima (PT)/Walter Alves (MDB) para o governo; Carlos Eduardo (PDT) para o senador; Jean Paul (PT) e Ana Sufia (PCdoB), nas duas suplências de senador.
Pra hoje, tem a expectativa em torno da convenção da federação PSDB/Cidadania, onde deverá ser tomada a decisão sobre a disputa majoritária. Uma parte é oposição, outra apoia o governo estadual, mas também deseja apoiar a candidatura de Rogério Marinho ao Senado. É provável que a federação decida não formalizar aliança na majoritária, deixando os pré-candidatos a cargos proporcionais à vontade.
O líder Ezequiel Ferreira de Souza, se prevalecer a sua decisão individual, vai marcar um duplo. Para o governo, apoiará a petista Fátima; para o Senado, o bolsonarista Rogério Marinho.
E o eleitor?
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