Com a proposta de que o “melhor vai começar”, a governadora do RN conquistou o direito legítimo de cuidar da população potiguar por mais quatro anos. A vitória neste domingo, 2, consolida uma carreira política vitoriosa baseada nas lutas sociais
Por César Santos – Da Redação
A governadora Fátima Bezerra (PT) foi reeleita no primeiro turno das eleições ocorridas neste domingo, 2. Até o fechamento desta edição, com 99,97% da apuração, ela aparecia com 1.066.314 votos (58,31%). O vice-governador eleito é o deputado federal Walter Alves, do MDB.
Candidata pela coligação “O Melhor Vai Começar”, que reuniu o PT, MDB, PDT, PCdoB e PV, Fátima Bezerra era favorita a vencer o pleito desde o início da campanha eleitoral. Todas as pesquisas apontaram para a sua liderança, sendo que a maioria afirmava vitória no primeiro turno, o que foi confirmado.
O ex-vice-governador Fábio Dantas, do Solidariedade, conseguiu sair da incômoda posição de terceiro colocado nas pesquisas e terminou o pleito como segundo posicionado, mesmo assim, com uma votação decepcionante para quem reuniu os partidos de oposição. Ele recebeu pouco mais de 406 mil votos (22,22%).
Já o senador Styvenson Valentim (Podemos), terceiro colocado, não se surpreendeu com os mais de 307 mil votos recebidos (16,80%). Ele não fez campanha, não utilizou o fundo eleitoral, não apareceu no programa eleitoral de rádio e televisão e não pediu votos. Dessa forma, as chances de sucesso nas urnas eram ínfimas.
Outros seis postulantes disputaram o Governo do Rio Grande do Norte, mas tiveram pequenas votações.
Tranquila
Fátima Bezerra não enfrentou uma campanha difícil. Pelo contrário. Em razão da fragilidade dos adversários, ela teve espaço para focar o seu discurso na disputa presidencial, pedindo votos dos eleitores norte-rio-grandenses para o ex-presidente Lula (PT).
A governadora também soube costurar alianças para fragilizar a oposição. Ela levou o MDB para a composição, substituindo o atual vice-governador Antenor Roberto (PCdoB) por Walter Alves. Fátima também convenceu o senador Jean Paul Prates (PT) ao não ser candidato à reeleição para ceder a vaga na chapa para o ex-prefeito Carlos Eduardo, do PDT. Com isso, a governadora eliminou nomes fortes da oposição e neutralizou esse poderio em Natal, maior colégio eleitoral do RN.
A pouca emoção na disputa pelo governo foi sentida na campanha eleitoral, que não repetiu o acirramento de pleitos anteriores. Esse cenário justifica a tranquilidade no dia do voto. Apenas 11 ocorrências foram registradas pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SESED-RN) em todos os municípios e regiões, o pleito transcorreu sem maiores intercorrências.
Números com 99,97% dos votos apurados:
- Fátima Bezerra (PT): 1.066.469 votos (58,31%)
- Fábio Dantas (Solidariedade): 406.461 (22,22%)
- Styvenson Valentim (Podemos): 307.330 (16,80%)
- Clorisa Linhares (PMB): 39.011 (2,13%)
- Danniel Morais (Psol): 3.691 (0,20%)
- Rosália Fernandes (PSTU): 2.437 (0,13%)
- Nazareno Neris (PMN): 1.325 (0,07%)
- Bento (PRTB): 1.178 (0,06%)
- Rodrigo Vieira (DC): 1.045 (0,06%).
- Válidos: 1.828.974 (87,65%)
- Brancos: 95.721 (4,59%)
- Nulos: 162.027 (7,76%)
- Abstenções: 463.569 (18,18%)
- Total: 2.086.722
Trajetória de Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte
Com a proposta de que o “melhor vai começar”, a governadora Fátima Bezerra (PT) conquistou o direito legítimo de cuidar da população potiguar por mais quatro anos. A vitória neste domingo, 2, consolida uma carreira política baseada nas lutas sociais, com destaque para a educação, de onde ela surgiu para a política partidária.
Paraibana de Nova Palmeira, nascida em 19 de maio de 1955, filha de Severino Bezerra de Medeiros e de Luzia Mercês do Amaral, Fátima adotou Natal ainda na juventude, nos anos 70, quando se mudou para a capital potiguar para estudar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), local de seus primeiros passos na política.
Participou do congresso que marcou a reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Salvador, e do Encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Rio de Janeiro, que celebrou a volta dos primeiros exilados pela ditadura militar ao Brasil.
No começo dos anos 80, tornou-se professora da rede estadual e da Prefeitura de Natal, destacando-se como fundadora, vice-presidente e presidente da Associação dos Orientadores Educacionais, e como secretária-geral da Associação dos Professores.
Fátima também foi duas vezes presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (SINTE-RN) e uma das fundadoras também do Fórum Estadual dos Servidores Públicos.
Filiada ao PT desde 1981, Fátima Bezerra elegeu-se deputada estadual por dois mandatos, em 1994 e 1998. Na Assembleia Legislativa potiguar, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Interior. Por sua atuação, recebeu do Comitê de Imprensa da Assembleia os títulos de Parlamentar do Ano de 1996 e de melhor Parlamentar da Legislatura 1995-1998.
Na Câmara dos Deputados, em mandatos entre 2003 e 2014, suas participações mais importantes ocorreram quando foi designada relatora da Medida Provisória (339/06) que regulamentou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
Em suas missões como parlamentar, representou o Brasil na IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995) e no I e II Fórum Social Mundial (Porto Alegre, 2001 e 2002). Também participou do Encontro Internacional em Solidariedade às Mulheres Cubanas (Havana, 1998).
Além disso, nos anos de 1996, 2000, 2004 e 2008, Fátima Bezerra foi candidata à Prefeitura de Natal, perdendo, respectivamente, para Wilma de Faria (duas Vezes), Carlos Eduardo Alves e Micarla de Sousa, até que, no ano de 2012, desistiu de concorrer ao cargo e lançou a candidatura de Fernando Mineiro (PT).
Governadora
Fátima Bezerra conquistou o governo do Rio Grande do Norte nas eleições de 2018, pela coligação “Do Lado Certo” composta pelo PT, PCdoB e PHS, tendo como vice-governador o servidor público estadual Antenor Roberto (PCdoB). Foi a única mulher eleita aos governos estaduais naquelas eleições. Fátima venceu no segundo turno com votação histórica de 1.022.910 votos (57,60% dos votos válidos), derrotando Carlos Eduardo Alves (PDT), que obteve 753.035 votos (42,40% dos votos válidos).
Fátima Bezerra recebeu o Rio Grande do Norte mergulhado em crise, tendo herdado da gestão anterior um “rombo” nas contas públicas superior aos R$ 3 bilhões. Só com o servidor público a dívida somava R$ 1 bilhão, equivalente a três folhas salariais em aberta.
O reequilíbrio fiscal, mesmo diante da pandemia da Covid-19 que castigou o país em 2020 e 2021, foi o grande feito do governo Fátima Bezerra. A sua gestão pagou todos os salários atrasados deixados pelo governo passado e manteve em dia o pagamento do mês trabalhado.
Com o discurso de que fez o dever de casa e que agora o melhor vai começar, Fátima Bezerra ganhou das eleitoras e dos eleitores um novo mandato de governadora do Rio Grande do Norte
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