Coluna César Santos / Jornal de Fato
Eleito para o terceiro mandato de presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem o enorme desafio de unir a nação. Ele sai vitorioso das urnas, mas com o país dividido ao meio. A maioria de apenas 1,60%, menos de três milhões de votos, sugere que ele vai ter que pregar paz, com sensatez e sabedoria, todos os dias dos quatro anos de poder que ele terá pela frente. E não há garantias que conseguirá.
O cenário de janeiro de 2023 é bem diferente do distante janeiro de 2003, quando Lula assumiu a presidência da República pela primeira vez. Era outro momento. Houve transição de governo tranquila, Fernando Henrique Cardoso fez questão de colocar a faixa presidencial no peito de Lula. O acirramento entre PT e PSDB ficou na campanha. A vida seguiu. Naquela época, não tinham as redes sociais e os veículos de massa pregavam a paz.
Hoje, é impossível formar uma mesa de amigos da esquerda e da direita ou colocá-los no mesmo grupo do WhatsApp. Não tem conversa. As militâncias estão armadas com discursos de ódio, de intolerância e prontas para o confronto. O “nós contra eles” nunca esteve tão radical como hoje.
Para ser justo, o clima bélico não é de agora. Ele ganhou forma e força na campanha eleitoral de 2014, quando o PSDB de Aécio Neves não aceitou a derrota para Dilma Rousseff do PT, e não sossegou até cassar o segundo mandato da petista, com a participação dos partidos de centro e da direita. Foi daí que surgiu o bolsonarismo, na sua forma mais radical, porém, com o discurso de fácil penetração em defesa da pátria e da família.
Os dois brasis dificilmente serão unificados. Mas, Lula tem a obrigação de tentar, ele foi eleito para isso. No primeiro pronunciamento pós-vitória, repetiu o discurso da pacificação.
Outro grande desafio será implementar os programas sociais que estão na alma das propostas do ex e futuro presidente. Ele precisará ampliar os gastos públicos para financiar os investimentos, modelo de suas duas gestões anteriores. No entanto, o cenário atual é bem diferente daquele que ele teve nas mãos entre 2003 e 2010, quando o mundo vivia uma década de fartura e crescimento.
Lula iniciará o terceiro governo com a economia global à porta de uma recessão e um Brasil sem dinheiro livre para novos investimentos, uma vez que ainda está altamente endividado.
Como observou o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, “com a aceleração da inflação no mundo desenvolvido, será um período de políticas contracionistas e, se não de recessão, certamente de desaceleração substancial, o que vai reduzir também a taxa de crescimento do Brasil.”
Além disso, Lula vai encontrar um Congresso com a maioria de deputados e senadores aliados do presidente Jair Bolsonaro. Ou seja, uma oposição mais sólida, com densos focos de radicalismo, o que significa que Lula terá a necessidade ainda mais de negociar concessões.
As próprias alianças que sustentaram o palanque do futuro presidente vão forçá-lo a renunciar parte de suas intenções. O centrismo, com muita gente de cores e ideologias diferentes, será, sem dúvida, uma sombra permanente, com certa dose de risco de paralisia do governo.
Os próximos quatro anos serão desafiadores.
FRASE
“Estou metade alegre e metade preocupado com a transição”
LULA – Presidente eleito prevendo o confronto no processo de transição de governo
NO RN
A maioria de Lula (PT) sobre Bolsonaro (PL) no Rio Grande do Norte foi de 615.404 votos. O presidente eleito recebeu 1.326.785 (65,10%), enquanto o atual presidente teve 711.381 votos no estado (34,90%). Dos 167 municípios, Bolsonaro venceu apenas em Parnamirim, repetindo o que aconteceu no primeiro turno. Em Mossoró, Lula liderou com 63,31% contra 36,69% de Bolsonaro.
NO BRASIL
Lula foi eleito presidente para o terceiro mandato com 60.345.999 votos (50,90%) contra 58.206.354 votos (49,10%) de Bolsonaro. Maioria de 2.139.645 (1,60%). Na distribuição por cidades, ele venceu em 3.123 dos 5.570 municípios brasileiros. Bolsonaro ganhou em 2.444 municípios do país. O Nordeste foi a única região que Lula superou Bolsonaro, com 69,34% contra 30,66%.
SILÊNCIO RADICAL
O presidente Jair Bolsonaro (PL) optou pelo silêncio após a derrota nas urnas, mas disse aos ministros mais próximos que não contestará o resultado das eleições. Disse que não vai parabenizar o presidente eleito. É o sinal para o bolsonarismo manter o radicalismo em alta.
ELEITOR PRESENTE
Pela primeira vez, desde a volta das eleições diretas, a abstenção no segundo turno foi menor em relação ao primeiro, em todo o Brasil. No RN, a abstenção caiu de 464.112 (18,17%), no dia 2, para 445.527 (17,44%), no domingo, 30. No Brasil, a abstenção foi de 20,58% no segundo turno, menor do que os 20,95% no primeiro.
JEAN NA PETROBRAS
O senador Jean Paul Prates (PT) conta como certa a presidência da Petrobras no governo Lula. Por competência e fidelidade política. Ele atendeu ao pedido de Lula para ceder a candidatura a senador a Carlos Eduardo (PDT), para favorecer a reeleição de Fátima Bezerra.
EM ALTA
A governadora Fátima Bezerra (PT) terá tratamento especial do governo Lula. Ela se destacou entre os governadores que seguraram a bandeira de Lula no Nordeste. Teve papel importante. Por gravidade, o Rio Grande do Norte ganha a possibilidade de dias melhores.
É NOTICIA
1 - Nesta data, em 2001, o Grupo Olinda inaugurava o primeiro posto de gás natural de Mossoró, no Abolição II. Estivavam presentes o governador Garibaldi Filho e a prefeita Rosalba Ciarini.
2 - O RN não atingiu a meta de vacinar 95% das crianças menores de cinco anos de idade contra a poliomielite. No último dia da campanha, nesta segunda-feira, 31, dados preliminares apontavam para pouco mais de 66% de crianças imunizadas no estado.
3 - Os supermercados funcionam normalmente no feriado de Finados, nesta quarta-feira, 2. Ficarão abertos das 7h às 21h. Já as lojas de rua podem funcionar mediante acerto prévio com os empregados.
4 - Os eleitores de Canguaretama seguem em clima de eleições. É que o município emenda campanha eleitoral, agora para prefeito, em pleito suplementar. O prefeito interino Wilsinho Ribeiro disputa o poder contra Márcio Cabeleireiro e a Dra. Ana Célia.
5 - A Neoenergia Cosern confirma que a Bandeira Tarifária para o mês de novembro segue Verde, sem custos extras na fatura de luz. E deve seguir até o final de dezembro. A boa notícia reflete um nível confortável dos reservatórios hidrelétricos do sistema nacional.
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