Por César Santos / Jornal de Fato
Ainda está muito cedo. Essa foi a resposta da governadora reeleita Fátima Bezerra (PT) sobre a formação do secretariado para o segundo governo que começa no dia 1º de janeiro de 2023. Em Mossoró para uma visita técnica às obras do Hospital da Mulher, nesta segunda-feira, 7, a governadora mostrou-se tranquila quanto à manutenção de nomes atuais ou a escolha de novos nomes para o governo.
A governadora sabe que precisará fazer mudanças para atender aliados que foram importantes na campanha pela reeleição. O MDB, do vice-governador eleito Walter Alves, e o PDT, do candidato a senador derrotado Carlos Eduardo, são partidos que querem espaço no futuro governo. Os dois políticos não falam abertamente sobre a indicação de nomes, mas nos bastidores é dado como certo que eles esperam ser atendidos.
O presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), também espera ser ouvido. Ele já mantém estrutura no governo estadual, mas deseja aumentar o seu poderio no segundo governo Fátima. O líder tucano julga que teve papel importante para a vitória em primeiro turno da petista, uma vez que abriu mão de ser candidato a governador pela oposição, além de ter mantido parte importante do PSDB no palanque governista, como os deputados Bernardo Amorim, Ubaldo Fernandes, Kleber Rodrigues e Raimundo Fernandes.
Além desses partidos tradicionais, a governadora também deve atender as siglas de esquerda que estão no projeto desde as eleições de 2018. O PCdoB provavelmente terá um espaço importante dentro do segundo governo petista. O partido abriu mão de manter o cargo de vice-governador para facilitar a aliança do PT com o MDB, e certamente será reconhecido por isso.
O vice-governador Antenor Roberto é dado como certo no futuro secretariado. Ele já desempenha um trabalho importante junto às pastas de segurança pública e do sistema prisional. Seu nome se encaixaria na área da cidadania, conforme fontes do próprio governo.
Segundo escalão
Fátima Bezerra deve, também, atender aliados que tiveram menor importância, mas que se mostraram firmes durante a campanha eleitoral. São os casos, por exemplo, da ex-deputada Sandra Rosado (União Brasil) e da ex-presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Izabel Montenegro, mãe da vereadora Carmem Júlia (MDB). As duas estavam presentes na visita da governadora a Mossoró nesta segunda-feira. Elas pretendem espaço em segundo e terceiro escalões ou, na pior das hipóteses, indicarem correligionários para cargos terceirizados.
Para atender aos novos aliados, a governadora terá que reduzir espaços de antigos companheiros. Em Mossoró, a maior fatia dos cargos do governo está nas mãos da deputada estadual reeleita Isolda Dantas (PT). Ela terá que abrir mão de espaço para acomodação dos neogovernistas. Como isso será feito, ainda não há uma definição, mas a governadora Fátima Bezerra sabe que o número de pretendes é maior do que o número de cargos e que precisará de habilidade para acomodar todos.
Rosalba é lembrada na visita da governadora ao Hospital da Mulher
Na visita técnica ao Hospital da Mulher de Mossoró, nesta segunda-feira, 7, a governadora Fátima Bezerra fez uma menção especial à ex-governadora Rosalba Ciarlini, ao lembrar que a importante obra foi projetada na gestão de Rosalba, entre os anos de 2011 a 2014.
O Hospital da Mulher, que será a maior unidade de saúde do Rio Grande do Norte, foi planejado na gestão de Rosalba e inserido no projeto RN Sustentável, rebatizado de “Governo Cidadão”. A obra é financiada pelo Banco Mundial, que fez o maior contrato de crédito com o RN na história, na época no valor de 540 milhões de dólares.
Além do Hospital da Mulher, o financiamento do Banco Mundial bancou projeto em dez cadeias produtivas do Estado, com destaque para a infraestrutura, educação, saúde e turismo.
Rosalba concluiu o seu governo em dezembro de 2014. O seu sucessor, ex-governador Robinson Faria, recebeu a missão de tocar o projeto, mas a sua gestão conseguiu avançar apenas 13% das obras do Hospital da Mulher.
Quando Fátima Bezerra assumiu o governo, em janeiro de 2019, a obra estava paralisada e apresentava problemas técnicos. Todo o trabalho de recomposição do projeto foi realizado. A obra foi retomada em 2021 e agora caminha para a sua conclusão.
O Hospital da Mulher recebe investimentos de mais de R$ 134 milhões em obras e equipamentos. A unidade contará com assistência ambulatorial, pronto-socorro, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), salas de parto humanizado, banco de leite humano e serviços de suporte às mulheres vítimas de violência. Ao todo, serão mais de 160 leitos focados na atenção materno-infantil, ginecológica e obstétrica de média e alta complexidade, com expectativa de atender pacientes de mais de 60 municípios.
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