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Postado às 01h00 | 01 Jan 2023 | redação Posse no RN: Fátima Bezerra assume segundo governo sem margem para errar

Crédito da foto: Reprodução Governadora Fátima Bezerra com o vice Walter Alves

Por César Santos – Jornal de Fato

A governadora Fátima Bezerra (PT) será empossada neste domingo, 1º de janeiro de 2023, para continuar governando o Rio Grande do Norte pelos próximos quatro anos, até 31 de dezembro de 2026. Junto com ela será empossado o vice-governador Walter Alves (MDB).

A solenidade de posse não será festiva e deve ocorrer de forma rápida, a partir das 9h, na Assembleia Legislativa do Estado. Fatima Bezerra abriu mão de um evento maior porque vai para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela embarcará para Brasília ainda na manhã deste domingo.

A professora Fátima Bezerra foi reeleita ainda no primeiro turno das eleições. Ela bateu a casa de 1 milhão de votos, recebendo 58,31% dos votos válidos.

A vitória comprovou a popularidade de sua primeira gestão, mas também foi resultado da construção de uma aliança ampla. Para isso, a petista teve que abrir mão do vice-governador Antenor, companheiro histórico do PCdoB, para acomodar o deputado federal Walter Alves na chapa. Também convenceu, com ajuda de Lula, o senador Jean Paul Prates (PT) a abrir mão da reeleição, para ter o ex-prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), como candidato a senador.

As divisões internas com as escolhas da governadora não chegaram a colocar em risco a sua reeleição. O próprio Jean Paul acabou fortalecendo a costura político-eleitoral da governadora e aceitou ser o primeiro suplente de senador de Carlos Eduardo. O ex-prefeito de Natal não teve sucesso nas urnas, mas Jean foi reconhecido pelo esforço e agora anunciado por Lula para a presidência da Petrobras (veja na página 5).

 

Desafio

Fátima Bezerra não tem margem de erro na segunda gestão, uma vez que a população potiguar deu todos os descontos na primeira gestão, compreendendo que a governadora recebeu um estado quebrado. De fato, quando assumiu o governo há quatro anos, o RN estava mergulhado em crise. Era uma dívida de mais de R$ 3 bilhões, quatro folhas de salários atrasados, setores vitais paralisados como saúde, educação e segurança pública.

O primeiro governo teve a capacidade de reequilibrar as contas públicas e, mesmo em meio à pandemia da Covid-19, conseguiu pagar dívidas, atualizar a folha de pagamento e executar uma série de obras importantes, com o Hospital da Mulher de Mossoró Parteira Maria Correia, inaugurado na quinta-feira, 29.

Durante a campanha eleitoral, Fátima disse que o seu governo conseguiu equilibrar as finanças do estado e que “o melhor vai começar” na segunda gestão. Segundo a própria governadora, o RN terá R$ 1 bilhão – recursos próprios – para investimentos a partir de 2023. Esse volume representa a dívida com o servidor público paga na primeira gestão e que estará disponível para investimento no segundo governo.

“Nosso governo recuperou o estado. Agora, o melhor vai começar. Vamos ter a parceria do governo Lula para realizar grandes obras”, afirma, sem economizar o otimismo.

Presidente da Asembleia, Ezequiel Ferreira, com Walter Alves e Fátima Bezerra

Fátima terá maioria na Assembleia no segundo governo

Fátima Bezerra terá uma base política mais ampla e sólida na segunda gestão, o que é importante para ela cumprir as propostas prometidas na campanha eleitoral. Boa parte delas depende do bom humor da Assembleia Legislativa e, se depender da futura composição do plenário, com provável maioria governista, Fátima terá o apoio político que não teve na primeira gestão que está se encerrando.

A construção de nova base política ainda está em andamento, mas de forma favorável. A governadora tem conduzido o processo que está inserido na formatação do novo secretariado. Fátima Bezerra preserva as pastas da Saúde, educação e o chamado “núcleo duro”. Os outros espaços serão ocupados por velhos e novos companheiros.

Essa negociação se faz necessária para o governo ter maioria na Assembleia Legislativa. As urnas de 2 de outubro elegeram 10 deputados que fizeram campanha para a governadora, sendo seis da federação PT/PV/PCdoB: Isolda Dantas, Divaneide Basílio e Francisco do PT e George Soares, Hermano Morais e Eudiane Macedo, do PV; e quatro do PSDB: Ezequiel Ferreira de Souza, Dr. Bernardo Amorim, Kleber Rodrigues e Ubaldo Fernandes.

A bancada deve saltar de 10 para 15 até a abertura da nova Legislatura em 1º de fevereiro de 2023. Cinco deputados eleitos de partidos de oposição caminham para escalar a rampa da Governadoria: Neilton Diógenes e Terezinha Maia, do PL; Dr. Kerginaldo Jacome, do PSDB; Luiz Eduardo, do Solidariedade; e Ivanilson Oliveira, do União Brasil.

Se confirmado, a governadora passará a contar com maioria confortável para aprovar na Assembleia Legislativa os projetos que julga de interesse do Rio Grande do Norte. Bem diferente da primeira gestão, que teve uma bancada inferior numericamente e viu projetos importantes cancelados por falta de força política.

O cenário positivo que se vislumbra, no entanto, precisa de um olhar atento. É que o PSDB, liderado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira, será um fiel da balança. Com 10 deputados eleitos e diplomados, o partido dará as cartas conforme seus interesses. Hoje, está dividido ao meio, com cinco governistas e cinco oposicionistas, mas se unirá quando necessário.

O PSDB já fez isso no atual governo. Dividiu-se para somar. Enquanto Ezequiel, Kleber Rodrigues, Ubaldo e Dr. Bernardo defenderam o governo, a outra banda, formada por Gustavo Carvalho, Tomba Farias, José Dias, Galeno Torquato, Nelter Queiroz e Getúlio Rêgo, criou dificuldades como a instalação de uma CPI para investigar as ações de combate à Covid-19. Não houve racha ou divisão entre os parlamentares do bico longo, apenas o jogo de interesse político. Ao final, o PSDB se deu bem.

Deve continuar assim. O partido vai renovar o mandato de Ezequiel na presidência da Assembleia Legislativa e, em ato seguinte, eleger o sucessor para o segundo biênio da próxima legislatura.

A governadora

Fátima Bezerra é paraibana de Nova Palmeira, mas adotou Natal ainda na juventude, nos anos 70, quando se mudou para a capital potiguar para estudar na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, local de seus primeiros passos na política.

Participou do congresso que marcou a reconstrução da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Salvador, e do Encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no Rio de Janeiro, que celebrou a volta dos primeiros exilados pela ditadura militar ao Brasil.

No começo dos anos 80, tornou-se professora da rede estadual e da prefeitura de Natal, destacando-se como fundadora, vice-presidente e presidente, da Associação dos Orientadores Educacionais, e como secretária-geral da Associação dos Professores.

Fátima também foi duas vezes presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte e uma das fundadoras também do Fórum Estadual dos Servidores Públicos.

Filiada ao PT desde 1981, Fátima Bezerra elegeu-se deputada estadual por dois mandatos, em 1994 e 1998. Na Assembleia Legislativa potiguar, foi presidente da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Interior. Por sua atuação, recebeu do Comitê de Imprensa da Assembleia os títulos de Parlamentar do Ano de 1996 e de melhor Parlamentar da Legislatura 1995-1998.

Na Câmara, suas participações mais importantes ocorreram quando a hoje governadora foi designada relatora da Medida Provisória (339/06) que regulamentou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

Em suas missões como parlamentar, representou o Brasil na IV Conferência Mundial sobre a Mulher (Beijing, 1995) e no I e II Fórum Social Mundial (Porto Alegre, 2001 e 2002). Também participou do Encontro Internacional em Solidariedade às Mulheres Cubanas (Havana, 1998).

O vice-governador

Walter Pereira Alves nasceu em Natal, em 27 de fevereiro de 1980. É um administrador e político. Filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), atualmente é deputado federal pelo Rio Grande do Norte e já foi deputado estadual.

Walter Alves é filho do ex-governador, ex-senador e ex-ministro Garibaldi Alves Filho.

Começou a carreira política ao ser eleito deputado estadual pelo PMDB em 2006. Em 2010, foi reeleito deputado estadual pelo PMDB. Foi eleito deputado federal em 2014 e reeleito em 2018. Nas eleições de 2022, foi eleito vice-governador do RN.

Como deputado federal, votou a favor da admissibilidade do processo de impeachment de Dilma Rousseff.

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