Por César Santos / Jornal de Fato
“Balão de ensaio”. Esta é a reação do PCdoB sobre a notícia, que circulou em setores da imprensa de Mossoró, dando conta que o grupo das ex-vereadoras e ex-deputadas Larissa e Sandra estaria se filiando ao partido. Não há qualquer contato, nesse sentido, com a direção local e/ou estadual, conforme apurou a reportagem do Jornal de Fato.
Dirigentes do PCdoB de Mossoró consultaram o presidente do partido no Rio Grande do Norte, Divanilton Pereira, para saber se havia abertura de diálogo da direção estadual com o rosadismo, o que foi negado de imediato. “Essa notícia não passa de balão de ensaio”, respondeu Divanilton para, em seguida, assegurar que qualquer decisão sobre filiação do PCdoB de Mossoró tem quer discutida pelo diretório municipal.
O diretório municipal sempre teve autonomia para tomar decisões em Mossoró e não será diferente agora. Dirigentes do PCdoB trabalham com a ideia de fortalecer um projeto eleitoral majoritário, sem abrir mão do processo proporcional. Dessa forma, qualquer político que pretenda se filiar ao partido, tem que consultar o diretório municipal. No caso do rosadismo, essa conversa não existiu.
E como a notícia surgiu?
Integrantes do PCdoB local desconfiam que se trate de uma estratégia do grupo do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) para evitar que o rosadismo ocupe espaço no sistema governista. Essa desconfiança é alimentada porque a notícia foi dada e repercutida por blogueiros que fazem parte da estrutura de mídia do prefeito e, também, coincide com a possibilidade de Larissa e Sandra Rosado retornarem aos quadros do PSDB, controlado na cidade pelo aliado do governo, Lawrence Amorim, presidente da Câmara Municipal.
A bancada do prefeito não aceita filiação de nomes com densidade eleitoral, tendo em vista que a disputa por mandato na Câmara Municipal será bastante concorrida em 2024. Larissa Rosado, em qualquer partido que ela esteja, é favorita a se eleger.
Diálogo
Membros do PCdoB de Mossoró afirmam que não são contra o nome de Larissa, Sandra ou qualquer outro, mas que a filiação ao partido deve obedecer a alguns critérios que a legenda julga importantes. Ideologia e projeto de partido são levados em conta. Os dirigentes deixam claro que o PCdoB não pode servir a interesses individuais e/ou de grupos isolados.
Outro ponto importante é que o PCdoB faz parte da federação com o PT e o PV, com quem formará chapa majoritária e proporcionais nas eleições municipais do próximo ano. Daí, qualquer filiação, principalmente de nomes com alguma densidade eleitoral, terá que ser discutida entre os três partidos que formam a federação.
Decisões isoladas não ocorrerão, segundo ouviu a reportagem do Jornal de Fato, isso porque novas filiações numa legenda podem afetar os outros dois partidos. Dessa forma, o PCdoB não vai abrir porta para grupo político sem consultar o PT e o PV.
PCdoB segue lutando por uma frente ampla de oposição
O PCdoB defende uma frente ampla para disputar a Prefeitura de Mossoró nas eleições 2024. A ideia, lançada pelo presidente do partido na cidade, professor Paulinho Silva, abre caminho para união de todos os grupos de oposição, inclusive, as duas alas da família Rosado.
O projeto majoritário, porém, não passa pela abertura da chapa proporcional que será formada por legendas da federação partidária, no caso PCdoB, PT e PV. Por isso, a ideia de filiação do rosadismo é vista como desnecessária.
A discussão da frente ampla foi lançada em evento do PCdoB, que contou com a presença da ex-prefeita Rosalba Ciarlini (Progressistas) e da ex-vereadora Larissa Rosado (União Brasil), entre representantes de outros partidos.
Naquele momento, Paulinho observou que a oposição ao prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) não estava se movimentando e mostrava-se sem iniciativa, por isso, a decisão do PCdoB de tomar à frente do processo. “Nós estávamos inquietos com o marasmo da oposição em ter uma organização sistemática nesse sentido, agora vamos lutar para unir forças em torno de um projeto em comum para Mossoró”, disse em entrevista a vários veículos da imprensa local.
A ex-prefeita Rosalba aprovou a ideia, mas ressaltou que ainda é muito incipiente. Ouvida pelo Jornal de Fato, Rosalba disse entender que a ideia pode ganhar força se houver a disposição de partidos e políticos para unificar a oposição. A ex-prefeita reconhece que o presidente do comitê municipal do PCdoB, professor Paulinho Silva, foi preciso ao lançar a ideia, no sentido de despertar o processo que pode somar forças para a sucessão municipal.
Rosalba, porém, evitou cravar a participação do seu grupo político na frente proposta pelo PCdoB. “A ideia, repito, é interessante, mas como disse ainda muito incipiente; vamos analisar sobre a possível participação”, disse. Contudo, a ex-prefeita defendeu a união de forças não apenas para as eleições municipais do próximo ano, mas, principalmente, para discutir um projeto para o futuro de Mossoró.
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