Por César Santos – Jornal de Fato
O Progressistas do Rio Grande do Norte sairá do controle do rosalbismo para iniciar o processo de reestruturação no estado. A missão ficará com o deputado federal João Maia, que assumirá a presidência do Diretório Estadual em substituição ao atual presidente, ex-deputado federal Beto Rosado. A decisão foi tomada pela cúpula nacional, em Brasília.
A mudança se faz necessária, uma vez que o Progressistas perdeu forças no RN nas eleições de 2022. O partido não conseguiu renovar o mandato de Beto Rosado, não disputou mandato de deputado estadual, nem participou de chapa majoritária. Para piorar, a performance do Proressistas foi sofrível nas urnas de Mossoró, segundo maior colégio eleitoral do estado e base política do rosalbismo.
Após concluir o mandato na Câmara dos Deputados, em fevereiro deste ano, o ex-deputado Beto passou a se dedicar a projetos pessoais, com prioridade na produção agrícola. Agrônomo de formação, Beto cuida da fazenda da família e investe na ampliação da produção. Por outro lado, praticamente deixou de fazer política.
A partir daí, o rosalbismo abriu caminho para transferir o comando do Progressistas para outro grupo político. Coube a João Maia fazer o trabalho em Brasília junto aos líderes nacionais do partido, como o senador Ciro Nogueira (presidente do PP) e o deputado federal André Fufuca.
A transferência para o Progressistas faz parte da nova caminhada de João Maia, que saiu do PL, onde estava desde a sua primeira eleição para deputado federal, em 2006. Maia ficou sem espaço após perder o comando da sigla liberal no RN para o senador Rogério Marinho.
Antes de abrir diálogo com a cúpula nacional do Progressistas, João Maia buscou entendimento com Beto Rosado, que não colocou obstáculo para o seu ingresso no partido. Daí, Maia manteve conversas com Ciro Nogueira e André Fufuca, em Brasília.
Assim que assumir a presidência do Progressistas, João Maia iniciará o trabalho de preparar o partido para as eleições municipais de 2024. O parlamentar deve transferir todos os prefeitos, que acompanharam a sua liderança, para a nova casa partidária. Com isso, o PL sofrerá uma redução considerável no controle de prefeituras e câmaras municipais.
PERFIL
Casado com a prefeita de Messias Targino, Shirley Targino, João Maia foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2006, com 193.296 votos (13,03%). Quatro anos depois, em 2010, renovou o mandato com votação expressiva: 217.854 (14,42%).
Em 2014, ele transferiu o mandato na Câmara dos Deputados para a sua irmã, Zenaide Maia, hoje senadora pelo PSD, e compôs chapa ao Governo do RN como vice de Henrique Alves. O insucesso das urnas deixou Maia quatro anos sem mandato.
Em 2018, ele voltou a se eleger deputado federal com 96.505 votos (6,25%), e nas últimas eleições, em 2022, renovou o mandato recebendo 104.254 votos (5,57%).
João Maia segue a ala governista em Brasília
O deputado João Maia vai seguir a ala governista do Progressistas em detrimento do grupo do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do partido, que se mantém na oposição ao governo Lula (PT). Nesse caso, Maia seguirá com o deputado federal André Fufuca, ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e provavelmente futuro ministro de Lula.
Com atuação no chamado Centrão, desde o primeiro mandato em Brasília, João Maia sempre esteve do lado governista. Foi assim nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), continuou com o governo “tampão” do ex-presidente Michel Temer (MDB) e permaneceu fiel na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por meio da sua atividade fiel ao Palácio do Planalto, João Maia conseguiu cargos importantes nesses governos, com destaque para o comando do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) no Rio Grande do Norte, um dos cargos mais desejados nos estados.
Agora, no novo governo Lula, João tentará manter os espaços que tinha na gestão de Bolsonaro. Ele não acompanhará a posição de Ciro Nogueira, que seguirá fazendo oposição ao atual governo federal.
Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Ciro disse que o partido continuará fazendo oposição ao governo Lula, apesar de seu correligionário, André Fufuca, já ter sido escolhido como futuro ministro, em um arranjo do Palácio do Planalto para obter apoio do Centrão.
Questionado se o Progressistas iria para o governo, Nogueira respondeu: “Impossível. Pelo menos enquanto eu for presidente. É impossível que isso venha a ocorrer, eu sou contra radicalmente a entrada do partido (no governo).”
Ciro disse que recusou uma tentativa de aproximação de Lula e reforçou que não quer participar das negociações de cargos com o Palácio do Planalto. Mesmo se a ida de Fufuca para o governo se concretizar, avaliou o senador, o seu partido se manterá na oposição a Lula. “Se ele me ouvisse, não aceitaria essa indicação”, declarou o senador, em referência a Fufuca.
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