Por César Santos / Jornal de Fato
O Diário Oficial do Município publicou na edição 192, que está no site oficial da Prefeitura de Mossoró, o edital de processo seletivo 02/2023, que tem como objeto a “seleção de pessoal para o provimento do cargo de Diretor Escolar das unidades de ensino da Rede Municipal, de acordo com a Lei Municipal nº 2.173, de 21 de junho de 2006.”
De acordo com o edital, caberá à Secretaria de Educação conduzir todo o processo, inclusive, escolher os que vão dirigir as unidades de ensino. Entre os critérios, chama a atenção que servidores da Educação que não são do quadro efetivo, ou seja, em cargos de comissão, poderão concorrer às vagas.
Trata-se de mais um ataque contra a pauta da Educação do município, que tem entre as principais bandeiras a democratização do ensino público, a partir das eleições diretas para diretores e vice-diretores de escolas. O processo seletivo, lançado agora, deixa engavetado o projeto de democratização e mantém a cultura “QI” – quem indica – na direção das unidades de ensino municipais.
As eleições diretas para diretor e vice-diretor de escolas foi uma promessa de palanque do prefeito Allyson Bezerra (União Brasil). Fez discursos inflamados criticando gestores que usavam as escolas para distribuir cargos aos correligionários, em detrimento da democratização do ensino público.
Agora, Allyson faz o que antes condenava. Pior do que isso: ele ordenou a sua numerosa bancada na Câmara Municipal que enterrasse o projeto de democratização da rede municipal de ensino, que foi enviado à Casa no fim de 2020, na gestão da ex-prefeita Rosalba Ciarlini. A proposta foi engavetada. E, por gravidade, esquecida.
Certamente, na campanha eleitoral de 2024 a proposta será exumada em tom de promessa, com discursos encardidos do tipo: “eu vim da escola pública, sou menino pobrezinho, sei da importância da democratização do ensino, e no meu próximo governo eu juro que vou realizar.”
O que incomoda, e incomoda mesmo, é que esse novo ataque à democratização do ensino público foi oficializado às vésperas do Dia do Professor, celebrado neste domingo. A data foi oficializada há seis décadas, em 15 de outubro de 1963, pelo então presidente João Goulart, como instrumento de valorização do profissional do magistério. Bem antes, em 15 de outubro de 1827, no tempo do Brasil Império, Dom Pedro I assinou decreto que criava o ensino elementar no Brasil, escolhendo essa data em referência a Santa Teresa de Ávila, que foi educadora e amante dos livros.
Os professores e professoras da rede municipal de Ensino de Mossoró não têm o que comemorar com o prefeito Allyson. Ele negou a implantação do novo piso salarial do Magistério, acionou os professores na Justiça e vem promovendo todo o tipo de perseguição àqueles que ousaram lutar por seus direitos.
Ao negar diretos conquistados com muita luta e criar mecanismos que atentam contra professores e professoras, Allyson Bezerra mostra-se um gestor que frequentou a sala de aula, mas não aprendeu a simples lição de RESPEITAR.
Nota zero.
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