Sábado, 27 de abril de 2024

Postado às 10h45 | 20 Jan 2024 | redação Coluna Ney Lopes: 'Queda da China ameaça paz mundial'

Crédito da foto: Ilustrativa Nas últimas quatro décadas, a China emergiu como uma potência econômica.

NEY LOPES / JORNAL DE FATO

Há fatos que passam despercebidos e quando revelados surpreendem e criam expectativas. Por exemplo, alguém poderia pensar numa China em declínio, diante do poderio demonstrado para o mundo? Pois bem, o mundo enfrenta ameaça, não de uma China poderosa, mas de uma China que está em declínio inevitável, diante da catástrofe demográfica, que continua minando as esperanças do seu futuro.

Estudos estimam que, a taxa de fertilidade atual de um filho por mulher levará a China ao colapso de 1,4 bilhão de pessoas para cerca de um bilhão em 2050 e 390 milhões até 2100. A crise demográfica da China torna sombrias as perspectivas econômicas futuras.

Nas últimas quatro décadas, a China emergiu como uma potência econômica. Essa transformação levou ao aumento na expectativa de vida. Atualmente, existem mais pessoas envelhecendo, enquanto menos bebês nascem. Até 2035, espera-se que 400 milhões de pessoas na China sejam maiores de 60 anos, representando quase um terço de sua população.

Em 2023, a população diminuiu em cerca de dois milhões de pessoas, mais do que o dobro da queda do ano anterior. A causa do fenômeno foi a decisão do Partido Comunista, que em 1980 implementou a desastrosa política do filho único. Essa cruel proibição de casais terem mais de um filho acelerou o declínio na fertilidade.

Em 2016, foi relaxada a política do filho único, que vigorou 35 anos. Pequim ofereceu uma série de incentivos a casais e pequenas famílias para incentivá-los a ter filhos, incluindo doações em dinheiro, cortes de impostos e até concessões de propriedade. Mesmo assim, a crise demográfica vem aumentando.

Quase todos os países desenvolvidos e muitos países em desenvolvimento estão experimentando baixas taxas de fertilidade e envelhecimento populacional. Mas o Canadá, os Estados Unidos e alguns países compensaram o impacto por meio da imigração. A China não acolhe imigrantes, preferindo preservar a homogeneidade étnica de sua população majoritariamente chinesa.

A queda, a pior desde a Grande Fome da China de 1961, dá peso às previsões de que a Índia este ano se tornará a nação mais populosa do mundo. Essa tendência acelera outro evento preocupante: a China não terá pessoas suficientes para alimentar o seu crescimento, na velocidade que tornou o país motor da economia global. A escassez de mão de obra reduzirá as receitas fiscais e as contribuições para um sistema de pensões.

Tudo que vem acontecendo empurra a China para grave crise demográfica, que terá consequências para o mundo, ainda neste século. Inclusive, poderá conduzir a uma crescente agitação social. Pequim será capaz de conter uma população cada vez mais descontente? Ou, irá desviar a atenção, talvez tentando invadir Taiwan? A verdade é que a paz mundial pode ser ameaçada, não pela ascensão da China, mas pela queda da China.

 

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