Três casos estouram nos últimos dias e apontam suspeita de superfaturamento dentro da gestão do prefeito Allyson Bezerra. Mesmo com o controle da mídia, o prefeito não tem conseguido evitar a repercussão. Os casos foram noticiados pela imprensa livre
Por César Santos – Jornal de Fato
O prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) sempre apostou na benevolência de grande parte dos veículos de imprensa de Mossoró, e nas redes sociais, para construir uma imagem de bom gestor inatingível. De certa forma, conseguiu êxito ao longo de três anos. Controlando quase a totalidade dos veículos tradicionais e com um batalhão de blogueiros remunerados, a sua imagem passou ilesa durante esse tempo e, praticamente, não enfrentou crise de identidade.
Paralelamente, supostos casos de corrupção não tiveram a devida atenção porque foram abafados pelo poderio midiático e, por gravidade, não tiveram força para provocar os órgãos responsáveis pela fiscalização e controle da coisa pública.
No entanto, o poder do chefe do Palácio da Resistência não foi suficiente para calar a sociedade, que agora se mostra disposta a reagir. Nos últimos 30 dias, escândalos que estavam escondidos vieram à tona e passaram a desafiar a imagem de gestor humildade e de mãos limpas. Coube à imprensa livre descortinar uma realidade e despertar as instituições responsáveis pelo zelo do bem público.
Três escândalos subiram as escadarias da sede da Prefeitura de Mossoró:
1 – Denúncia de superfaturamento do projeto “Estação Natal”;
No primeiro caso, que partiu de denúncia formulada pelo vereador Paulo Igo, em entrevista ao Jornal de Fato, o Ministério Público Estadual (MPRN), por meio da 19ª Promotoria do Patrimônio Público, instaurou inquérito para investigar a gestão Allyson. A denúncia envolve suposto superfaturamento do projeto, tendo como provas itens com valores fora da realidade. Vasos (jardineiras) que custam entre R$ 24 a R$ 26 a unidade, a Prefeitura pagou R$ 790 pela unidade.
No segundo caso, o prefeito Allyson manteve Kadson Eduardo no cargo de secretário do Planejamento, Orçamento e Gestão, mesmo depois de o auxiliar ter sido condenado à prisão por crime de falsificação de documentos públicos, com trânsito em julgado em janeiro de 2023. Allyson só exonerou Kadson, visto como o seu “braço direito”, no dia 19 de abril de 2024.
O terceiro escândalo estourou nesta semana, quando vazou áudio com a voz de um auxiliar do prefeito supostamente negociando superfaturamento na Secretaria de Cultura. Trata-se de Francisco Thiago Bento da Silva, que vinha ocupando o cargo de diretor administrativo do Departamento de Gestão Cultural. Em um dos trechos do áudio ele diz: “Se os valores cobrados fossem 20 ou 25 mil, colocamos 50 mil.” Após a imprensa livre noticiar o fato, o prefeito decidiu exonerar o seu homem de confiança na Cultura.
Os três casos são gravíssimos e exigem explicações, no mínimo, convincentes, mas, até agora, Allyson Bezerra não apresentou declarações sobres os fatos. A estratégia do Palácio é usar a forte estrutura paga em veículos tradicionais e o apoio de blogueiros remunerados para tentar desviar as atenções da população mossoroense.
A estratégia, porém, ainda não vingou, isso porque a oposição tem ocupado espaços e, de forma mais clara, afirmado que os escândalos estão sendo levados para a investigação dos órgãos de controle do bem público.
Além disso, a oposição recebeu novos documentos, vazados de dentro das secretarias municipais, que mostram outros casos graves e que, provavelmente, serão revelados nos dias próximos. A fase do chefe do Palácio, que hoje não é boa, deve piorar.
Problemas nos bairros e na saúde pública pressionam prefeito
Além dos escândalos que pipocam na gestão municipal, o prefeito Allyson Bezerra também está sendo confrontado aos problemas acumulados na cidade de Mossoró, principalmente nas áreas de saúde e de infraestrutura nos bairros da periferia.
Nesta semana, veio a público a decisão do Conselho Regional de Odontologia (CRO-RN) de interditar quatro consultórios de Unidades Básicas de Saúde (UBS), por falta de condições mínimas para funcionamento. O CRO apontou equipamentos quebrados, pisos rachados, paredes com mofo, entre outras mazelas.
Somam-se aí as reclamações das UPAs sucateadas e UBSs com falta de medicamentos, materiais e profissionais.
Nos bairros, a infraestrutura está bastante avariada. O Jornal de Fato mostrou a situação do conjunto Vingt Rosado, onde a praça de esportes e lazer está destruída. Populares têm gravado vídeos denunciando o descaso, com repercussão nas redes sociais.
No feriado do Dia do Trabalhador, 1º de maio, moradores dos conjuntos Isla Verde, Arizona e Jardins realizaram um protesto e reivindicaram melhorias para as comunidades. Segundo os moradores, os loteamentos enfrentam grandes problemas com buracos, falta de água, quedas constantes de energia e insegurança devido à falta de iluminação. O problema se agravou devido ao período chuvoso, no qual várias ruas ficaram sem condições de tráfego de veículos.
As reclamações se multiplicam nos bairros, sem que a gestão municipal tenha mostrado capacidade de resolver os problemas que afetam a população mossoroense.
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