Os governistas não se limitaram a rejeitar o pedido de criação da CEI. Eles também se ausentaram do plenário para impedir o debate sobre o escândalo que atinge a gestão Allyson, que vem sendo amplamente noticiado por veículos de imprensa do estado
Da Redação do Jornal de Fato
A bancada governista na Câmara Municipal de Mossoró impediu a criação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar denúncia de pagamento de propina que envolve o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil), secretários municipais e empresas. O requerimento da vereadora de oposição Plúvia Oliveira (PT) foi rejeitado pelos 16 vereadores governistas no plenário da Casa nesta quarta-feira, 28.
Chamou a atenção que, além dos situacionistas, um vereador da bancada de oposição se colocou contra a instauração da CEI. Mazinho do Saci (PL) seguiu a vontade do prefeito Allyson. Dessa forma, apenas o pedido de investigação se limitou a quatro vereadores: Dr. Cubano (PSDB), Jailson Nogueira (PL), Marleide Cunha (PT) e Plúvia, autora da propositura.
Os governistas não se limitaram a rejeitar o pedido de criação da CEI. Eles também se ausentaram do plenário para impedir o debate sobre o escândalo que atinge a gestão Allyson, que vem sendo amplamente noticiado por veículos de imprensa e repercutido nas redes sociais.
“Se nós estamos diante do que pode ser o maior escândalo da história de Mossoró, temos a obrigação de investigar. É um absurdo que os vereadores situacionistas, além de não apoiar a CEI, recusem-se a debater o caso”, reagiu a vereadora Plúvia. Ela quando foi usar a palavra para justificar o pedido da CEI e colocar o rumoroso caso em debate, os vereadores governistas saíram do plenário para forçar o encerramento da sessão.
“Eles fizeram de conta que não está acontecendo nada. Essa é uma postura vergonhosa e desrespeitosa com a cidade de Mossoró”, criticou a vereadora, para afirmar que não vai deixar o assunto cair no esquecimento. “Nós vamos seguir o debate, as denúncias são muito graves, não podemos deixar passar”, afirmou.
A denúncia
O objetivo da CEI era investigar possíveis irregularidades em processos licitatórios e na execução de obras públicas no período de 2021 a 2025, incluindo indícios de superfaturamento e cobrança de propinas.
A “CEI dos 4%”, como foi batizada pela oposição, faz referência à acusação de que haveria a cobrança direta de 4% de propina para o prefeito sobre contratos firmados pela Prefeitura de Mossoró com empresas prestadoras de serviços de engenharia e construção.
A vereadora Plúvia destaca a importância de exercer o papel fiscalizador do Poder Legislativo diante de uma situação que vem sendo amplamente divulgada na imprensa local, com áudios, documentos e nomes de empresários, servidores públicos e secretários municipais mencionados como envolvidos no suposto esquema.
O pedido da CEI foi sustentado na série de reportagens iniciada pelo jornalista Bruno Barreto, repercutida por outros veículos de comunicação do Rio Grande do Norte, que apresentou forte indícios de prática de corrupção envolvendo o prefeito Allyson Bezerra.
Além disso, a Procuradoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do RN autorizou o Ministério Público Estadual (MPRN) a abrir um procedimento investigatório criminal contra o prefeito Allyson.
Entre os casos que motivam o pedido de investigação está a suspeita de superfaturamento na reforma da Praça do Basquete, no bairro Santa Delmira. A obra orçada em R$ 1,37 milhão de reais deveria ter sido entregue em 2021, mas a entrega foi adiada pelo menos 4 vezes e só foi concluída dois anos depois, em 2023.
“A cidade está diante de fatos gravíssimos. Se a Câmara de Mossoró, que tem o dever de investigar, omitir-se, perderá sua credibilidade perante a sociedade mossoroense. Precisamos dar uma resposta à população e investigar. Se tem irregularidade ou não, só a investigação vai mostrar. Quem não deve não teme”, declarou Plúvia.
Caso é levado ao plenário da Assembleia Legislativa do RN
O escândalo de suposta propina em obras públicas que envolve o prefeito Allyson Bezerra chegou ao plenário da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte. Em pronunciamento, a deputada Isolda Dantas (PT) repercutiu o caso e, ao mesmo tempo, reforçou o pedido de investigação.
A parlamentar destacou as denúncias que têm sido repercutidas pela imprensa, que “apontam para suspeitas de irregularidades entre 2021 e 2024, incluindo superfaturamento em reformas de praças, cobrança de propina de empresários e burlas a licitações por meio de subcontratações sem rigor legal.”
Isolda mencionou áudios e vídeos de empresários que teriam gravado o gestor “cobrando propina”. A deputada frisou a gravidade da situação e a necessidade de investigação tanto pela Câmara Municipal, que “não pode se furtar a investigar”, quanto pelo Ministério Público, que já foi autorizado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte para investigar o caso.
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